Solucionando problemas com o charset

Um problema muito comum ao utilizar o Apache 2 sobre uma distribuição Linux recente é os caracteres acentuados das páginas hospedadas aparecerem trocados por interrogações, quadrados ou vírgulas em alguns navegadores, como nesse screenshot:

Isso acontece em situações onde os arquivos das páginas hospedadas no servidor foram salvos usando o charset ISO-8859-1 (ou outro dos charsets pré-unicode) e o servidor Apache está configurado para usar UTF-8, que é o default no Ubuntu e na maioria das distribuições atuais.

Para solucionar o impasse, você tem basicamente três opções. A primeira é especificar o charset correto no header de cada página do site, o que é feito adicionando uma tag “meta” dentro da seção “head” da página, como em:

<meta http-equiv=”Content-Type” content=”text/html; charset=UTF-8″ />
ou:
<meta http-equiv=”Content-Type” content=”text/html; charset=ISO-8859-1″ />

Algumas versões antigas do Internet Explorer entendem apenas a tag “http-equiv…”. Você pode adicioná-la também, de forma a manter compatibilidade com elas, como em:

<http-equiv=”Content-Type” content=”text/html; charset=utf-8″>

Continuando, a segunda opção é mudar a configuração do Apache para que ele passe a utilizar o ISO-8859-1 como charset padrão, em vez do UTF-8. Nas distribuições derivadas do Debian, isso é definido no arquivo “/etc/apache2/conf.d/charset“. Edite o arquivo, substituindo a linha:

AddDefaultCharset UTF-8

por:

AddDefaultCharset ISO-8859-1

Se, por acaso, o arquivo “/etc/apache2/conf.d/charset” não estiver disponível (ou a configuração não surtir efeito), edite o arquivo “/etc/apache2/apache2.conf“, descomentando (ou adicionando) a mesma linha.

No Fedora/CentOS a opção é incluída diretamente no arquivo “/etc/httpd/conf/httpd.conf” (perto do final do arquivo), basta substituir a linha “AddDefaultCharset UTF-8” por “AddDefaultCharset ISO-8859-1”, assim como no Debian.

Se o servidor hospeda páginas escritas em português, é recomendável editar também a linha:

LanguagePriority en da nl et fr de el it ja ko no pl pt pt-br ltz ca es sv tw

… no “/etc/apache2/apache2.conf”, mudando a ordem das linguagens, de forma que o pt-br e o pt fiquem no início:

LanguagePriority pt-br pt en da nl et fr de el it ja ko no pl ltz ca es sv tw

Para que a configuração entre em vigor, é preciso fazer com que o Apache 2 recarregue a configuração:

# /etc/init.d/apache2 reload

ou:
# service httpd reload

O charset padrão do servidor é aplicado a todas as páginas onde o charset não é diretamente especificado na seção <head>, ajudando em casos em que você tem um grande volume de páginas antigas, onde o charset não é especificado.

Uma terceira opção, mais radical, seria mudar o charset de todas as páginas hospedadas (se você usa um gestor de conteúdo, muitas vezes esta opção estará disponível nas configurações) de “ISO-8859-1” para “UTF-8”. Diversos editores de texto, incluindo o kwrite e o gedit, permitem trocar o charset usado, basta especificar qual quer usar nas configurações.

É possível também converter os arquivos diretamente, usando o comando “recode“, que está disponível nos repositórios de praticamente todas as distribuições que adotaram o uso do UTF8. Comece instalando o pacote, como em:

# apt-get install recode

ou:
# yum install recode

Para converter um arquivo, use o comando “recode -d ISO-8859-1..UTF-8” seguido pelo arquivo a ser convertido, como em:

$ recode -d ISO-8859-1..UTF-8 arquivo.txt

Você pode também converter de uma vez diversos arquivos, como em:

$ recode -d ISO-8859-1..UTF-8 *.html

ou:
$ recode -d ISO-8859-1..UTF-8 *.php

O recode não salva cópias dos arquivos originais, por isso é importante que você sempre execute o comando sobre uma cópia dos arquivos, substituindo os arquivos originais só depois de verificar e testar. Concluindo, é possível também fazer o caminho inverso, convertendo arquivos de UTF-8 para ISO-8859-1, invertendo a sintaxe do comando, como em:

$ recode -d UTF-8..ISO-8859-1 *.html

A principal observação nesse caso é que o recode só consegue converter caracteres UTF-8 que possuem um correspondente dentro da codificação ISO-8859-1, por isso não deve ser usado em textos que incluam caracteres de línguas asiáticas, por exemplo.

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