Mitsubishi admite que manipulou testes de consumo de combustível em seus veículos por 25 anos

Mitsubishi admite que manipulou testes de consumo de combustível em seus veículos por 25 anos

Caso você tenha ficado surpreso com a Volkswagen que admitiu no ano passado que utilizou um software para manipular os dados em relação a emissão de poluentes em mais de 11 milhões de veículos, desde 2009, saiba que agora mais uma grande montadora admitiu que tem culpa no cartório, em relação a manipulação de resultados.

A japonesa Mitsubishi  Motors, divisão automobilística da Mitsubish Corp, representada pelo seu presidente Tetsuro Aikawa, admitiu em um coletiva de imprensa que desde 1991 não vem cumprindo com o que a regulamentação japonesa pede para o teste de combustível. Os principais afetados até o momento são os miniveículos vendidos no Japão, categoria conhecida por lá como “kei cars”, que de acordo com a companhia vem sendo manipulados desde 2003. Essa fraude teria afetado cerca de 625 mil modelos da companhia. Na prática essa fraude fez com que o consumo fosse cerca de 10% menor do que realmente teria que apresentar.

Tetsuro Aikawa

Aikawa pediu desculpas durante a coletiva e fez questão de frisar que até a descoberta do caso não tinha conhecimento sobre a fraude, disse que a manipulação foi feita por meio de uma modificação de ar aplicada aos pneus dos veículos.

Para completar o “show de lambanças”, a Nissan também entrou na roda, já que os “kei cars”, DAYZ e DAYZ ROOX, vendidos pela companhia são produzidos pela Mitsubishi. As duas montadoras japonesas são parceiras desde 2013, uma aliança que permite que capacidade de fabricação, tecnologias e produtos possam ser compartilhados, inclusive grande parte da expansão da Nissan no mercado de carros elétricos, deve-se a parceria com a Mitsubishi. Estima-se que dos 625 mil veículos que foram manipulados, 468 mil foram entregues a Nissan

 

Dos 625 mil veículos fraudados 157 mil são referentes aos modelos ek Wagon e ek Space, enquanto 468 mil são referentes ao Dayz e Dayz Roox

 

O presidente da Mitsubishi tentando se esquivar disse que a pressão interna para o cumprimento da regulamentação japonesa que foi alterada em 1991, podem ter pressionado os funcionários a exagerar no dimensionamento da economia de combustível. A manipulação foi descoberta após a realização de uma pesquisa interna realizada pelo Ministério dos Transportes onde os resultados foram repassados para às autoridades japonesas.

Em vez de usar como parâmetro o teste de resistência à rodagem em baixa velocidade, que é o exigido pelo Japão para a homologação do veículo, a Mitsubishi simplesmente calculou essa resistência utilizando um teste utilizado nos EUA, realizado em velocidade de estrada, e que é ilegal no Japão.

E como você bem sabe um episódio como esse resulta em danos quase irreversíveis para a empresa, seja no aspecto moral, manchando os seus valores e tradição, e claro em relação as finanças, e com a Mitsubishi (que já não tem uma boa fama a muito tempo), não seria diferente, durante a coletiva, realizada na terça-feira (20), as ações da montadoras caíram cerca de 15% na bolsa de Tóquio. Na última terça-feira (26), o presidente da montadora voltou a pedir desculpas sobre o ocorrido.

E agora, como fica?

A Mitsubishi irá montar uma comissão especial, formada por pessoas fora da empresa, que investigará a fundo o caso, já que mais modelos podem ter sido usados nessa manipulação. 

A EPA (Environmental Protection Agency), que é a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, disse que também investigará os carros da Mitsubishi para verificar se os veículos comercializados por la também não foram alterados. 

A montadora também está estudando como indenizará os clientes afetados por essa fraude. 

Flashback:

É importante relembrar outros episódios que são no mínimo chocante envolvendo a Mitsubishi. Em 2000 a montadora admitiu ter ocultado por mais de 30 anos defeitos em seus veículos, inclusive retirou do mercado 88 mil automóveis. Dentre os modelos afetados estavam o Lancer e o Galant. Em 2004 sete ex-diretores da montadora foram presos, suspeitos de ocultar defeitos no caminhão Mitsubishi Fuso, essa negligência resultou em um acidente fatal, ocasionado pelo desprendimento da roda dianteira do caminhão. Algumas investigações inclusive apontaram que houveram outros 33 casos desde 1992 ligados ao desprendimento de rodas em veículos da montadora.

 

Qual a sua opinião em relação a todo esse problema?  Deixe seu comentário abaixo e participe da nossa enquete.

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Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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