Telas 3D podem ser prejudiciais à visão das crianças (e dos adultos)

Telas 3D podem ser prejudiciais à visão das crianças (e dos adultos)

Alguns anos atrás, assistimos a uma enorme mobilização da indústria em torno dos formatos de alta resolução e à TV digital. Todo um exército de marqueteiros foi mobilizado para convencer os consumidores de que o Blu-ray e a TV digital de alta resolução estavam batendo à porta e que ele deveria trocar não apenas a velha TV de tubo por uma HDTV com receptor digital, mas também trocar o PC e o notebook por um capaz de reproduzir as novas mídias. Graças ao HDCP, não bastava apenas trocar o leitor óptico, mas também comprar um monitor com saída DVI, uma nova placa de vídeo, etc.

Agora que a onda das trocas e upgrades relacionados à alta resolução está mais ou menos concluída, os fabricantes passaram a se concentrar no desenvolvimento de TVs e monitores com efeitos 3D, buscando criar o próximo frenesi de upgrades. A ideia é que sua HDTV, monitor, etc. estão agora obsoletos e que a nova onda são os displays capaz de reproduzirem mídia em 3D.

Praticamente todos os fabricantes estão apresentando produtos e é quase certo que teremos uma explosão de ofertas destes novos displays a partir do natal. Como sempre, os lançamentos se concentrarão primeiro nos Estados Unidos, seguido da Europa e Brasil.

Assim como no caso do Blu-ray x HD-DVD, teremos também uma guerra de formatos, desta vez com vários participantes em vez de apenas dois. Eles podem ser divididos em dois grupos: os que precisam de óculos polarizados ou de cristal líquido (que bloqueiam seletivamente, fazendo com que cada olho receba uma imagem diferente) e o dos displays polarizados, que não precisam de óculos, mas são utilizáveis apenas em ângulos limitados.

Naturalmente, todos os displays 3D são também capazes de exibir conteúdo em 2D normalmente, o que é mais um argumento de vendas. Existe um grande déficit em torno de conteúdo 3D disponível, mas os fabricantes preferem que você só se preocupe com isso depois de comprar.

O grande problema com os monitores 3D é que eles utilizam tecnologias novas, que estão sendo empurradas para o mercado sem tempo para realizar os devidos testes com relação aos efeitos de longo prazo.

Um alerta emitido pela Samsung chamou a atenção do público com relação aos riscos de TVs e monitores 3D, especialmente para crianças, alertando que o uso prolongado pode causar náuseas, tontura, etc. além de poderem disparar crises em epiléticos. Entretanto, isto parece ser apenas a ponta do iceberg.

Um artigo do audioholics alerta para um problema mais grave, que é o desenvolvimento de estrabismo (síndrome do olho cansado) em crianças, um alinhamento anormal dos olhos que faz com que os olhos não sejam capazes de se fixar no mesmo objeto, que é precisamente o que é exigido dos olhos ao assistir um filme 3D. O problema afeta sobretudo crianças de até 7 anos (que ainda estão consolidando a visão), mas pode afetar também adultos dependendo do nível de exposição.

Naturalmente, estrabismo não é causado por apenas assistir a um filme de duas horas no cinema, mas quando colocamos uma TV 3D na sala, ou damos um console 3D para uma criança, o comportamento esperado é que ela passa a ficar grudada na tela várias horas por dia. Caso o 3D venha a realmente se popularizar, poderemos ter uma epidemia de crianças vesgas.

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