Definição de Drive de disquete

Por Carlos E. Morimoto. Há .

Apesar dos drives de disquetes serem baseados nos mesmos princípios dos HDs, eles são muito mais simples, já que trabalham com densidades e taxas de leitura muito mais baixas. De certa forma, os drives de disquetes lembram um pouco os HDs de 5 a 10 MB usados no início da década de 80, com seus motores de passo e mídias pouco confiáveis.

A mídia magnética de um disquete é composta de óxido de ferro, basicamente ferrugem. É aplicada uma fina camada desse material sobre um disco feito de plástico mylar, o mesmo utilizado nas antigas fitas K-7.

Assim como nos discos rígidos, os disquetes são divididos em trilhas e setores. A diferença é que, enquanto um disco rígido atual possui mais de 100.000 trilhas, um disquete de 1.44 MB possui apenas 80 trilhas. O número de setores também é muito menor, apenas 18 setores por trilha num disquete de 1.44, muito longe dos 1200 ou 1500 setores por trilha dos HDs.

Cada setor possui 512 bytes, o que dá um total 720 KB por face. Nos disquetes de 1.44 são usadas as duas faces do disco, chegando aos 1.44 MB nominais.

Como nos disquetes não é utilizado o recurso de Zoned Bit Recording, todas as trilhas possuem o mesmo número de setores. Falando em trilhas, uma curiosidade sobre os discos flexíveis é que apenas uma pequena faixa do disco é usada para gravar dados. A densidade em um disquete de 1.44 é de 135 trilhas por polegada. Como temos apenas 80 trilhas, é aproveitada uma faixa de apenas 1.5 cm do disquete, que começa a partir da borda do disco.

A velocidade de rotação nos drives de disquete também é muitas vezes menor que a dos discos rígidos. Enquanto nos HDs rotações de 7.200 RPM ou mais são norma, um drive de 1.44 trabalha com apenas 300 rotações por minuto, ou seja, apenas 5 rotações por segundo! Um dos motivos de ser utilizada uma velocidade de rotação tão baixa é a fragilidade da mídia magnética dos disquetes, que fatalmente seria danificada durante a leitura e gravação de dados caso fossem utilizadas velocidades mais altas.

Enquanto nos discos rígidos é utilizado um sistema magnético para movimentar as cabeças de leitura (o sistema voice-coil), que permite uma movimentação extremamente rápida e precisa, os drives de disquete ainda utilizam motores de passo, assim como os primeiros HDs.

Ao receber um impulso elétrico, o motor gera um movimento preciso que faz com que a cabeça de leitura percorra a distância correspondente a uma trilha. Como você pode ver na foto, a cabeça de leitura dentro do drive é ligada diretamente no eixo do motor e fica em contato direto com a mídia, ao invés de "flutuar" sobre ela como as cabeças de leitura dos HDs.

Apesar do motor de passo funcionar relativamente bem, ele é muito lento, fazendo com que a cabeça de leitura demore cerca de 200 milissegundos para se movimentar de um canto ao outro do disquete. Como o motor demora mais 200 milissegundos para concluir uma rotação completa, teríamos um tempo de acesso médio (somando o tempo de movimento da cabeça de leitura até a metade do disco, com o tempo de metade de uma rotação) de também 200 milissegundos, o que é quase 18 vezes mais lento que o tempo de acesso num HD razoável.

O mais impressionante sobre os drives de disquetes foi sua miraculosa sobrevida. Mesmo sem nenhuma inovação desde 1987 (quando os drives de 1.44 passaram a ser usados no IBM PS/2), os drives de disquetes ainda são usados em muitos micros novos ainda em 2007! Seja por necessidade de ler disquetes usados por colegas de trabalho, ou por puro masoquismo, até mesmo os donos de notebooks muitas vezes recorrem a drives de disquete USB.

Ao longo dessas duas décadas, houve diversas tentativas de criar um padrão atualizado para discos magnéticos removíveis, quase todas fracassadas. Os únicos que atingiram uma certa popularidade foram os discos Zip, de 100 MB e os LS-120 (de 120 MB ;). No passado, os discos zip chegaram a ser vendidos em papelarias, mas como eles eram caros, acabavam encalhando.

Atualmente (2007) a Iomega fabrica o Rev, uma unidade que utiliza discos rígidos removíveis de 70 GB. Basicamente, cada cartucho é uma unidade completa, incluindo o disco magnético e cabeças de leitura, enquanto a leitora inclui a controladora, interface e outros componentes que num HD fariam parte da placa lógica. O maior problema é que os discos do Rev são muito caros. Mesmo nos EUA custam US$ 70 cada um (mais caro do que um HD SATA de 250 GB, que por lá custa menos de US$ 60) o que elimina qualquer possibilidade de popularização.

Além de derrotarem seus "sucessores", os drives de disquetes sobreviveram à popularização dos gravadores de CD, à massificação do uso do e-mail e de outras formas de transferência de arquivos via web e, embora enfraquecidos, continuam resistindo até mesmo à popularização dos pendrives e cartões de memória. É possível que no início da próxima década ainda se veja pessoas procurando disquetes para comprar. Resta o consolo de que as coisas já foram piores... ;)

Dentro do meio técnico, a principal utilidade dos drives de disquete é usar disquetes de boot diversos, que permitem tanto rodar ferramentas diversas de diagnóstico quanto iniciar a instalação do sistema em micros que não suportam boot através do CD-ROM.

Apesar disso, a maioria dos programas de gravação de CD permitem criar CDs de boot usando o sistema de emulação de disquete, onde é criado um CD de boot, contendo o arquivo de imagem de um disquete. No K3B, por exemplo, você adiciona as imagens através da opção "Projeto > Editar Imagens de Boot".

Outra ferramenta extremamente útil é o Ultimate Boot CD, uma imagem .ISO, pronta para gravar, disponível no: http://www.ultimatebootcd.com. Ele inclui um grande número de utilitários de diagnóstico pré-instalados e você pode personalizar o CD, gerando uma imagem contendo outros utilitários e também disquetes de boot, que ficam disponíveis para uso ao dar boot através do CD.

Muitos utilitários de atualização de BIOS também exigem o uso de um disquete, mas isso vem diminuindo. Muitos fabricantes oferecem a opção de baixar um CD de boot e muitas placas oferecem utilitários de gravação dentro do próprio Setup, que são capazes de regravar o BIOS a partir de um arquivo salvo numa partição FAT do HD, ou mesmo num pendrive.

Outro problema é a falta de drives para HDs SATA e controladoras RAID na versão original Windows XP, onde era necessário copiar os drivers da controladora SATA ou RAID (geralmente encontrados na pasta DriverDiskSATA, "DriversChipsetdrvdisk" ou DriverDiskRAID do CD-ROM de drivers da placa-mãe) para um disquete e pressionar a tecla "F6" durante a fase inicial da instalação, quando era exibida a mensagem "Pressione F6 se precisar instalar um driver SCSI ou RAID de TERCEIROS" e em seguida a tecla "E" para que o disquete fosse localizado. Sem isso o HD não era reconhecido e não era possível concluir a instalação.

Felizmente, esse problema foi resolvido a partir do Windows XP SP2 que integrou os drivers necessários. Desde que você tenha uma mídia de instalação atualizada, não precisa mais do disquete durante a instalação.

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