Instalação de programas

O Slackware trabalha com um formato próprio de pacotes, o .tgz, que é provavelmente o sistema de gerenciamento de pacotes mais simples ainda em uso. Os pacotes .tgz são simplesmente arquivos compactados, que ao serem instalados são descompactados no diretório raiz do sistema. Se o pacote contém o arquivo “usr/bin/adsl-setup”, por exemplo, ao instalá-lo será criado o arquivo “/usr/bin/adsl-setup”.

Ao contrário de outras distribuições, os pacotes do Slackware não utilizam nenhum sistema de controle de dependências. Você poderia remover alguma peça fundamental do sistema, como o libc ou o kernel e o gerenciador de pacotes não emitiria nenhum tipo de alerta (você só perceberia o erro quando o sistema parasse de funcionar).

O mesmo acontece ao instalar novos pacotes: nada impede que você instale um novo programa sem instalar junto outros pacotes com bibliotecas e componentes adicionais dos quais ele precise para funcionar, mas, por outro lado, não existe nenhuma garantia de que ele vá realmente funcionar sem eles.

Isso é ao mesmo tempo uma vantagem e uma desvantagem. Desvantagem no sentido de que é necessário muito mais conhecimento sobre as relações entre os pacotes para instalar ou remover programas sem destruir nada, e vantagem por que você tem liberdade para fazer o que quiser (inclusive destruir o sistema) sem nenhum gerenciador de pacotes chato reclamando sobre dependências não satisfeitas e pacotes quebrados. Você pode aprender na prática o que acontece ao remover o pacote X ou ao instalar o pacote Y sem instalar junto o pacote Z, e assim aprofundar seus conhecimentos sobre a estrutura do sistema.

Do ponto de vista do aprendizado, o sistema do Slackware é interessante, pois lhe dá uma liberdade muito maior para fuçar no sistema e aprender, se necessário destruindo e reinstalando o sistema sucessivas vezes. Porém, em um PC de trabalho, a ideia não é tão boa assim.

A questão das dependências é minimizada no Slackware através de uma política de redução no número de pacotes, agrupando os componentes em pacotes maiores. Por exemplo, no Debian o Samba é composto por 5 pacotes separados: samba (o servidor), smbclient (o cliente), samba-common, samba-doc e smbfs, enquanto no Slackware existe um único pacote (o “samba”, que faz parte da categoria “N”), que agrupa todos os componentes.

A vantagem dessa abordagem é que a configuração é simplificada, evitando casos como a montagem de compartilhamentos do Samba via linha de comando no Ubuntu, que só funciona depois de instalar o pacote “smbfs”. No Slackware, você simplesmente instala o pacote principal e tem acesso a todos os componentes. A desvantagem, por outro lado, é que você perde em flexibilidade, já que não é possível instalar apenas o smbclient, sem precisar instalar junto o servidor e a documentação.

Para gerenciar os pacotes instalados, o Slackware conta com o pkgtool, um utilitário de modo texto que permite instalar e remover pacotes, verificar o conteúdo dos pacotes instalados e ver detalhes sobre eles. Para usá-lo, basta chamá-lo em um terminal, como root:

# pkgtool

Na opção “Current” são mostrados os arquivos .tgz presentes no diretório a partir da onde o comando foi executado. Se você executar o pkgtool dentro de um diretório com vários pacotes, o instalador mostra o nome e descrição de cada um e vai perguntando se cada pacote deve ser instalado (assim como ao escolher a opção “Advanced” durante a instalação do sistema). A opção “Other” é similar, mas permite que você especifique manualmente o diretório onde estão os pacotes.

A opção “Remove” é provavelmente a mais usada. Ela mostra um menu com os pacotes atualmente instalados, permitindo que você marque pacotes que deseja desinstalar. Note que o gerenciador não emite nenhum aviso ao tentar remover pacotes essenciais, por isso tome nota dos pacotes que remover, para poder reinstalá-los depois, caso perceba a falta de alguma função importante.

Instalar e remover pacotes e ir pesquisando detalhes sobre eles é um bom exercício para entender melhor os componentes do sistema. Como comentei, o Slackware utiliza uma estrutura mais simples do que em outras distribuições, o que faz com que seja composto por um número muito menor de pacotes e seja, por isso, muito mais fácil de entender. Você pode começar, removendo pacotes de que não vai precisar, como o “kdeedu”, “kdetoys”, e o “kdevelop” e a partir daí ir vasculhando a lista em busca de outros que possam ser removidos:

Desde que você mantenha uma lista dos pacotes que está removendo, não existem grandes riscos para a integridade do sistema, já que você pode instalá-los novamente usando o installpkg. Se você remover o pacote “kdebase” (que inclui as bibliotecas básicas do KDE), por exemplo, o KDE vai deixar de abrir, até que você o instale novamente. 🙂

Os únicos pacotes que você realmente não pode remover, sob pena de realmente quebrar o sistema são os pacotes do kernel e os pacotes que fazem parte da categoria “a”, que inclui os componentes básicos do sistema.

