Mozilla e Google reclamam do Windows 8 ARM: seus navegadores poderão ficar de fora dele

Asa Dotzler da Mozilla está reclamando do modelo de desenvolvimento para o Windows 8. A Microsoft quer deixar o IE, e apenas o IE, como navegador no Windows RT (a versão do 8 para ARM). Isso prejudica a liberdade de escolha dos usuários, numa medida parecida com o que a Apple fazia com o iOS no começo. As limitações técnicas impedem que terceiros criem aplicativos desktop para o Windows 8 ARM, e no caso dos apps Metro, vários recursos que o Firefox precisa não podem ser usados.

Tela do Firefox Metro em desenvolvimento

Detalhado em dois posts, o conceito já foi amplamente divulgado por quem acompanha as informações de desenvolvimento para Windows 8. Na edição x86/64 há basicamente três classes de aplicativos:

• Os tradicionais que usam as APIs Win32 e uma série de outros frameworks (como GIMP, Office, Delphi, navegadores atuais e qualquer outro app que roda no desktop tradicional).
• Os Metro, que rodam numa espécie de sandbox; eles têm acesso à nova interface em tela cheia, mas não podem usar as APIs Win32 nem outras funções privilegadas; isso garante segurança (um app não tem como prejudicar outro), mas limita os recursos…
• E os navegadores. Um app desta categoria pode rodar com a interface Metro enquanto obtém privilégios especais no acesso às mesmas funções que os programas comuns têm. Esta categoria deve ser usada pelo navegador padrão, não por qualquer app.

O problema é que na plataforma ARM a Microsoft quer forçar o uso dos apps Metro, proibindo qualquer app desktop ou navegador com acesso às outras APIs. Exceto para produtos dela, claro, como o proprio IE Metro e o Office (que roda no desktop, porém na versão ARM).

Como o Firefox precisa do acesso às APIs tradicionais, por uma série de questões é praticamente impossível que ele seja reescrito para funcionar com a interface Metro. Ficaria de fora dos tablets ARM com Windows. E não só tablets, na verdade, já que uma categoria de PCs compactos com processadores ARM é bem provável para o futuro. O Chrome ou qualquer outro navegador passa pelo mesmo problema.

Os aplicativos Metro não podem ter acesso a diversas funções de gerenciamento da memória, dificultando ou impedindo o uso de compiladores JIT para acelerar a execução do Javascript, por exemplo. Também fica complicado o gerenciamento de processos, impedindo o navegador de usar processos separados para plugins ou novas abas.

O caso está tendo uma grande repercussão crítica, inclusive com apoio do Google – afinal o Chrome passará pelas mesmas limitações. Se a Microsoft não rever alguns conceitos do Windows 8, não são só os usuários que irão odiar o sistema, mas também grandes desenvolvedores.

Enquanto o sistema está em beta provavelmente ninguém pegará pesado, dependendo apenas da boa vontade da Microsoft em aceitar as sugestões. Depois que o sistema for comercializado quem sabe uma ação de órgãos de proteção ao redor do mundo apareça…