Adicionando um servidor DHCP

Complementando o compartilhamento da conexão, você pode configurar também um servidor DHCP, especificando a configuração que deve ser fornecida aos PCs da rede. É importante enfatizar que você deve manter apenas um servidor DHCP ativo na rede, de forma que se você já está usando o servidor DHCP do modem ou do roteador wireless, você deve primeiro desativá-lo, antes de ativar o DHCP no servidor.

Com dois servidores DHCP na rede, ambos irão responder às requisições e as máquinas vão simplesmente usar a configuração que receberem primeiro. Mesmo que ambos os servidores DHCP estejam configurados para fornecer a configuração correta, você poderá ter problemas com máquinas recebendo endereços repetidos (um servidor DHCP não tem como saber quais foram os endereços fornecidos pelo outro) e assim por diante. Confie em mim, manter um único servidor DHCP ativo vai tornar sua vida bem mais simples. 🙂

Para instalar o servidor DHCP, instale o pacote “dhcp3-server” usando o gerenciador de pacotes, como em:

# apt-get install dhcp3-server

No Fedora o pacote se chama “dhcp” e no Mandriva se chama “dhcpd”. Você pode instalá-lo usando (respectivamente) os comandos:

# yum install dhcp
# urpmi dhcpd

Nas distribuições derivadas do Debian o arquivo de configuração é o “/etc/dhcp3/dhcpd.conf” e no Fedora e Mandriva é o “/etc/dhcpd.conf“. Apesar disso, em ambos os casos a configuração é a mesma.

Você pode usar o modelo de configuração abaixo. Assim como no caso do Squid, as opções em negrito são as que você deve alterar de acordo com a configuração da sua rede:

# dhcpd.conf
ddns-update-style none;
default-lease-time 600;
max-lease-time 7200;
authoritative;
subnet 192.168.1.0 netmask 255.255.255.0 {
range 192.168.1.100 192.168.1.250;
option routers 192.168.1.1;
option domain-name-servers 208.67.222.222,208.67.220.220;
option broadcast-address 192.168.1.255;
}

A opção “default-lease-time” controla o tempo de renovação dos endereços IP. O servidor DHCP checa periodicamente se a estação ainda está ativa e, ao perceber que ela foi desligada ou desconectada da rede, libera o endereço para uso de outro micro, evitando que os endereços disponíveis se esgotem. O “default-lease-time” indica o intervalo entre as checagens e o “max-lease-time” determina o tempo máximo antes de liberar o endereço. Em condições normais, essas duas opções não são muito importantes. O que interessa mesmo é o bloco que vai abaixo, onde ficam as configurações da rede.

A opção “range” determina a faixa de endereços IP que será usada pelo servidor. No exemplo, configurei o DHCP para fornecer os endereços de 192.168.1.100 a 192.168.1.250, de forma a ficar com os demais endereços livres para o uso em estações com IP fixo, mas você poderia reservar toda a faixa de endereços da rede para o DHCP (deixando de fora apenas o endereço do gateway), como em “range 192.168.1.2 192.168.1.254;”.

Na “option routers” vai o endereço do default gateway da rede, ou seja, o endereço do servidor que está compartilhando a conexão, enquanto a opção “option domain-name-servers” contém os dois servidores DNS que serão usados pelas estações, separados por vírgula.

O endereço de broadcast é sempre o último endereço da rede, como em “192.168.1.255” ou “10.255.255.255”. Ele simplesmente acompanha a faixa de endereços e a máscara utilizada.

Depois de terminada a configuração, reinicie o servidor DHCP para que ela entre em vigor:

# /etc/init.d/dhcp3-server restart


(no Debian e derivados) ou:

# service dhcp restart

(no Fedora e Mandriva)

Ao configurar um servidor com duas placas de rede no Ubuntu ou outra distribuição derivada do Debian, abra o arquivo “/etc/default/dhcp3-server” e indique qual é a placa da rede local, como em:

INTERFACES=”eth0″

Isso faz com que o servidor forneça endereços apenas para micros ligados à interface indicada e não mais em qualquer uma das interfaces. Isso evita que ele responda a conexões provenientes da Internet.

Se você quiser também que o servidor atue como um servidor DNS, instale também o pacote “bind“, como em:

# apt-get install bind

Ao contrário do DHCP, ele não precisa de configuração, pois vem de fábrica configurado para trabalhar como um servidor DNS de cache, que simplesmente repassa as requisições para um dos 13 root servers da Internet e faz um cache das respostas.

Como vimos no capítulo 2, um servidor DNS local será geralmente mais lento, mas é interessante ter um para testar problemas de conectividade. Afinal, se você consegue navegar usando seu DNS local, mas não navega usando o DNS do provedor, significa que a conexão está funcionando e o problema é apenas no DNS.

» Leia mais sobre a configuração de Servidores Linux


Leia também:


Servidor de arquivos para a rede local, fácil
Como vimos no tutorial sobre configuração de redes Windows, compartilhar arquivos no Windows XP é bastante simples. Vamos ver agora como fazer o mesmo usando um pequeno servidor Linux, rodando o Samba. O objetivo do servidor é compartilhar arquivos e impressoras com a rede local de uma forma simples, funcionando como uma espécie de NAS. Ao contrário dos tutoriais anteriores, onde entro em detalhes sobre a configuração, este artigo é uma receitá “rápida e prática”, que ensina a configurar o servidor da forma mais rápida e simples possível.

SSH na prática, para iniciantes
Este é um tutorial básico e prático sobre o SSH, que ensina como acessar máquinas Linux remotamente, rodar aplicativos gráficos e solucionar problemas. Ele inclui também detalhes de como usar o SSH no Windows, inclusive usando-o para rodar aplicativos gráficos.

Sobre o Autor

Redes Sociais:

Deixe seu comentário

X