As mudanças do Windows 8 e o fim das transparências do Aero

As mudanças do Windows 8 e o fim das transparências do Aero

Na semana passada a Microsoft fez um longo post no blog dos produtores do Windows 8, comentando detalhadamente o processo de mudança da interface. Basicamente ela tenta justificar a mudança e mostra o que espera para o futuro, destacando os benefícios.

Tela inicial do Windows 8, que substitui o menu Iniciar

Tela inicial do Windows 8, que substitui o menu Iniciar

Desde que as telas oficiais do Windows 8 foram divulgadas muita gente tem criticado a mudança. Esta não é uma alteração qualquer, afinal vai mexer no sistema mais usado nos desktops, afetando o dia-a-dia de muita gente. Para lembrar que as críticas sempre ocorreram o post no blog do Windows 8 volta bem lá atrás, comentando mudanças que geraram reações parecidas no começo do desenvolvimento do Windows.

Uma delas foi a popularização do mouse, já que agora a moda é popularizar a interação por toque. Quase ninguém da mídia especializada considerava o mouse útil para trabalho sério, sempre ridicularizando com comentários gerais o novo estilo de interação com os computadores – estilo esse que ainda está longe de morrer, mesmo depois de tantos anos. Há citações de diversas revistas. Numa matéria da Computerworld de 1983, por exemplo: “O mouse torna o computador mais acessível, mais amigável, para determinados públicos-alvo, como executivos? A resposta é não.” John C. Dvorak com comentários críticos também soltou, em 1984: “Não há [nenhuma]evidência de que as pessoas querem usar estas coisas”.

Hoje em dia num PC desktop não imaginamos seu uso sem o apontador controlado pelo mouse. O trackpad, comum em notebooks e em alguns casos desktops (pelo menos enfatizado pela Apple) em suma leva o mesmo conceito do mouse: é necessário mover o cursor para alcançar itens na interface. Esta é uma tecnologia que muitos duvidavam, mas no final ela foi bem-sucedida. Diversos tipos de operações são impraticáveis com o teclado físico, embora ele continue lá com a sua função sem nenhum substituto em vista para o futuro próximo (tanto é que muita gente quer um teclado para iPad, e os tablets com Windows 8 aceitarão teclados USB).

Com a moda atual dos tablets, que vieram para ficar, apesar das críticas, cada vez mais os computadores de mesa passarão a suportar telas de toque. Mesmo como um item opcional, claro. Depois de tocar nos smartphones e tablets, uma criança que começa o contato com computadores poderia se perguntar: “porque não tocar na tela do PC também?” É mais ou menos isso que o Windows 8 tenta fazer, unificando o melhor de todos os mundos.

Com o Windows 3.1 e 95 diversas mudanças nas interfaces surgiram, novamente radicais: o 95 deixou muita gente perdida com o menu Iniciar. Testes de usabilidade da Microsoft na época mostraram que muitos não sabiam por onde começar, mesmo tendo o texto “Iniciar” ali no canto. Foi necessário incluir uma frase de chamada na barra de tarefas no primeiro login, que apontava para o botão Iniciar (breve vídeo). No Windows 98 os usuários já estavam acostumados, de forma que esta chamada acabou sendo desnecessária. É bem provável que o Windows 8 terá um tutorial rápido para os gestos essenciais da interface Metro. Uma vez aprendidos eles irão parecer tão naturais como qualquer ourto.

Ações como o duplo clique também eram vistas como difíceis, e hoje são corriqueiras. O nível de dificuldade encontrado pelo usuário no teste é comparável ao que muitos alunos de cursos de introdução à informática passam. Usar o mouse de forma eficiente não é lá tão intuitivo como pode parecer.

Com isso a MS espera mostrar que as pessoas irão se acostumar com a interface Metro, apesar das críticas atuais – isso que o produto nem chegou ao mercado ainda em sua versão final.

Nas telas de toque atuais é bem ruim utilizar os recursos do Windows 8, especialmente porque com frequencia é necessário usar toques das bordas para dentro. A borda dos monitores em geral atrapalha, mas daqui para frente, pelo menos nas máquinas projetadas para o Windows 8, a borda será alinhada com a superfície da tela.

A mudança não irá atrapalhar o uso do desktop clássico: quem quiser poderá passar todo o tempo nele, sem abrir um único app Metro sequer – desconsiderando apenas a tela de início. Apesar de tudo, no dia-a-dia ela se comportou melhor do que eu esperava, e imagino que muitos não terão as mesmas impressões negativas sobre ela depois de experimentá-la; essa é a tendência geral observada entre os usuários do Consumer Preview. É basicamente um novo menu Iniciar em tela cheia, com mais funções e mais espaço para exibir coisas.

Com o estilo Metro e sua interface limpa, os aplicativos desktop também estão sendo redesenhados, mas de leve. Para não prejudicar a compatibilidade com os milhares de aplicativos de terceiros, as janelas do Windows 8 não sofrerão nenhuma modificação de tamanho da borda, apenas mudanças estéticas leves. Só para lembrar, quando migraram do Windows 9x/2000 para o XP foi adicionada uma borda mais grossa nas janelas; muitos apps antigos eram então desenhados com imperfeições, gerando um choque visual. Isso não ocorre do XP/Vista/7 para o 8.

Janelas no Windows 8

As janelas ficaram mais planas, achatadas, com cores claras e lisas no lugar de gradientes. Em vez de bordas arredondadas agora elas são retas. O Aero se foi: aquela camada translúcida na borda das janelas não existe no Windows 8. Elas fizeram um grande barulho na época do Vista, mas não houve aquela revolução tão esperada. A ideia das bordas semi-transparentes era facilitar a concentração no conteúdo da janela, provavelmente para tentar corrigir o tema com cores aberrantes que veio com o Windows XP.

O post no blog é realmente muito grande, mas resumindo bem, é isso aí. Vale esperar ele aparecer traduzido no blog em português.

Ah, por sinal o texto original sobre o suporte a vários monitores foi publicado novamente hoje, agora para ficar.

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