Continuando, você pode também instalar pacotes diretamente a partir da linha de comando. Para isso, acesse o diretório onde está o pacote e use o comando installpkg, seguido pelo nome do arquivo, como em:

# installpkg amarok-1.4.9.1-i486-1.tgz

Os nomes dos pacotes sempre são um pouco longos, pois incluem a versão, arquitetura e número de revisão. Para facilitar, use a tecla TAB para completar o comando, depois de digitar as primeiras letras.

Para remover um pacote, use o comando “removepkg”, seguido pelo nome do pacote (sem a extensão), como em:

# removepkg amarok

Para instalar uma versão mais recente de um pacote, atualizando a versão atualmente instalada no sistema, você usa o comando upgradepkg. Ele se encarrega de remover o pacote antigo e instalar o novo. Se, por exemplo, você baixou uma nova versão do Amarok, disponível na pasta “xap/” do slackware-current, o comando para atualizar a versão atual seria:

# upgradepkg amarok-1.4.10-i486-1_slack12.1.tgz

Por não ser baseado num utilitário gráfico, o sistema de gerenciamento do Slackware parece um pouco desconfortável no início, mas com a prática ele se revela bastante fácil de usar. Por exemplo, para instalar a versão mais recente do bittorrent (que não faz parte da instalação padrão) você visitaria o http://www.slackware.com e acessaria um dos mirrors listados na página “Get Slack”, como o ftp://ftp.slackware-brasil.com.br/.

Dentro de cada mirror estão disponíveis os pacotes de várias versões, mas os que interessam são os da pasta referente à versão atual (os estáveis) ou os pacotes experimentais, disponíveis na pasta “slackware-current”.

O pacote do bittorrent está na pasta “extra/bittorrent/“. Enquanto escrevo, o pacote disponível é o “bittorrent-4.4.0-noarch-2.tgz”. Note que o “4.4.0” no nome corresponde à versão: é por ele que você sabe se o pacote é mais recente ou não do que o que você já tem instalado.

Depois de baixar o pacote, bastaria acessar o diretório onde ele foi salvo e instalá-lo usando o comando do installpkg, como root:

# installpkg bittorrent-4.4.0-noarch-2.tgz

Se por acaso amanhã aparecer uma versão mais recente no slackware-current, o “bittorrent-5.0.1-noarch-1.tgz” por exemplo, você usaria o:

# upgradepkg bittorrent-5.0.1-noarch-1.tgz

… para atualizar a versão que tiver instalada, mantendo todas as configurações.

Se depois você mudar de ideia e resolver remover o pacote, é só usar o removepkg para sumir com ele do mapa:

# removepkg bittorrent

Se você não lembrar qual era exatamente o nome do pacote, basta chamar o pkgtool, acessar a opção Remove e selecioná-lo na lista.

Na grande maioria dos casos, o comando para chamar um programa é o próprio nome do pacote: “firefox”, “thunderbird”, “kwrite”, “konqueror” etc. A maior parte dos programas cria um ícone no iniciar (pelo menos no KDE e no GNOME) ao serem instalados, mas sempre existem exceções. Nesses casos, você pode criar o ícone manualmente usando o kmenuedit, que você acessa clicando com o botão direito sobre o ícone do iniciar.

Concluindo, temos a questão da atualização do sistema. Diferente do Ubuntu e outras distribuições, onde um gerenciador fica disponível ao lado do relógio, avisando (muitas vezes de forma até irritante) quando existem atualizações disponíveis, no Slackware elas são discretamente disponibilizadas através do diretório “patches/packages/” disponível nos mirrors, de onde precisam ser baixados manualmente, como em:
ftp://ftp.slackware-brasil.com.br/slackware-12.2/patches/packages

Dependendo da época, o diretório pode conter um bom volume de pacotes, mas você precisa se preocupar apenas com os que estão instalados no seu micro (afinal, não existe por que se preocupar com atualizações para um software que não está instalado em primeiro lugar :). Você pode simplesmente baixar todos os pacotes que vai atualizar para um diretório e instalá-los usando o installpkg:

# installpkg *.tgz

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