Tutorial do Ubuntu, parte 1

Tutorial do Ubuntu, parte 1

O Ubuntu é provavelmente a distribuição Linux mais usada atualmente. Ele é desenvolvido pela Ubuntu Foundation, uma organização sem fins lucrativos, que por sua vez é patrocinada pela Canonical Inc., que ganha dinheiro vendendo suporte, treinamentos e customizações do Ubuntu. Esta combinação de ONG e empresa tem dado muito certo, combinando os esforços de um sem número de voluntários e um grupo de desenvolvedores bem pagos que trabalham em tempo integral no desenvolvimento do sistema.

Ao invés do tradicional 1.0, 2.0, 3.0, etc., o Ubuntu usa um sistema de numeração das versões bastante incomum. Os releases são numerados com base no mês e ano em que são lançados e recebem um codenome. A primeira versão oficial foi Ubuntu 4.10 (lançado em outubro de 2004), apelidado de “Warty Warthog”, seguido pelo 5.04 (lançado em abril de 2005), apelidado de “Hoary Hedgehog” e pelo 5.10 (outubro de 2005), batizado de “Breezy Badger”.

Os próximos foram o 6.06 (Dapper Drake), 6.10 (Edgy Eft), 7.04 (Feisty Fawn), 7.10 (Gutsy Gibbon), 8.04 (Hardy Heron), o 8.10 (Intrepid Ibex) e o 9.04 (Jaunty Jackalope).

As versões regulares do Ubuntu recebem atualizações e correções durante um período de 18 meses, de forma que você acaba sendo obrigado a atualizar o sistema a cada três versões. Como uma opção para quem quer mais estabilidade e a opção de manter o sistema por mais tempo, existem as versões LTS (long term support), que recebem atualizações por um período de 3 anos (5 anos no caso dos servidores). Elas são as versões recomendáveis para estações de trabalho e para uso em empresas.

As versões LTS são montadas dentro de um controle de qualidade mais estrito e passam por um período de testes mais longo, resultando em versões mais estáveis. A primeira versão LTS foi o 6.06 (que receberá atualizações até junho de 2009), seguido pelo 8.04 (atualizações até abril de 2011). Se os planos não mudarem, a próxima versão LTS será o 10.04, planejado para abril de 2010.

O Ubuntu não é a distribuição mais estável, nem a mais fácil de usar, mas a grande disponibilidade dos CDs de instalação e toda a estrutura de suporte criada em torno da distribuição acabaram fazendo com que ele se tornasse uma espécie de “default”, uma escolha segura que a maioria acaba testando antes de experimentar outra distribuições. Isso faz com que ele seja a distribuição com mais potencial para crescer além da base atual.

Nas primeiras versões, o Ubuntu usava uma versão levemente modificada do instalador do Debian Sarge, um instalador bastante simples, em modo texto. Isso afastava muitos usuários, já que o instalador não era particularmente amigável. O instalador em modo texto continua disponível através do “alternate CD”, mas a versão live-CD tomou a frente e passou a ser o modo recomendado de instalação.

Durante o boot a partir do CD, a primeira pergunta é sobre a linguagem. A equipe do Ubuntu dá uma grande ênfase aos pacotes de tradução e uma boa amostra disso é que ao escolher a linguagem todas as mensagens da tela de boot aparecem traduzidas, incluindo os textos de ajuda. Estão disponíveis inclusive um conjunto de opções de acessibilidade, incluindo suporte a terminais braile e também o modo “leitor de tela”, destinado a deficientes visuais, onde um sintetizador de voz fala todos os passos da instalação (veja detalhes no http://www.linuxacessivel.org).

Ao contrário do Mandriva, OpenSUSE e do Slackware, o Ubuntu não oferece uma opção para selecionar os pacotes que serão instalados. O CD simplesmente contém um sistema base, com os programas mais usados, que é instalado diretamente. Isso reduz a flexibilidade, mas em compensação simplifica bastante a instalação do sistema e permite que ele seja composto de apenas um CD, em vez de vários.

