Seleção dos pacotes

Continuando, temos a seleção dos pacotes, que é feita em duas etapas. Primeiro você escolhe as categorias que serão instaladas e, em seguida, indica como quer selecionar os pacotes dentro de cada uma:

Essa mesma divisão é encontrada dentro das mídias de instalação e dentro dos repositórios de pacotes (como no ftp://ftp.slackware-brasil.com.br/slackware-12.2/slackware/), servindo como uma maneira de organizar os pacotes.

Ela surgiu nas primeiras versões do Slackware, quando o sistema ainda era instalado através de disquetes. Naquela época, cada categoria cabia em um disquete, de forma que ao copiar o sistema você precisava gravar apenas os disquetes das categorias que pretendia instalar.

De lá pra cá, muita coisa mudou, mas a divisão em categorias persiste como o meio de definir rapidamente o que deve ser instalado. Entender a organização destas categorias e conhecer os pacotes principais ajuda bastante a entender como o sistema funciona. Vamos então a uma descrição mais detalhada de cada uma:

A – Esta é a categoria que inclui os pacotes básicos do sistema, incluindo o kernel, o interpretador de comandos e um conjunto de bibliotecas básicas. Ela é a única categoria realmente obrigatória dentro da instalação. Mesmo desmarcando todas as outras, você ainda terá uma instalação enxuta do sistema, em modo texto.

Alguns pacotes que podem ser desmarcados com segurança são o “cups” (necessário apenas se você vai usar impressoras), o “reiserfsprogs” e o “xfsprogs” (necessários apenas se você pretende usar partições formatadas em reiserfs ou XFS).

AP – Esta categoria contém vários aplicativos de modo texto. Alguns que você não deve deixar de instalar são o “alsautils”, que contém utilitários para configurar a placa de som e o “cdparanoia”, “cdrdao”, “cdrtools” e “dvd+rw-tools”, que são necessários para gravar CDs e DVDs. Talvez você se sinta tentado a desmarcar o “ghostscript”, que é o maior pacote dentro da categoria, mas ele é mais importante do que parece, necessário para o suporte a impressão e visualização de arquivos PDF.

D – Um dos problemas do Slackware é que o repositório inclui um volume relativamente modesto de pacotes, deixando de fora muitos aplicativos que estão disponíveis em distribuições baseadas no Debian ou no Fedora, por exemplo. Isso faz com que, em muitos casos, a única solução para instalar um determinado programa seja compilá-lo a partir do código-fonte. Esta não é necessariamente uma tarefa difícil, desde que você tenha instalados os compiladores e bibliotecas necessários, incluídos nesta categoria. Como todos acabam sendo necessários em uma situação ou outra, é conveniente manter todos marcados.

TCL – O TCL é uma biblioteca gráfica usada por alguns aplicativos, como o Amsn (cliente do MSN) e o Nicotine (um programa P2P). Estes programas são fáceis de reconhecer, pois possuem um visual distinto (um pouco ao estilo do Windows 95), diferente dos programas do KDE e do GNOME. Os pacotes do TCL/TK não são grandes, por isso vale a pena mantê-los instalados, mas, não são obrigatórios; você pode desmarcar a categoria se não for usar nenhum destes programas.

K – Esta categoria contém um único pacote, o “kernel-source”, que contém o código-fonte do kernel instalado. Você vai precisar dele se resolver brincar de recompilar o kernel e também para instalar alguns drivers de placas wireless e modems. Para outros, o pacote “kernel-headers” (que faz parte da categoria D) é suficiente.

KDE – Esta categoria contém os pacotes do KDE, misturando as bibliotecas básicas e diversos programas. Os pacotes base do KDE são o “kdebase”, “kdelibs”, “kdeutils” e “qt-3” (que faz parte da categoria L).

Outros pacotes importantes são o “kdeaddons” (utilitários e applets), “kdeadmin” (que contém o painel de controle e outras ferramentas de configuração), “kdenetwork” (utilitários e suporte a vários protocolos de rede através do Konqueror) e o “koffice”, que contém o Kword, Kspread e os outros aplicativos que compõe a suíte.

