Capítulo 11: Firewall

O Linux, de uma forma geral, é relativamente imune a vírus, worms e trojans, que são a principal causa de invasões e dores de cabeça em geral no Windows. Isso não ocorre apenas porque o Windows é usado em mais máquinas e por isso um alvo maior, mas também porque os aplicativos disponíveis no Linux são, pela média, bem mais seguros.

Veja o caso do Apache, por exemplo. Ele é usado em uma percentagem muito maior de servidores que o IIS. Mesmo assim, o número de falhas críticas de segurança e invasões bem-sucedidas registradas contra servidores web rodando o IIS é bem maior do que nos mais numerosos servidores Apache.

Mesmo assim, brechas de segurança podem surgir onde menos se espera. Por exemplo, em 2004 foi descoberto um buffer overflow no servidor SSH, que poderia ser usado para desenvolver um exploit. Esta brecha não chegou a ser explorada, pois, assim que a possível vulnerabilidade foi descoberta, uma correção foi rapidamente disponibilizada e a notícia se espalhou pela web. Antes que alguém tivesse tempo de escrever um exploit, a maior parte dos servidores do mundo já estavam seguros.

A moral da história: é sempre muito melhor prevenir do que remediar, e a melhor forma de se proteger contra brechas deste tipo é manter um firewall ativo, permitindo apenas acesso aos serviços que você realmente deseja disponibilizar. Reduzindo os pontos vulneráveis, fica mais fácil cuidar da atualização dos serviços expostos e, assim, manter seu servidor seguro.

Imagine o firewall como a muralha que cercava muitas cidades na idade média. Mesmo que as casas não sejam muito seguras, uma muralha forte em torno da cidade garante a segurança. Se ninguém consegue passar pela muralha, não é possível chegar até as casas vulneráveis. Se, por acaso, as casas já são seguras, então a muralha aumenta ainda mais a segurança.

A idéia mais comum de firewall é como um dispositivo que fica entre o switch (ou hub) em que estão ligados os micros da rede e a internet. Nesta posição é usado um PC com duas placas de rede (eth0 e eth1, por exemplo), onde uma é ligada à internet e outra à rede local.

O firewall aceita as conexões vindas dos micros da rede local e roteia os acessos à internet. De dentro da rede você consegue acessar quase tudo, mas todas as tentativas de conexão vindas de fora são bloqueadas antes de chegarem aos clientes.

Imagine um micro com o Windows XP, onde o sistema acabou de ser instalado, sem nenhuma atualização de segurança e com o firewall inativo. Conectando este micro na internet diretamente, será questão de minutos até que ele comece a ser infectado por worms e se transforme em um zumbi a atacar outras máquinas ligadas a ele.

Entretanto, se houver um firewall no caminho, os pacotes nocivos não chegam até ele, de forma que ele fica em uma posição relativamente segura. Ele ainda pode ser infectado de formas indiretas, como ao acessar uma página que explore uma vulnerabilidade do IE ou ao receber um e-mail infectado através do Outlook, mas não mais diretamente, simplesmente por estar conectado à internet.

Opcionalmente, o servidor rodando o firewall pode ser equipado com um servidor Squid configurado para remover arquivos executáveis das páginas acessadas e um servidor Postfix, encarregado de bloquear mensagens infectadas, o que adiciona mais um nível de proteção.

Note que o firewall em si não protege contra vírus e trojans, mas apenas contra tentativas diretas de conexão. Ele cria uma barreira entre os micros da rede local e a internet, fazendo com que os recursos compartilhados na rede não sejam acessíveis de fora. No Linux, o firewall é incluído no próprio Kernel do sistema, na forma do Iptables, encontrado no Kernel 2.4 em diante. Isso garante um excelente desempenho e segurança em relação à maioria dos firewalls for Windows, que rodam em nível de aplicação.

Embora seja sempre mais seguro ter um servidor dedicado, você pode ter um nível de segurança muito bom simplesmente habilitando o firewall localmente. Todos os pacotes provenientes da internet passam primeiro pelo Iptables antes de serem encaminhados para os aplicativos. Por isso, um firewall local, bem configurado, garante uma segurança muito próxima à de um firewall dedicado.

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