O degrau seguinte

O sucessor direto foi o Motorola Milestone 2, que oferece especificações muito similares à primeira versão versão, mantendo a mesma câmera de 5 MP e a mesma tela. As melhorias (além de detalhes secundários, como o novo layout do teclado) se limitam ao uso de uma versão de 45 nm do processador (operando a 1.0 GHz em vez de 550 MHz), o uso de 512 MB de RAM e a inclusão de 8 GB de memória interna, complementados pelo cartão.

Com tão poucas mudanças no hardware, as principais melhorias introduzidas pelo Milestone 2 residiram não no aparelho propriamente dito, mas no upgrade do Android Éclair (2.1) para o Froyo (2.2), que introduziu muitas melhorias. Este é um dos motivos da Motorola ter atrasado a atualização do Froyo para o Milestone original, temendo que a atualização prejudicasse as vendas do Milestone 2. Infelizmente, esta é uma prática que se tornou norma entre os fabricantes, que passaram a atrasar os mesmo descontinuar as atualizações do sistema para os modelos antigos, com o objetivo de impulsionarem as vendas dos novos modelos.

Isso levou ao surgimento de inúmeros projetos de ROMs alternativas, como o CyanogenMod (http://www.cyanogenmod.com/) que oferece a possibilidade de rodar versões atualizadas do Android mesmo em aparelhos antigos, cujo suporte já foi abandonado pelos fabricantes. Outro ponto positivo é o nível mínimo de personalizações impostas pelos desenvolvedores, que se dedicam a oferecer uma versão “pura” do sistema, sem as extensivas mudanças implementadas pelos fabricantes. Para instalar ROMs alternativas, é preciso primeiro obter acesso de root, o que torna necessário usar exploits diversos, que variam de aparelho para aparelho, bipassando tanto as travas do sistema, quanto de eventuais ROMs de boot encriptadas implantadas pelos fabricantes. É por isso que o processo nem sempre é tão simples quanto poderia. Um dos melhores locais para se informar sobre as ferramentas de root disponíveis para o seu aparelho é o fórum do XDA-Developers: http://www.xda-developers.com/.

No caso do Milestone, por exemplo, é possível overclocar o processador para até 1.2 GHz, chegando perto do desempenho do Milestone 2 sem gastar nada (embora com uma grande redução na autonomia da bateria), bem como rodar o Gingerbread (2.3). Naturalmente, não é possível fazer nada em relação aos 256 MB de memória, ao teclado ou aos demais fatores estéticos, mas estas duas mudanças acompanhadas de outros tweaks são mais do que suficientes para dar um novo folego ao Milestone, fazendo com que o aparelho obtenha uma sobrevida inesperada.

Continuando com a linha do tempo, temos o Galaxy S I9000, que acabou se tornando o aparelho mais icônico da safra de 2010, a ponto de o Google aproveitar o projeto no Nexus S, que com exceção de algumas pequenas alterações (como a inclusão da tela curvada e a remoção do suporte a cartões microSD) compartilha do mesmo projeto do I9000.

Ele é baseado no Samsung Hummingbird, um SoC de 45 nm, baseado em uma versão modificada do Cortex A8, que é capaz de executar muitas das operações binárias mais usadas com o uso de menos instruções, resultando em ganhos de 5 a 10% em relação ao A8 original, superando o desempenho da maioria dos outros SoCs single-core da mesma geração por uma pequena margem, clock por clock na maioria das tarefas.

Ele também inclui uma GPU bastante poderosa para a época, a PowerVR 540, que além de um forte desempenho 3D, suporta decodificação via hardware para a maioria dos formatos de vídeo, suportando até mesmo vídeos 1080p (que pode ser aproveitada ao usar a porta HDMI em dispositivos que a oferecem). Hoje em dia, decodificação 1080p via hardware é um recurso comum, disponível até mesmo em muitos tablets baratos made-in-china, mas na época foi uma grande evolução, já que mesmo os PCs low-end tinham dificuldade em exibir os arquivos.

Uma peculiaridade do I9000 é que ele oferece uma saída de vídeo analógica 720p através do conector de áudio, utilizável através de um cabo RCA Composite com um conector de 3.5mm de um lado e as saídas RCA do outro. A versão vendida no Brasil, o I9000b oferece um receptor de TV digital (1-Sec) compatível com o padrão nacional, com uma pequena antena disponível ao lado do conector do fone de 3.5mm, dois recursos que também não estão disponíveis no Nexus S.

O Galaxy S foi também um dos primeiros aparelhos a trazerem o uso de uma tela AMOLED, substituindo o bom e velho LCD IPS que era norma até então. Em uma tela AMOLED, cada componente de um pixel é na verdade um minúsculo LED obtido através da deposição de um composto orgânico capaz de emitir luz. Por emitirem luz, em vez de bloquearem seletivamente a luz do backlight como fazem os LCDs, as telas AMOLED oferecem uma reprodução de cores muito mais fiél e níveis muito mais altos de contraste, com o preto realmente sendo perfeitamente preto. 

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