Alguns pacotes são inteiramente opcionais, como o “kdegames” (jogos), “kdeedu” (programas educativos), “kdetoys” (bobagens em geral), “kdepim” (agenda de compromissos e alarme) e o “kdevelop”, que é útil apenas para desenvolvedores.

KDEI – Estes são os pacotes de internacionalização do KDE. Você precisa instalar o pacote “kde-i18n-pt_BR” para ter suporte ao português do Brasil. Ao contrário das outras categorias, todos os pacotes ficam desmarcados e você pode escolher apenas as traduções que for usar. Se desejar, você pode instalar mais de uma e alternar entre elas através do painel de controle do KDE. Marque também o “k3b-18n”, que inclui as traduções do K3B (para todas as linguagens) e, caso pretenda usar o Koffice, marque o “koffice-l10n-pt_br”.

L – Esta é uma das categorias mais importantes, pois concentra bibliotecas usadas pela maior parte dos aplicativos. Alguns pacotes especialmente importantes são o “alsa-driver”, “alsa-lib” e “alsa-oss” (que inclui drivers e bibliotecas necessários para ativar a placa de som usando os drivers alsa), “gtk+-1.2” e “gtk+-2.2” (que compõe a biblioteca GTK, base de muitos aplicativos) e o “libusb” (a biblioteca base para suporte a dispositivos USB). Esta categoria contém também o pacote “jre-6u6”, que instala o interpretador Java, incluindo o plugin para o Firefox.

N – Esta categoria mistura bibliotecas, clientes e servidores de rede. Você não pode desmarcá-la completamente, caso contrário você simplesmente ficará desconectado, mas é importante analisar o conteúdo e desmarcar servidores (como o Apache, Samba, SSH e Sendmail) que não for explicitamente usar, caso contrário você criará brechas de segurança.

Alguns pacotes importantes são: “tcpip” (suporte a TCP/IP, necessário para se conectar à Internet ou qualquer tipo de rede), “wireless-tools” (suporte a redes Wireless, incluindo bibliotecas e ferramentas de configuração), “wpa_supplicant” (necessário para se conectar à redes Wireless com encriptação WPA ou WPA2), “ppp” (suporte genérico a conexões discadas, incluindo modem, ISDN e ADSL PPPoE), “rp-pppoe” (ferramentas para se conectar via ADSL com autenticação), “openssl” (bibliotecas de encriptação, usadas por muitos programas), “dhcpcd” (cliente para configurar a rede via DHCP) e “iptables” (o firewall padrão do sistema, que pode ser tanto configurado manualmente, quanto através de programas como o Firestarter).

Os pacotes que contém servidores, que você deve instalar apenas quando realmente for utilizá-los são: “apache” (servidor web), “bind” (servidor DNS), “dhcp” (neste caso o servidor DHCP, não o cliente), “openssh” (o servidor SSH), “proftpd” (servidor FTP), “samba” (servidor de arquivos), “sendmail” (servidor SMTP), “imapd” (servidor IMAP), “pop3d” (servidor POP) e o “vsftp” (outro servidor FTP).

Outros pacotes, como o “bitchx”, “elm”, “pine”, “irssi”, “lftp”, “tin” e “wget” são aplicativos clientes, em modo texto, que você pode instalar ou não, de acordo com seu uso.

X – Esta categoria contém os pacotes do X.org, o servidor gráfico base do sistema. Sem estes pacotes, você fica restrito ao modo texto. Normalmente, você só desmarca esta categoria ao configurar um servidor dedicado, onde todos os componentes não essenciais são removidos, para eliminar potenciais brechas de segurança e deixar todo o espaço em disco, memória e processamento disponíveis para uso dos serviços instalados.

XAP – Esta categoria concentra aplicativos gráficos que não fazem parte do KDE, como o “abiword” (processador de texto), “gimp” (o editor de imagens), “gxine” (player de vídeo), “mozilla-firefox” e “mozilla-thunderbird” (o navegador e cliente de e-mails), “xchat” (cliente de IRC) e o xmms (o player de áudio), junto com outros gerenciadores de janelas, como o “fluxbox”, “windowmaker” e o “xfce”.

