Problemas e limitações

Depois de dar uma última checada em todas as configurações e ter certeza que estão todas devidamente salvas, faça um reset forçado do repetidor, desconectando a energia e conectando novamente. Isso força ele a se associar ao AP principal. De outra forma, ele pode demorar horas para se conectar (esperando até o tempo máximo de validade da chave) ou simplesmente não se conectar nunca, deixando você coçando a cabeça sem saber o que houve. Apesar de pouco ortodoxo no mundo Linux, o reset forçado é a forma mais simples de assegurar a conexão inicial.

Depois do reset, você pode checar se a associação foi mesmo realizada verificando se o endereço MAC do ponto de acesso aparece na seção “Status > Wireless > Wireless Nodes”, que deve reportar a qualidade do sinal, bem como indicar a presença de algum eventual cliente apressado já conectado ao repetidor:

Cheque as conexões disponíveis a partir de um dos clientes próximos e você verá o repetidor, que deverá aparecer com um sinal bem mais saudável que o do AP principal:

Como pode ver, a configuração do repetidor é relativamente simples. Em geral, as dificuldades surgem por bugs ou por incompatibilidades inesperadas entre os dois aparelhos. Em teoria, o DD-WRT deve funcionar em conjunto com aparelhos de qualquer fabricante, mas todos sabemos que no mundo real as coisas nem sempre são como deveriam, especialmente no ramo dos roteadores de consumo. Aqui, por exemplo, tenho um Linksys WAG200G, que mesmo com o firmware mais atual só funciona em conjunto com repetidores DD-WRT caso a encriptação esteja desativada. Seja com o WPA, WPA2 ou WEP, o repetidor conecta, mas não consegue transmitir dados.

Para isolar este tipo de problema, comece tentando fazer a ligação com os dois aparelhos configurados em modo aberto, sem encriptação. Se ela funcionar, tente fazer o mesmo usando o WEP e por último usando o WPA. Se ela funcionar com o WEP mas não com o WPA, ou se ela não funcionar sequer no modo aberto, você já sabe onde está o problema. Caso você esteja usando o controle de acesso baseado no endereço MAC como sistema secundário de segurança, não se esqueça de adicionar o endereço MAC do repetidor na lista de acesso.

Resolvido o problema da conexão, temos a questão da velocidade de acesso. Via de regra, o uso do repetidor reduz pela metade a banda disponibilizada ao cliente, já que o repetidor possui apenas um rádio e precisa alternar entre a comunicação com o ponto de acesso e os clientes, ouvindo em uma ponta e repetindo na outra.

Em uma rede 802.11g, por exemplo, você obtém no máximo entre 10 e 12 megabits de transmissão efetiva, contra os 24 megabits ou mais que obteria ao se conectar diretamente ao ponto de acesso. O mesmo se aplica às redes 802.11n, onde a taxa é igualmente dividida pela metade. Naturalmente, é melhor ter uma conexão mais lenta do que ter uma conexão instável ou não ter conexão alguma, mas de uma forma geral os repetidores devem ser vistos como uma última opção.

Como nas redes Wi-Fi o espectro é compartilhado entre todos os clientes, você pode rapidamente chegar a uma situação em que a rede se torna um gargalo, não apenas para transferência de arquivos e outras operações de rede, mas para o próprio acesso à Internet, considerando que já existem várias opções de acesso a 8 megabits ou mais. A solução para conectar clientes remotos sem perder desempenho seria configurar o DD-WRT como bridge, como veremos no tópico seguinte.

Para melhores resultados, o repetidor deve ser instalado no meio do caminho entre o AP principal e os clientes, para que ele mantenha uma boa conexão com ambos. Colocar o repetidor perto dos clientes não resolverá o problema, pois os clientes terão uma boa conexão com o repetidor, mas a rede continuará lenta, pois a conexão dele com o AP principal ficará comprometida.

Continuando, é possível adicionar mais repetidores, conectando cada um ao AP principal, o que pode ser usado para cobrir uma área circular em torno dele:

O grande problema em fazer isso é que você acentua ainda mais o problema do compartilhamento do espectro, fazendo com que os repetidores (que estarão todos operando no mesmo canal) concorram entre si. Outro problema é que ao aumentar o número de clientes conectados, você pode exceder o número de conexões simultâneas suportadas pelo AP principal, o que pode acentuar ainda mais o problema da lentidão.

Em vez de ligar múltiplos repetidores ao AP principal, seria mais interessante buscar uma forma de fazer a interligação via cabo, seja usando cabos ethernet, seja usando adaptadores powerline (como veremos na segunda parte), que permitem utilizar as próprias tomadas de luz. Conectando todos os APs via cabo, você pode configurá-los para trabalharem em canais distintos, eliminando o problema.

Uma última observação em relação ao uso de repetidores (e bridges) com o DD-WRT é que regras de firewall e outras funções baseadas nos endereços MAC dos clientes deixarão de funcionar, já que o repetidor “mascara” os endereços MAC ao fazer as retransmissões. Clientes do outro lado da rede receberão os frames sempre contendo o próprio repetidor e não dos clientes do outro lado. A preservação dos endereços MAC é suportada apenas ao usar o WDS, que veremos na segunda parte do tutorial.

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