Capítulo 4: Programando em shell script

Quase tudo no Linux pode ser feito via linha de comando. É possível baixar e instalar programas automaticamente, alterar qualquer tipo de configuração do sistema, carregar programas ou executar operações diversas durante o boot, entre muitas outras possibilidades. Dentro do KDE é possível até mesmo controlar programas gráficos, minimizando uma janela, abrindo um novo e-mail, já com o corpo da mensagem preenchido no kmail, exibir uma mensagem de aviso, criar ou eliminar ícones no desktop, e assim por diante.

Um script é um arquivo de texto, com uma seqüência de comandos que são executados linha a linha. Dentro de um script, você pode utilizar qualquer comando de terminal (incluindo programas gráficos e parâmetros para eles) e também funções lógicas suportadas pelo shell, que incluem operações de tomada de decisão, comparação, etc. Você pode até mesmo acessar bancos de dados ou configurar outras máquinas remotamente.

Assim como o perl, python e o lua, o shell script é uma linguagem interpretada, onde o próprio script, escrito num editor comum é o executável. Você pode alterá-lo rapidamente e executá-lo logo em seguida para testar a mudança. Nas linguagens tradicionais, o código fonte precisa ser recompilado a cada modificação, o que toma tempo.

A princípio, o shell script lembra um pouco os arquivos .bat do DOS, que também eram arquivos de texto com comandos dentro; da mesma forma que um ser humano e uma ameba conservam muitas coisas em comum, como o fato de possuírem DNA, se reproduzirem e sintetizarem proteínas. Mas, assim como um humano é muito mais inteligente e evoluído que uma ameba, um shell script pode ser incomparavelmente mais poderoso e elaborado que um simples .bat do DOS.

É possível escrever programas complexos em shell script, substituindo aplicativos que demorariam muito mais tempo para ser escritos em uma linguagem mais sofisticada. Seus scripts podem tanto seguir a velha guarda, com interfaces simples de modo texto (ou mesmo não ter interface alguma e serem controlados através de parâmetros), de forma a desempenhar tarefas simples, quanto possuir uma interface gráfica elaborada, escrita usando o kommander e funções do kdialog.

Isso vai de encontro à idéia que muitas pessoas, incluindo até mesmo usuários Linux tarimbados, possuem. O uso de scripts pode ir muito além de simples scripts de configuração. Você pode desenvolver programas bastante complexos se usar as ferramentas certas.

Um exemplo de trabalho desenvolvido em shell script é o painel de controle do Kurumin, que utiliza um conjunto de painéis gráficos, criados usando o Kommander, que ativam um emaranhado de scripts para desempenhar as mais diversas tarefas.

O programa de instalação do Kurumin também é escrito em shell script, assim como a maior parte dos programas encarregados de configurar o sistema durante o boot, os painéis para instalar novos programas, configurar servidores e tudo mais.

O principal motivo para uso de scripts em shell ao invés de programas escritos em C ou C++, por exemplo, é a rapidez de desenvolvimento, combinada com a facilidade de editar os scripts existentes para corrigir problemas ou adicionar novos recursos. Você vai encontrar uma grande quantidade de scripts em qualquer distribuição Linux, incluindo os próprios scripts de inicialização.

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