Esta categoria contém também o pacote “xine-lib” (que contém as bibliotecas com suporte a vários formatos de vídeo, usadas como base para o gXine, Kaffeine e outros players de vídeo), o “imagemagick” (uma coleção de ferramentas para processamento e manipulação de imagens, usada por diversos aplicativos) e o “sane” (a biblioteca que provê suporte a scanners no Linux). O Sane trabalha em conjunto com o Xsane (instalado através do pacote “xsane”), que se encarrega de detectar scanners compatíveis e escanear imagens.

As categorias com pacotes mais específicos, que você pode remover com segurança são:

E (Emacs): O Emacs é um dos editores mais usados por quem programa em C. Ele é bastante poderoso, mas também muito complexo e grande: ele sozinho consome mais de 60 MB de espaço no HD. Se você não pretende utilizá-lo, não existe nenhum motivo para instalá-lo.

F– Esta categoria contém dois pacotes, o “linux-faqs” e o “linux-howtos”, que instalam uma coleção de howtos e faqs técnicos sobre o sistema, que ficam disponíveis na pasta “/usr/doc”. Você também pode ler as versões atualizadas dos textos no http://tldp.org.

T – O Tex é uma linguagem de formatação (como o html, mas muito mais elaborado) muito usada no meio acadêmico, principalmente dentro da área de exatas. Esta categoria contém os editores, fontes e manuais necessários pra produzir documentos neste formato.

Y – Esta categoria contém apenas um pacote, o “bsdgames” (composto por um conjunto de jogos de modo texto). Ela é na verdade apenas um fóssil das primeiras versões do sistema, que por algum motivo continua sendo incluído.

Depois de marcar as categorias, você tem a chance de escolher os pacotes disponíveis dentro de cada uma. Se você tiver um HD grande e não se importar em sacrificar um pouco de espaço, você pode simplesmente manter os pacotes padrão e adicionar mais algumas coisas específicas de que precise.

Fazer uma instalação mais parruda do Slackware não faz muita diferença do ponto de vista do desempenho, pois mesmo instalados, os vários serviços podem ser desabilitados no final da instalação. Ou seja, só ocuparão um pouco mais de espaço em disco.

Além de não ter a preocupação de ter de ficar imaginando quais pacotes você precisa ou não (acredite, nem quem trabalha diariamente com Linux conhece a função de todos os pacotes incluídos em uma distribuição atual), você vai ter uma facilidade muito maior em usar o sistema e, principalmente, instalar novos programas, pois todas as bibliotecas e outros componentes eventualmente necessários já estarão à mão.

A opção “Full” é a mais rápida, você simplesmente instala quase todos os pacotes dentro das categorias marcadas, mantendo a configuração default do sistema. A opção “Expert” é o oposto, ela exibe a descrição de cada pacote e vai perguntando (um por um!) se o pacote em questão deve ser instalado ou não. Ela torna a instalação um processo muito mais demorado e propenso a erro (já que a ausência de um sistema de verificação de dependências faz com que o instalador não se manifeste nem mesmo se você desmarcar um pacote essencial, como o kernel), o que faz com que ela seja raramente usada.

A opção “Menu” é a ideal para fazer um ajuste fino, pois você poderá escolher quais pacotes instalar dentro de cada categoria através de um sistema de menus. A opção “Newbie” por sua vez é uma versão simplificada da opção Expert. Ela instala a maior parte dos pacotes automaticamente (dentro das categorias marcadas), mas pergunta sobre os pacotes considerados opcionais, exibindo a descrição de cada um. Se você lê em inglês, esta opção é interessante para aprender um pouco mais sobre os pacotes que compõe o sistema.

Qualquer que seja a escolha, é importante que você marque a categoria “KDEI”, que inclui os pacotes de internacionalização para o KDE e, dentro dela, o pacote “kde-i18n-pt_BR”, que inclui as traduções para o português do Brasil:

Durante a cópia dos arquivos, são exibidas as descrições de todos os pacotes, conforme eles são instalados. Na época dos 486, a instalação demorava muito mais e realmente dava tempo de ler todas as descrições, o que acabava sendo um bom passatempo; mas, hoje em dia, tudo acontece muito rápido.

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