ZX80 e o Atari 800

Voltando à história, em 1979 surgiu um outro modelo interessante, desta vez da Sinclair, o ZX80. Ele não era tão poderoso quanto o Apple II, mas tinha a vantagem de custar apenas 99 dólares (pouco mais de 400 dólares em valores corrigidos). Ele foi o computador mais popular até então, com 100.000 unidades vendidas (entre 1979 e 1981), sem contar uma grande quantidade de clones, produzidos em diversos países ao longo da década de 80.

O ZX80 era baseado no chip NEC-780C, um clone do Z80, que operava a 3.25 MHz. Ele era relativamente poderoso para os padrões da época, mas aquecia bastante. Segundo as más línguas, ele foi o primeiro processador overclocado da história. 🙂

Para cortar custos, ele vinha de fábrica com apenas 1 KB de memória RAM, combinados com 4 KB de memória ROM, que armazenava o interpretador BASIC usado pelo aparelho. Como em qualquer sistema popular da época, os programas eram armazenados em fitas K7 e ele era ligado diretamente na TV:

Considerando o preço, o ZX80 foi uma máquina surpreendente, mas claro, tinha pesadas limitações, mesmo se comparado com outras máquinas da época. Apesar de já vir com uma saída de vídeo, a resolução gráfica era de apenas 64×48, mesmo em modo monocromático, já que o adaptador de vídeo tinha apenas 386 bytes de memória. Existia também uma opção de modo texto (usada para programas em BASIC, por exemplo), com 32×24 caracteres.

O chip Z80 surgiu como uma versão aprimorada do 8080, desenvolvido pela Zilog. Ele e suas inúmeras variantes se tornaram incrivelmente populares, superando as vendas de qualquer outro processador da história.

Versões modernizadas do Z80 (que conservam o mesmo projeto básico, mas são produzidas com técnicas modernas de fabricação e trabalham a frequências mais altas) fazem sucesso até hoje, sendo utilizadas em todo tipo de eletrônicos, incluindo impressoras, aparelhos de fax, controladores diversos, robôs de uso industrial, brinquedos, calculadoras, videogames (incluindo o GameBoy e GameBoy Color), diversos modelos de mp3players, entre inúmeros exemplos. Apesar de não ser nenhum campeão de velocidade, o Z80 é um chip extremamente barato e fácil de programar, já que todos os seus truques são bem conhecidos e documentados.

Aqui no Brasil tivemos os TK80 e os TK82 da Microdigital, além do NE-Z80 da Prológica, produzidos na época da reserva de mercado. Eles concorriam com os computadores compatíveis com os Apple, como o AP II, Exato, Craft II e Magnex M10. A linha CP (200, 300, 400 e 500) da Prológica era baseada em chips Z80 e havia também os clones da linha MSX, como os Expert 1.0 e Expert Plus.

A reserva de mercado estagnou o desenvolvimento tecnológico do país, de forma que clones de computadores de 8 bits, lançados há uma década atrás era tudo que nossa indústria conseguia produzir. Isso perdurou até 1992, quando a reserva de mercado foi abolida, permitindo a entrada de computadores importados. Em pouco tempo, todos esses computadores de 8 bits foram substituídos por PCs 386 e 486.

Concluindo nosso passeio pela década de 70, outro que não poderia deixar de ser citado é o Atari 800. Sim, apesar de ser mais vendido como uma plataforma para jogos, o Atari 800 também podia ser usado como um computador relativamente poderoso, chegando a ser adotado nos laboratórios de informática de algumas universidades. Ele conviveu com o Atari 2600 (o vídeogame) e vinha de fábrica com 16 KB de memória RAM, que podiam ser expandidos para até 48 KB, com mais 10 KB de memória ROM. O sistema operacional era o Atari-OS, uma versão do BASIC:

Atari 800

Originalmente, o sistema vinha apenas com a entrada para os cartuchos, com o sistema operacional ou jogos, mas era possível adquirir separadamente uma unidade de disquetes, que o transformavam num computador completo. Não existiram muitos programas para o Atari, já que o foco foram sempre os jogos. A principal função do Atari como computador era desenvolver programas em BASIC, por isso seu uso em escolas.

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