Dominando o Knoppix

Dominando o Knoppix
O Knoppix é o que existe de mais moderno em distribuição Linux que roda a partir do CD-ROM. As vantagens em relação às distribuições tradicionais são óbvias: não é preciso reparticionar o HD, instalar nem configurar o sistema, basta configurar o BIOS para dar boot através do CD-ROM ou criar um disquete de boot e, depois de menos de dois minutos, você já tem em mãos um sistema Linux funcional e pré-configurado.
knoppix
Não importa qual sistema esteja instalado no HD, o Knoppix não altera os dados armazenados. Você pode inclusive rodá-lo em PCs sem HD. Você pode fuçar à vontade sem medo de danificar o sistema, pois bastará um reboot para que ele fique novo em folha.

Graças a toda essa versatilidade o Knoppix é uma grande oportunidade para quem está começando no Linux e não quer arriscar perder os dados do sistema operacional atual, ou mesmo para ser utilizado em treinamentos e cursos já que não é preciso se preocupar com os danos ao sistema que possam ser causados pelos alunos. Basta dar um CD para cada um :-).

O Knoppix é útil também como um sistema de recuperação, para os casos em que o seu sistema principal nem inicializa mais e você precisa recuperar dados ou reparar arquivos de configuração e também como um sistema Linux portátil, que pode ser usado em qualquer PC. Para quê carregar um notebook a tiracolo se você pode levar apenas um CD-ROM?

Mais um recurso interessante é a possibilidade de salvar as preferências e configurações do sistema num disquete, para que você não precise recomeçar do zero a cada reboot e até mesmo instalá-lo definitivamente no HD casa você realmente goste do pacote. Já apresentei o Knoppix numa notícia publicada dia 03/08, desta vez vamos um pouco mais longe, explorando todos os recursos disponíveis no sistema e mostrando o que é possível fazer com ele.

Download

Como sempre, o primeiro passo é baixar o ISO e grava-lo no CD. A página oficial do Knoppix é a http://www.knoppix.net/. A imagem tem quase 700 MB, um CD de 80 minutos lotado :-). Naturalmente ele só pode ser gravado em mídias de 80 minutos, que felizmente são a maioria atualmente, fáceis de encontrar.

Depois de baixar não se esqueça de verificar a integridade do arquivo usando o md5sum. Ele é capaz de detectar qualquer alteração no arquivo, impedindo que você perca tempo gravando um CD que não funcionará.

Você sempre encontrará um arquivo “md5sum” na mesma pasta do arquivo disponibilizado. Este é um arquivo de texto com a impressão digital do arquivo, um número de 32 dígitos como este:

213d0e5615e8b6aeb6ab34de22282ff2 zxyz.iso

à esquerda temos o número de verificação e à direita o nome do arquivo. Tudo o que você precisa fazer é, depois de baixar o arquivo, digitar:

$ md5sum zxyz.iso

… num terminal, naturalmente substituindo o “zxyz.iso” pelo nome correto do arquivo. O sistema verificará o arquivo que você baixou e devolverá outro número. Se os dois números forem iguais, significa que o arquivo chegou intacto. Se por outro lado o número gerado for diferente significa que o arquivo chegou corrompido ou alterado de alguma forma. Neste caso o mais recomendável é baixa-lo novamente em outro mirror.

O md5sum é um comando padrão no Linux e existe também uma versão for Windows (que roda sobre o DOS) que pode ser baixada no http://www.md5summer.org/download.htm.

Os programas de gravação for Linux, como o xcdroast gravam imagens ISO por default, mas se você estiver utilizando um programa for Windows a opção pode estar meio escondida. No Easy CD Creator clique em “File > Select Create CD From Disc Image”, não se esqueça de marcar a opção “Disk at once” no diálogo de gravação. No CDrWin clique em “Extras > Burn an ISO9660 Image File directly to CD”.

Você também pode comprar uma cópia já gravada conosco no https://www.hardware.com.br/press/.

Com o CD em mãos falta apenas configurar a opção “boot sequence” do setup com a opção “CD-ROM,C,A” para dar boot preferencialmente através do CD-ROM:
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A maioria das placas mãe soquete 7 antigas, para Pentium 1 e também algumas placas mãe para Pentium II ou K6-2 não suportam as extensões ElTorito, usadas pelo CD-ROM do Knoppix e outros CDs bootáveis. Isto significa que mesmo que a opção esteja disponível no setup, você não conseguirá dar boot através do CD-ROM.

Nestes casos basta gerar um disquete de boot, gravando o arquivo “boot.img” que está dentro da pasta KNOPPIX do CD-ROM.

No Linux basta usar o comando “dd if=/mnt/cdrom/KNOPPIX/boot.img of=/dev/fd0“. No Windows você pode usar o RawwriteWin, um programa gráfico que também resolve o problema. Você pode baixa-lo aqui: http://www.chrysocome.net/downloads/rawwritewin-0.7.zip.

Como funciona

O Knoppix é baseado no Debian 3.0 e no módulo coop, um hack que permite que o sistema rode a partir de um sistema de arquivos compactado, gravado no CD-ROM, descompactando os arquivos on-the-fly, conforme eles são necessários.

