iFixit: Um protesto contra o iPad 3

iFixit: Um protesto contra o iPad 3

Na notícia anterior sobre a desmontagem do iPad 3, chamei a atenção para a dificuldade de desmontar o iPad 3 (já que o fino vidro da tela é colado por adesivos, que precisa ser cuidadosamente derretido usando uma pistola de ar quente e separado para que você consiga chegar na parte interna) sem falar na grande dificuldade em substituir a bateria, que é fortemente colada à carcaça de alumínio, tornando a substituição não apenas difícil, mas também perigosa.

Como não é possível utilizar ar quente para soltar a bateria, como no caso da tela (a menos que você ache engraçado ver uma bateria Li-ion explodindo a 30 centímetros da sua cara), a única maneira de removê-la é por vias mecânicas, usando algum objeto pontiagudo para soltá-las. Esta é uma operação que também envolve grandes riscos, já que você pode facilmente perfurar as baterias, o que também pode levar a uma explosão. Em outras palavras, substituir a bateria de um iPad 3 não é muito diferente de desarmar uma bomba relógio. De fato, substituir a bateria do iPad 3 (bem como do iPad 2) é tão complicado que nem mesmo a Apple faz isso, preferindo cobrar uma taxa alta de substituição (US$ 299 para o iPad 3, mais frete) e simplesmente devolver um iPad novo.

Baterias substituíveis são um pré-requisito se você deseja um gadget que funcione de forma confiável por mais de dois anos, já que depois disso a capacidade de bateria tende a degradar rapidamente. A Apple afirma que as baterias do iPad 3 são capazes de suportar mais de 1000 recargas, mas este é um número obtido em testes de laboratório, onde a bateria é carregada e descarregada continuamente, em um período curto de tempo. Em uso real, entra em cena a degradação do lítio, que progride com o passar do tempo, quer a bateria seja usada ou não. Mesmo que fique simplesmente guardado dentro da caixa, depois de 3 ou 4 anos a bateria do iPad 3 já não segurará carga alguma praticamente.

Mesmo no caso de outros gadgets com baterias internas, como no caso do iPod touch, substituir a bateria é relativamente simples, bastante ter à mão algum guia encontrado no google e algumas ferramentas para desmontagem de eletrônicos. O iPad 2/3 é um caso novo, de um dispositivo que foi deliberadamente projetado para ser substituído e não consertado.

Tendo isso em mente, a iniciativa da Apple de levar o iPad às escolas parece quase humorística. Um dispositivo descartável como iPad é uma das piores opções para um ambiente onde telas quebradas e outras manutenções precisam ser feitas com frequência e os mesmos aparelhos precisam ser usados por anos a fio.

O editorial do iFixit sumariza estas queixas, incluindo um vídeo de protesto, onde a escore de repairabilidade do iPad 3 (apenas 2 de 10, que é junto com o iPad 2 a score mais baixa já dada a um dispositivo) é justificada:

Sobre o Autor

Redes Sociais:

Deixe seu comentário

X