Além da versão em CD, está disponível também uma versão em DVD (procure pelo link “DVD images containing additional languages” no final da página de download), que inclui todos os pacotes de internacionalização, evitando que você precise ter uma conexão disponível no final da instalação para baixá-los. Nem todos os mirrors disponibilizam a imagem do DVD (já que ela consome mais espaço e muito mais banda), por isso às vezes é preciso procurar um pouco até encontrar. Ele é recomendável se você precisa instalar o sistema em vários micros, ou se não tem uma conexão rápida disponível.

O default do sistema é simplesmente inicializar em modo live-CD, detectando o hardware da máquina, configurando a rede via DHCP (ao usar uma rede cabeada) e obtendo a resolução do monitor via DDC. Não existem opções para especificar a resolução do monitor manualmente (o lado ruim), mas um assistente é aberto no final do boot em casos em que o monitor não é detectado (o lado bom), permitindo que você especifique as configurações manualmente e prossiga com a abertura do ambiente gráfico.

A rede pode ser configurada utilizando o applet do NetworkManager, disponível ao lado do relógio. Ele permite configurar redes wireless de maneira bastante simples, logo depois de concluído o boot do live-CD. É possível também desativar a configuração via DHCP durante a inicialização usando a opção “netcfg/disable_dhcp=true” na tela de boot.

Com relação ao vídeo, hoje em dia, é muito raro que o sistema não detecte corretamente a resolução do monitor, exceto em casos em que ele realmente não possui um driver disponível, como no caso dos notebooks com placas SiS Mirage 3, onde é preciso que você instale um driver manualmente (veja a dica no https://www.hardware.com.br/dicas/sis-mirage3-linux.html). É bem diferente do que tínhamos há alguns anos atrás, onde muitas vezes era necessário especificar manualmente o driver de vídeo ou a taxa de atualização do monitor.

Pressionando a tecla F6 na tela de boot você tem acesso à linha de opções para o Kernel, onde pode especificar as opções para solucionar problemas (irqpoll, acpi=off, etc.), caso necessário. Se, por acaso, o boot estiver parando em algum ponto e você quiser ver as mensagens de inicialização para tentar descobrir o que está acontecendo, remova as opções “quiet” e “splash” no final da linha:

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O Ubuntu é uma distribuição relativamente pesada, que carrega um grande volume de componentes durante o boot, consumido um pouco mais de 200 MB de memória RAM para o sistema e mais uma certa quantidade para o ramdisk, usado para armazenar as alterações feitas durante o uso, assim como em outros live-CDs. Conforme você instala programas e faz alterações, o ramdisk cresce, até o ponto em que toda a memória e ocupada e o sistema passa a exibir uma mensagem de “disco cheio”.

Esse sistema visa permitir que você instale pacotes via apt-get e tenha liberdade para brincar com o sistema antes de instalar (uma vez que tudo é perdido ao reiniciar). Embora a conta de root venha desativada por default, você pode rodar programas como root usando o sudo. Para se logar como root no terminal, basta usar o “sudo su” ou “sudo bash”.

Como você vai logo perceber, o Ubuntu fica muito mais lento ao rodar a partir do CD, devido à combinação da baixa taxa de transferência do drive óptico, do trabalho de descompactação dos dados feito pelo processador e pelo uso do ramdisk, que reduz a quantidade de memória RAM disponível para outros usos.

Ao instalá-lo no HD, o instalador desativa estes componentes adicionais, fazendo com que ele passe a se comportar como uma distribuição tradicional, salvando todos os dados no HD.

Uma dica é que em vez de fazer um boot normal, esperando o carregamento do Gnome para só então abrir o instalador, você pode usar a opção “Instalar o Ubuntu” na tela de boot, que faz com que ele abra uma versão pelada do X e rode o instalador diretamente. Em máquinas antigas, isso pode representar uma economia de vários minutos.

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