CDMA

O CDMA é o principal concorrente do GSM. Apesar de ser superior em alguns aspectos, o CDMA é um padrão proprietário da Qualcomm, que recebe royalties sobre os equipamentos vendidos, enquanto o GSM é um padrão aberto.

Tecnicamente falando, o CDMA é uma tecnologia usada como base para os padrões cdmaOne e CDMA2000, que são os padrões de telefonia. Para evitar a necessidade de entrar em detalhes desnecessários, ambos são referidos apenas como “CDMA”, que é o termo mais popularmente usado. Se estiver interessado nos detalhes técnicos, consulte o http://www.cdg.org/technology/.

No Brasil, o CDMA acabou sendo adotado apenas pela Vivo, Embratel e Vesper, com todas as demais operadoras optando pelo GSM. A partir de 2007, a Vivo passou a operar uma rede mista, oferecendo tanto cobertura CDMA quanto GSM e, em 2008, migrou sua rede 3G do EVDO para o UMTS, indicando que pretende eliminar, ou pelo menos reduzir os investimentos na rede CDMA.

Migrações similares ocorreram também em outros países, como no caso dos EUA, onde a AT&T e a Cingular já fizeram a migração para o GSM, deixando apenas a Sprint e a Verizon insistindo no CDMA. Outro sintoma digno de nota foi a decisão da Nokia (divulgada em 2006) de parar de produzir aparelhos CDMA, concentrando-se no GSM. É ainda possível encontrar alguns modelos CDMA da Nokia, como o 2105, mas eles são, na verdade, produzidos por outras empresas e apenas revendidos pela Nokia com sua marca.

O padrão CDMA ainda tem uma participação considerável aqui no Brasil, com a rede da Embratel e a rede CDMA da Vivo, que continua ativa. É certo que o uso do padrão irá decair com o tempo, mas isso ainda pode demorar um pouco, de forma que é interessante saber um pouco sobre a tecnologia.

Com relação ao tráfego de dados, que é o que nos interessa, a modalidade mais básica de acesso dentro do CDMA trabalha a 14.4 kbits, o que parece piada perto dos padrões atuais, mas que era aceitável na época em que o sistema começou a ser implementado, já que o CSD (que na época era o concorrente direto) operava a apenas 9.6 kbits.

O padrão seguinte (que acabou sendo o mais usado, sobrevivendo em grande escala até hoje) é o 1xrtt (também chamado de CDMA 2000 1xrtt), que multiplicou por 10 a taxa de transmissão, atingindo 144 kbits. Embora mais rápido que o GPRS, o 1xrtt também é considerado uma modalidade de acesso 2.5G.

Além de ser usado para acesso nos celulares CDMA, o 1xrtt foi usado na primeira versão do Vivo Zap, que inaugurou o uso dos planos de acesso à web usando modems USB. Mesmo com a implantação da rede EVDO da Vivo, o 1xrtt continuou sendo usado como sistema de fallback para áreas onde o EVDO não estava disponível, ou para uso em aparelhos antigos, sem suporte ao novo sistema.

Com a implantação das redes 3G UMTS da Claro, Tim e depois da própria Vivo, o 1xrtt parecia destinado a sair de cena definitivamente, mas acabou tendo um retorno inesperado com a compra da Vesper pela Embratel, que herdou a licença para oferecer serviços de acesso baseados no padrão CDMA.

Aproveitando a rede já existente e grande a oferta de equipamentos antigos, a Embratel passou a oferecer o Livre.com (http://www.embratel.com.br/giro), um serviço de telefonia e acesso à web via 1xrtt, predominantemente destinado aos usuários de acesso discado.

Como todo protocolo de transmissão de dados sem fio, o 1xrtt tem um overhead relativamente grande, o que, combinado com as tradicionais obstruções e oscilações no sinal, faz com que, na prática, a velocidade não seja muito superior à do acesso discado. Entretanto, o 1xrtt tem uma pequena vantagem, que é a melhor penetração em áreas rurais ou com obstáculos, o que permite que o serviço seja usado em muitas áreas de pouca cobertura, onde outras modalidades de acesso não estão disponíveis.

