Pode vir aí o GNOME OS: uma distro específica do GNOME

Pode vir aí o GNOME OS: uma distro específica do GNOME

Os desenvolvedores e o pessoal próximo estão pesando seriamente em criar um GNOME OS, uma distro específica para o GNOME. Allan Day, da equipe de design da interface do GNOME (e também funcionário da mesma área na Red Hat), comentou detalhdamente os planos para o GNOME OS.

Estimativa inicial para o GNOME 4

O post no blog dele descreve uma série de temas a ser considerados, algo que está em discussão já há algum tempo e ganhou mais força durante a GUADEC neste ano. Esta apresentação de slides traz algumas das motivações por trás das discussões recentes.

Os principais pontos abordados levam a uma melhoria geral no GNOME, deixando de ficar preso à fragmentação atual das distros. Aparentemente eles querem desenvolver uma série de novas coisas que ficam dificultadas, ou mesmo impossibilitadas, no modelo atual. Entre os destaques está um sandbox para aplicações (de forma que não alterem dados das outras e sejam seguras), automação de testes, um SDK com APIs estáveis e mais facilidades para desenvolvedores em geral.

A ideia final é melhorar o ambiente de desenvolvimento em torno do GNOME, centralizando os desenvolvedores numa distro modelo. O objetivo não é concorrer com as outras distros para usuários finais, pelo menos não a princípio – se ela for muito utilizada isso poderia mudar, é claro.

Além das mudanças no processo de desenvolvimento com APIs estáveis e tudo mais, eles querem atingir novos tipos de dispositivos sem comprometer a estrutura atual, preparando melhor o sistema para telas de toque, por exemplo. Muita coisa já está sendo feita nesta área, mas ainda parece pouco.

Criar uma nova distro a princípio parece radical, mas o GNOME OS serviria a favor do próprio GNOME, melhorando o desenvolvimento geral do ambiente – o que seria refletido, naturalmente, em todas as outras distros que o utilizam como ambiente padrão.

Confira o post no blog (em inglês) com as ideias. Os fãs do GNOME podem colaborar com sugestões ou no desenvolvimento mesmo, ajudando a guiar os passos do GNOME para os próximos anos.

Ao mesmo tempo, o GNOME tem sido deixado de lado por muitos usuários clássicos, digamos assim. Desde a introdução do GNOME 3.0 e a mudança radical na interface ele tem perdido um pouco a atração que tinha (visto que era um sistema prático, funcional e usado por default em muitas distros).

Uma das maiores distros que o abandonou foi o Ubuntu, que optou por desenvolver um ambiente final próprio, o Unity (o objetivo da Canonical é mais amplo do que apenas recusar a versão atual do GNOME, levando o Ubuntu para TVs e outros dispositivos). Iniciativas como o Cinnamon e o MATE (este um fork do Gnome 2.x) também mostram um claro descontentamento com os rumos atuais do GNOME.

A “simplicidade” afasta muitos usuários. Enquanto o KDE sempre foi cheio de “firulas” ou “perfumarias” (um estereótipo que não é tão visto assim por usuários dele, mas é comum ver o “preconceito” no mundo externo ao KDE), o GNOME fica com um tom mais minimalista, deixando na tela apenas o essencial. Ou melhor, apenas o que os líderes julgam ser o essencial. Isso, por exemplo, levou o Mint a criar um fork do Nautilus, gerenciador de arquivos do GNOME, que na última versão está perdendo vários recursos de longa data.

A criação de um GNOME OS parece ser, neste momento, uma boa coisa para o GNOME. Nele os desenvolvedores poderão colocar todas as suas vontades em prática sem depender da recusa dos administradores das outras distros, que estão mais ou menos acomodados com os conceitos de desktop atuais ou de alguns anos atrás. No final a distro “modelo” poderá expressar claramente o que os produtores do GNOME querem, sem comprometer a vida dos usuários das outras distros. Aparentemente tem tudo para dar certo (mesmo levando críticas por todos os lados). Quem sabe só assim os usuários poderão compreender as mudanças introduzidas com o GNOME 3.0 e o consequente abandono do estilo simples do 2.x.

Falando em críticas, aos mais críticos: o Unity pode ser considerado um shell ou uma casca que roda sobre o GNOME, é claro. Nesse sentido ele nunca foi nem será tão cedo um novo “ambiente desktop”. Mas não importa muito a parte técnica para os usuários: a experiência de uso final é o que pesa na escolha do ambiente padrão. Quem pensa no Unity do Ubuntu não imagina a cara do GNOME, mesmo que por trás da tela todos os componentes básicos sejam os mesmos. As coisas estão em outros lugares, a forma de acessá-las é diferente, tutoriais gráficos para um não servem necessariamente para o outro, etc. O mesmo vale para o Cinnamon. Nesse sentido, há de se considerar o GNOME com GNOME Shell, Unity e Cinnamon ambientes desktops separados. Por isso encontram minhas referências ao Unity como um ambiente desktop independente; é assim que os usuários finais o percebem, embora a maioria dos aplicativos e utilitários sejam os mesmos.

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