Microsoft colaborando com Linux? Conta outra

Uma notícia recente tem gerado efeitos negativos, dos mais diversos possíveis. Também, não poderia ser diferente: a Microsoft contribuindo (?!) com código para o kernel Linux. É, aquilo que era um câncer pelo jeito serve pra alguma coisa…

Calma, ela não está implantando malware no código para prejudicar o sistema. Vejo que muitos sites andam misturando conceitos e distorcendo a notícia. Então vamos lá, devagar.

Tudo foi causado por um estudo do LWN.net, num artigo para assinantes que ainda não está disponível gratuitamente. Pelo que apuraram a Microsoft é uma das empresas que mais colaboraram com o kernel Linux na versão 3.0, “perdendo” basicamente para Red Hat, Intel, Novell e IBM – clássicas desenvolvedoras e colaboradoras do pinguim.

O que muitos não entendem é que as alterações que ela propôs, e/ou fez por meio de seu funcionário K. Y. Srinivasan, são insignificantes para o uso do Linux fora do mundo Windows.

Em primeiro há de se considerar que cada alteraçãozinha foi considerada uma modificação, então o número parece inflado, maior do que é. E mesmo que fosse muito grande, por exemplo “361 novos recursos para o Linux” (citam 343 alterações pelo Srinivasan, 361 no total pela MS), não faria tanto sentido: não são recursos para melhorar o Linux de modo geral, mas sim um produto da própria MS.

Aquilo que era um câncer pode ajudar a vender licenças do Windows Server se por acaso rodar melhor nele. É justamente isso que ela faz, melhorar o código dos drivers virtuais do Hyper-V – sistema de virtualização do Windows Server, que poderia ser comparado com o VMware, Xen, KVM, etc. Aparentemente entram aí melhorias para o Kinect também, este de longe o que mais pode beneficiar os usuários do Linux.

Esses drivers deixam o Linux rodando melhor, com mais desempenho e/ou funcionalidades, num servidor virtual gerenciado pelo Windows Server. Só isso. A Microsoft não está ajudando o X, não está ajudando o KDE nem o GNOME, nada disso. Muito menos o Wine 😛

Ela pode odiar as licenças livres, mas a única forma de incluir os drivers no kernel seria justamente licenciá-los pela GPL. Depois do anúncio em 2009 o tema parecia morto, como agora ela atualizou o código, bombou novamente. Como se vê, provavelmente o que você ouviu falar em alguns sites por aí não passou de uma distorção ou o clássico “eu aumento mas não invento”. É melhor ela se humilhar desenvolvendo um driver open source para guests no Hyper-V do que ver a VMware e Xen (entre outras) ganhando cada vez mais mercado.

Nota: pensei em publicar isso no dia que saiu, mas os inúmeros comentários de trolls que iriam aparecer… Muita gente pediu, de qualquer forma vale um esclarecimento então. Ah, ainda assim é bom aguardar a liberação gratuita do estudo pelo LWN, assim outras lacunas sobre essa divulgação poderão ser preenchidas com precisão.

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