O Altair

O 8080 foi o chip usado no Altair 8800 que, lançado no final de 1974, é considerado por muitos o primeiro computador pessoal da história. Na época, computadores eram grandes e absurdamente caros, por isso poucos tinham oportunidade de ter contato com um. Mesmo nos cursos de programação, tudo era feito em papel e apenas os mais sortudos tinham a chance de rodar os programas em um computador real. Tendo isso em mente, não é difícil de imaginar o furor que o lançamento do Altair gerou:

Capa da revista “Popular Electronics” e um anúncio do kit do Altair 8800

No modelo básico, o Altair custava apenas 439 dólares na forma de kit (onde você precisava soldar manualmente todos os componentes). Em valores corrigidos, isso equivale a quase 4 mil dólares, mas na época esse valor foi considerado uma pechincha, tanto que foram vendidas 4000 unidades em apenas 3 meses, depois que ele foi capa da revista Popular Eletronics.

Esse “modelo básico” consistia nas placas, luzes, chips, gabinete, chaves e a fonte de alimentação, junto, claro, com o manual de montagem. Existia a opção de comprá-lo já montado, mas custava 182 dólares (da época) a mais.

Ele vinha com apenas 256 bytes de memória, realmente bem pouco, mesmo para os padrões da época. Estava disponível também uma placa de expansão para 4 KB, que custava US$ 264 na forma de kit. Em teoria, seria possível instalar até 64 KB, mas o custo tornava o upgrade inviável.

Hoje em dia, com módulos de 2 GB custando menos de 100 reais, pode parecer estranho que os computadores da época usassem tão pouca memória RAM. Como pode imaginar, a questão central não era a vontade ou a utilidade, mas sim a questão do preço. Em 1974 a memória RAM custava cerca de US$ 50 por kbyte (2 GB de memória custariam 100 milhões de dólares…), o que tornava impraticável o uso de mais do que 4 ou 8 KB em computadores pessoais.

Em sua versão básica, o Altair não tinha muita utilidade prática, a não ser a de servir como fonte de aprendizado de eletrônica e programação. Entretanto, pouco tempo depois, começaram a surgir vários acessórios para o Altair: um teclado que substituía o conjunto de chaves que serviam para programar o aparelho, um terminal de vídeo (bem melhor que ver os resultados na forma de luzes…), um drive de disquetes (naquela época ainda se usavam disquetes de 8 polegadas), placas de expansão de memória e até um modelo de impressora. Até mesmo Bill Gates (antes mesmo da fundação da Microsoft) participou, desenvolvendo uma versão do Basic para o Altair.

Se você tivesse muito dinheiro, era possível chegar a algo que se parecia com um computador moderno, capaz de editar textos e criar planilhas rudimentares. Algumas empresas perceberam o nicho e passaram a vender versões “completas” do Altair, destinadas ao uso em empresas, como neste anúncio, publicado na revista Popular Eletronics, onde temos um Altair “turbinado”, com terminal de vídeo, impressora, dois drives de disquete e 4 KB de memória:

O Altair serviu para demonstrar a grande paixão que a informática podia exercer e que, ao contrário do que diziam muitos analistas da época, existia sim um grande mercado para computadores pessoais.

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