A evolução dos smartphones – parte 1

A evolução dos smartphones – parte 1

 

Embora alguns ainda considerem os PCs e os Macs como as únicas arquiteturas de computadores pessoais, considerando todas as outras classes de dispositivos como meros acessórios, a opinião predominante é que tanto os tablets quanto os smartphones também podem ser considerados computadores por seu próprio mérito. Quanto adotamos essa nomenclatura, chegamos logo à conclusão de que, coletivamente, os smartphones e tablets já são a classe de computadores mais comuns hoje em dia, superando as vendas combinadas de PCs e notebooks. Mesmo em relação à configuração de hardware, as diferenças estão sendo reduzidas a cada geração, com os smartphones e tablets trazendo processadores dual-core ou quad-core com clocks acima de 1.0 GHz, 1 GB ou mais de memória RAM, unidades de armazenamento de estado sólido, telas de 800×480, 1280×720, ou mesmo 2048×1536 no caso do iPad 3.

Um bom exemplo é o Samsung Galaxy S III, que oferece 1 GB de RAM, tela de 1280×720 e até 96 GB de armazenamento de estado sólido (até 64 GB integrados e mais 32 GB no cartão), especificações que lembram muito as de um notebook low-end. Ele é baseado no Exynos 4 Quad, um SoC que oferece 4 núcleos Cortex A9 operando a 1.4 GHz e uma GPU Mali400MP4, com um poder de processamento que é, novamente, competitivo em relação a muitos processadores móveis para PCs.

Diferente de SoCs móveis antigos, que estavam sempre duas ou três gerações atrasados em relação à técnica de fabricação, o Exynos 4 é produzido em uma técnica de 32nm com HK+MG, bem similar à técnica usada pela Intel na produção do Sandy Bridge.

As principais diferenças por enquanto é que os PCs continuam sendo baseados na plataforma x86, rodando Windows ou distribuições Linux desktop, enquanto os smartphones e tablets usam processadores ARM e rodam sistemas móveis como o iOS e o Android. Outro fator é que os PCs são usados predominantemente para a produção de conteúdo e atividades profissionais, enquanto os smartphones e tablets são usados predominantemente para comunicação e consumo de mídia.

Entretanto, mesmo essas diferenças fundamentais estão caindo por terra com a entrada do Atom Medfield e sucessores, que estão levando o x86 aos tablets e smartphones, a introdução do Windows 8 e dos aplicativos Metro, que permitem que as duas classes rodem os mesmos aplicativos e a introdução do Ubuntu for Android e dos tablets com teclado como o Asus Transformer, que novamente invadem o território dos PCs, possibilitando usar estes dispositivos também para a produção de conteúdo. A partir de 2013 teremos também a entrada de muitos notebooks com telas touch-screen e designs conversíveis (ou com teclados destacáveis) que também invadirão o território dos tablets. Em outras palavras, a linha divisória tende a se tornar cada vez mais tênue com o tempo.

Já que eles vieram para ficar, vamos aproveitar para falar um pouco sobre a evolução dos smartphones e tablets, bem como sobre os processadores ARM, que com sua arquitetura de baixo consumo permitiram que essa revolução acontecesse.

A história dos smartphones pode ser traçada até a década de 70, quando o surgimento dos primeiros microchips possibilitou o surgimento dos organizadores pessoais de bolso, como as agendas eletrônicas. No início eles eram dispositivos muito simples, que permitiam apenas armazenar números de telefone e fazer anotações curtas, mas com o tempo eles foram ganhando mais funções. Eventualmente surgiram os PDAs, como o Palm Pilot e o Psion, bem como os aparelhos com o Windows CE, que além de trazerem mais recursos e poder de processamento, rodavam sistemas operacionais completos e permitiam a instalação e o desenvolvimento de aplicativos, o que permitia classificá-los como computadores e bolso. Com a ajuda de um modem discado, era possível até mesmo conectá-los na Internet, baixar e-mails e navegar, embora na grande maioria dos casos eles fossem usados offline, para tarefas diversas, agenda e edição de documentos, geralmente sincronizados via cabo com aplicativos no PC.

Com a popularização da Internet e das diferentes modalidades de acesso móvel, os PDAs saíram de moda, pois os celulares passaram a oferecer muitas das funções de agenda e gerenciamento pessoal que eles ofereciam e as maioria das tarefas além disso demandavam acesso à web. Tínhamos uma situação em que os PDAs tinham os aplicativos e poder de processamento que os celulares precisavam e os celulares tinham a conectividade que faltava nos PDAs. Não demorou até que os fabricantes percebessem que o ideal seria juntar os dois no mesmo dispositivo, dando origem aos smartphones. 

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