No caso da Embratel, o acesso é combinado com um serviço de telefonia “fixa”, onde você recebe um celular CDMA que pode ser utilizado apenas dentro de uma área específica (“com liberdade para acessar de qualquer ponto da casa”, como bem explicado nos anúncios… :p), similar a planos oferecidos pela TIM.

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O acesso à web é feito usando o celular como modem, ligado ao micro via cabo USB. As opções de aparelhos não são muito animadoras, incluindo modelos como o Nokia 2115 e o 1508i, que (embora sejam na verdade lançamentos recentes) parecem ter saído de alguma promoção de queima de estoque do final da década passada. Em compensação, o serviço é barato, com acesso ilimitado por R$ 29 mensais (com direito ao famoso “ligue agora e ganhe desconto nos primeiros meses”…), desde que combinado com um plano de voz de R$ 15 mensais.

Isso faz com que apesar da baixa velocidade e do apelo popular, ele acabe sendo uma opção de acesso de baixo custo para quem mora em áreas onde não existe outra opção, ou para quem quer um segundo plano de acesso para backup, sem gastar muito.

Em seguida temos o EVDO (também chamado de EV-DO, 1xEV-DO ou CDMA 2000 EVDO), que é o padrão 3G dentro do CDMA, oferecendo taxas de transmissão de até 2.4 megabits. Ele foi usado na versão inicial do Vivo Zap 3G que, lançado em 2005, acabou sendo o primeiro serviço de acesso 3G no Brasil, anterior às redes UMTS. Como de praxe, os 2.4 megabits são teóricos; na prática é possível atingir pouco mais de 1 megabit em uma boa conexão.

Embora o EVDO seja originalmente mais lento que o UMTS, a velocidade final depende mais da qualidade da estrutura de cada operadora, assim como as limitações de banda definidas. Um plano UMTS limitado a 512 kbits, por exemplo, seria muito mais lento que uma conexão via EVDO sem limitações. Existe ainda o EVDO Rev B, que está em fase de implementação em algumas áreas dos EUA (mas não no Brasil), que eleva a taxa de transmissão para 4.9 megabits e adiciona a possibilidade de combinar três portadoras na mesma conexão, elevando a taxa para 14.7 megabits, o que é competitivo com as versões mais rápidas do UMTS.

Apesar disso, o futuro do EVDO no Brasil é incerto, já que ele é usado apenas pela Vivo, que de 2007 para cá passou a investir fortemente na expansão da sua rede GSM e na implantação do UMTS, deixando a rede CDMA e o EVDO em segundo plano. Um dos motivos disso é o alto custo dos equipamentos para redes CDMA (devido à pequena escala de produção, combinada com os royalties pagos à Qualcomm) e dos próprios smartphones e modems USB compatíveis com o padrão.

Ainda existem muitos usuários utilizando os planos antigos de acesso via 1xrtt ou EVDO e, por enquanto, não existem notícias de que eles serão descontinuados em um futuro próximo. Entretanto, se você for a uma das lojas da Vivo, vai notar que os vendedores são instruídos a oferecer apenas os novos planos, baseados na rede GSM.

No final de 2008, o único serviço de acesso da Vivo que ainda é baseado na rede CDMA é o Vivo Residencial, um serviço de “telefonia fixa” utilizando a rede celular, destinado a quem mora em áreas afastadas. Nele, é possível combinar o plano de voz com acesso à web usando o CDMA 1xrtt. Uma forma simples de verificar se você está usando um dos planos GSM ou um dos antigos planos CDMA (no caso da Vivo) é verificar o número de conexão usado. Os planos CDMA utilizam o número #777, enquanto os planos GSM usam o *99#.

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