Graças à compressão o CD do Knoppix inclui quase 2 GB de programas, incluindo o pacote OpenOffice completo, Mozilla, KDE 3.0.3, Gnome e um conjunto completo de aplicativos e ferramentas de configuração, como os encontrados em qualquer grande distribuição. É um conjunto respeitável de programas que pode dar uma boa amostra das ferramentas disponíveis no Linux. Falando em ferramentas, o CD inclui também algumas ferramentas de análise de segurança, como por exemplo o Ethereal (Iniciar > Applications > Net > Ethereal) um sniffer, capaz de capturar e analisar todos os pacotes transmitidos de forma não encriptada pela rede. Outro grande utilitário incluído é o Nessus, que simula invasões, apontando vulnerabilidades nas suas máquinas e dando dicas para corrigí-las.

Comprimir os pacotes também melhora a taxa de transferência do CD-ROM, diminuindo a perda de desempenho causado pela relativamente baixa taxa de leitura. A idéia é que um CD-ROM de 40X é capaz de ler a em média 4 MB/s (a velha história de velocidade de rotação constante) mas ao ler 4 MB/s de dados compactados a uma razão de 3x, ele estará lendo na prática a quase 12 MB/s, quase a mesma taxa de transferência de uma HD razoável. Naturalmente ainda existem outros problemas, como o tempo de busca, que é muito mais alto num CD-ROM, mas o problema principal é bastante amenizado.

Em contrapartida o trabalho do processador passa a ser maior, pois além de processar os dados referentes aos programas ele tem que ao mesmo tempo descompactar os dados lidos pelo CD-ROM. Por isso, mais do que em outras distribuições o desempenho do Knoppix aumenta de acordo com o poder de processamento da máquina. Numa máquina lenta, um Pentium II 300 por exemplo o desempenho é cerca de 50% menor do que seria ao rodar uma distribuição instalada no HD, enquanto num Athlon XP ou Pentium 4 a diferença já é muito menor.

A primeira etapa do boot é o carregamento do Lilo, que mostra uma tela de boas vindas e uma linha onde você pode fornecer parâmetros para o boot. Veremos uma lista das possibilidades logo a seguir. É aqui que você pode carregar um disquete de configurações, usar o Gnome ao invés do KDE e assim por diante.
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Logo depois é carregado o Kernel, que por sua vez inicializa o hardware, cria um ramdisk usando uma parte (pequena) da memória RAM onde ficam arquivos de configuração e sistemas de arquivos que não podem ser executados a partir do CD-ROM. Depois disso entra em ação o hwsetup, o programa de detecção que se encarrega de detectar a placa de vídeo, som, rede, modem e outros periféricos suportados.
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Este trabalho de detecção é justamente o grande trunfo no Knoppix. Em poucos segundos é ele capaz de detectar, configurar e ativar todos os periféricos suportados na máquina, sem nenhuma intervenção do usuário. Testei o CD em várias máquinas e em todas ele conseguiu inicializar sem problemas, sempre detectando pelo menos o mouse, placa de som e rede.

Durante o boot ele tenta sempre configurar automaticamente a rede, obtendo o IP e outros dados a partir de um servidor DHCP disponível. Se a máquina acessar a internet através de uma conexão compartilhada através do ICS do Windows, via IP Masquerade (no Linux) ou mesmo através de uma mini-distribuição como o Coyote, ele já será capaz de acessar a Web logo após o boot, sem necessidade de nenhuma configuração.

O Knoppix é quase uma espécie de forma de vida eletrônica que consegue se adaptar sozinho ao ambiente e sobreviver às intempéries, tudo com o objetivo de se “reproduzir” deixando o usuário feliz a ponto de recomendá-lo aos amigos 🙂

Ele é capaz de detectar ainda hardmodems. Infelizmente a lista de compatibilidade não inclui nenhum softmodem, mas você ainda pode tentar instalá-los da maneira usual, baixando os drivers no http://www.linmodems.org. Você pode encontrar mais informações neste tutorial: https://www.hardware.com.br/tutoriais/063/.

Como não é possível fazer memória swap no CD-ROM, o Knoppix é capaz de detectar e montar automaticamente partições de memória swap do Linux e também arquivos de memória swap em partições Windows. A memória swap é importante caso você tenha menos de 128 MB de memória, caso contrário você não conseguirá abrir muitos programas simultâneamente já que tudo estará rodando na memória principal.

Um detalhe interessante que você notará é que o Knoppix não pede login. Ele carrega diretamente o KDE sem fazer absolutamente nenhuma pergunta. Na verdade, o Knoppix não utiliza contas de usuário; todos os logins, incluindo o root são bloqueados por default, fazendo com que apesar de conseguir fazer de tudo localmente, ninguém consiga acessar o seu micro remotamente. Esta estratégia oferece uma boa combinação entre facilidade e segurança que poderia até ser usada em outras distribuições destinadas a iniciantes.

Caso você deseje permitir acesso remoto, seja via SSH, FTP, ou outro serviço qualquer, basta criar uma conta de usuário usando o kuser ou outro utilitário de sua preferência e habilitar o serviço desejado. Em “Iniciar > Knoppix” você encontrará um utilitário para habilitar um servidor SSH.

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