Provedores no Brasil deverão entregar no mínimo 20% da velocidade contratada

A Anatel está colocando em prática os planos anunciados há algum tempo atrás. A fiscalização no fornecimento de conexão rápida com a internet, a popular banda larga, começa a pegar mais pesado.

Em fevereiro a agência anunciou que as operadoras deveriam fornecer um medidor de velocidade, e apresentou novas metas concretas para as velocidades entregues aos clientes. Em agosto foi anunciado o Plano de Medição de Qualidade da Banda Larga, que fornecerá equipamentos a voluntários em diversas regiões do país para testar a velocidade continuamente, permitindo obter relatórios das médias mensais. Agora, novembro, as coisas começam para valer.

Tradicionalmente a agência não estava nem aí para a propaganda enganosa de muitos fornecedores, especialmente em locais mais afastados dos grandes centros. O cliente contratava x Mbps, mas a emprsa prestadora do serviço era obrigada a fornecer apenas 10% desse valor, ou x/10. Sendo fornecido no mínimo 10% da velocidade contratada, para a Anatel e para a empresa estava tudo certo – mesmo com o cliente tendo que pagar pelo plano completo, ou seja, 100% do valor da mensalidade contratada. Isso fazia com que muitas empresas deixassem o investimento em segundo plano, saturando sua rede com o maior número de clientes possíveis sem melhorar a infraestrutura.

Agora esta situação começa a mudar. A partir deste mês a taxa de transmissão instantânea (identificada em cada medição) não poderá ser inferior a 20%, e a taxa média não poderá ser inferior a 60% da velocidade contratada. Isso deve aumentar a fiscalização, obrigando as fornecedoras a realmente entregar aquilo que prometem.

20% pode parecer pouco (e realmente é), mas o plano é elevar para 40% até 2014, dando tempo para que os provedores se adquem. Em novembro de 2013 a velocidade instantânea mínima permitida será de 30% da contratada, e a média deverá ser de 70%. Para novembro de 2014 estes valores aumentam para 40% e 80%, respectivamente. Os dados valem tanto para upload como download, seja em conexões fixas ou móveis.

Na prática as operadoras precisarão cumprir o que prometem. A velocidade instantânea é aquela auferida em cada medição. O limite de 20% da velocidade contratada passa a valer a partir deste mês, novembro de 2012. Ou seja, em condições normais a velocidade de acesso nunca deverá ser inferior a 20% do plano contratado. Mas o grande ponto está na taxa de transmissão média: esta nunca deverá ser inferior a 60% da velocidade contratada.

As velocidades podem variar por uma série de fatores, inclusive fatores externos ao fornecedor e cliente, como rotas de acessos aos servidores estrangeiros de onde determinado conteúdo é baixado, congestionamentos nas redes dos servidores ou no meio do caminho, etc. Porém a largura da banda no cliente deverá ser mantida de acordo com o contratado na maior parte do tempo. Usando medidores de velocidades confiáveis (como o speedtest.net, um muito bom) dá para ter uma ideia geral da velocidade instantânea da sua conexão. Para fazer a média basta realizar o teste diversas vezes, somar os valores e dividir pela quantidade de medições. A média considerada pela Anatel se dá com base nas medições realizadas no mês, não apenas num só dia, naturalmente.

Detalhes sobre os planos estão nesta notícia, publicada hoje no site da agência. Vale a pena ver o site da campanha também:

www.brasilbandalarga.com.br

Cuidado com os cálculos

É bom notar que muitos leigos podem achar que recebem apenas 10% da velocidade contratada quando na verdade estão recebendo praticamente 100%. A velocidade de acesso em geral é comercializada em Mbps (ou Mb/s), com o b minúsculo. Isso indica megabits por segundo, não megabytes por segundo. 1 byte contém 8 bits. Matemática básica. Seu navegador e a maioria dos programas normalmente medem os dados em múltiplos de bytes, não bits. MBps (ou MB/s) sim significa megabytes por segundo.

Uma conexão vendida como sendo de 10 Mbps (10 megabits por segundo) deve oferecer uma taxa de transferência de 1,25 MBps (1,25 megabyte por segundo). Se achar complicado fazer a conta (de Mbps para MB/s basta dividir por 8), jogue no Google: 10 Mbps in MB/s. Troque o valor pelo número desejado. Para conexões mais lentas pode valer a pena fazer a conversão para KB/s. Uma conexão de 1 Mbps, por exemplo, deve permitir baixar coisas a 128 KB/s. Pequenas variações são normais na prática.

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