Usando o yum

O yum é o gerenciador de pacotes usado por padrão no Fedora, assumindo o papel que no Debian e no Ubuntu é desempenhado pelo apt-get. O yum foi originalmente desenvolvido pela equipe do Yellow Dog (uma distribuição baseada
no Red Hat, destinada a computadores com chips PowerPC) e foi sistematicamente aperfeiçoado pela equipe da Red Hat, até finalmente assumir o posto atual.

Ele trabalha de forma bastante similar ao apt, baixando os pacotes a partir dos repositórios especificados nos arquivos de configuração, junto com as dependências necessárias. Assim como o apt-get, ele é capaz de solucionar
conflitos automaticamente e pode ser também usado para atualizar o sistema. Essencialmente, o yum e o apt solucionaram o antigo problema das dependências (um pacote precisa de outro, que por sua vez precisa de um terceiro) que atormentava os usuários de
distribuições mais antigas.

Apesar disso, existem muitas diferenças entre o Fedora e o Debian. Uma delas é o formato dos pacotes utilizados: o Fedora utiliza pacotes .rpm, enquanto o Debian utiliza pacotes .deb. Ambos também utilizam repositórios
separados, com pacotes construídos especificamente para cada uma das duas distribuições, de forma que existem algumas diferenças nos nomes dos pacotes e também em muitos dos arquivos de configuração do sistema.

Voltando ao yum, para instalar um pacote use o comando “yum install”, como em:

# yum install evince

Para removê-lo posteriormente, use o “yum remove” como em:

# yum remove evince

Diferente do apt-get, onde você precisa rodar o “apt-get update” antes de cada instalação para atualizar a lista de pacotes, o yum faz a atualização automaticamente cada vez que uma instalação é solicitada, checando os
repositórios, baixando os headers dos pacotes e calculando as dependências antes de confirmar a instalação.

Naturalmente, a praticidade também tem seu preço, pois torna a instalação de pacotes usando o yum mais demorada do que seria ao utilizar o apt-get, já que ele precisa baixar e processar todas as informações antes mesmo de
confirmar a instalação do pacote e começar o download.

Você pode evitar isso de duas maneiras. A primeira é editar o arquivo “/etc/yum.conf” e descomentar a linha “metadata_expire=90m” no final do arquivo, alterando o “90m” (que corresponde a 90 minutos) por um valor
maior, como em:

metadata_expire=3d

Isso fará com os dados sejam preservados por até três dias (uma configuração aceitável para um desktop), fazendo com que as operações do yum passem a ser bem mais rápidas.

A segunda opção é adicionar a opção “-C” aos comandos de instalação quando estiver com pressa, o que faz com que o yum ignore a atualização e simplesmente utilize as informações armazenadas no cache da última vez que foi
executado, como em:

# yum -C install k3b

Outro truque é o parâmetro “groupinstall”, que permite instalar grupos inteiros de pacotes de uma só vez. Para instalar o XFCE, por exemplo, você usaria o:

# yum groupinstall xfce

A partir daí, ele ficará disponível na tela de login, de maneira similar ao que temos ao instalar o pacote “xubuntu-desktop” no Ubuntu.

O yum possui também um recurso de busca, que é bastante útil quando você está procurando por um pacote mas não sabe o nome exato, ou em casos de pacotes que possuem nomes diferentes em relação a outras distribuições. Use o
comando “yum search”, seguido por alguma palavra ou expressão que faça parte do nome do pacote ou da descrição, como em:

# yum search lame

Ele retorna um relatório contendo todos os pacotes relacionados, incluindo o texto de descrição de cada um. Isso resulta geralmente em uma lista relativamente longa. Para fazer uma busca mais restrita, procurando apenas nos
nomes dos pacotes, use o parâmetro “list”, como em:

# yum list lame

Ele é bem menos falador, retornando apenas os pacotes que possuem “lame” no nome, sem pesquisar nas descrições.

Uma terceira opção é a “provides”, que mostra os pacotes que incluem um determinado arquivo, pesquisando não no nome ou na descrição, mas sim no conteúdo. Ela é bastante útil em casos em que você precisa de alguma ferramenta
ou biblioteca que faz parte de outro pacote maior, como no caso do mcedit (um editor de texto simples, preferido por muitos por ter atalhos fáceis de usar), que faz parte do pacote “mc”:

# yum provides mcedit 

Para atualizar um pacote já instalado, use o comando “yum update”, como em:

# yum update totem

O comando “yum install” também pode ser usado para atualizar pacotes. A diferença entre o “install” e o “update” é que o “update” se limita a atualizar pacotes já instalados. Ao perceber que o pacote solicitado não está
instalado, ele exibe um aviso e aborta a instalação. Isso reduz a possibilidade de você acabar instalando novos pacotes por engano.

Assim como no caso do apt-get e do aptitude, o yum pode ser usado também para atualizar todo o sistema. Nesse caso, comece usando o parâmetro “check-update”, que lista as atualizações disponíveis:

# yum check-update

Se usado sem especificar um pacote, o “update” vai atualizar de uma vez só todos os pacotes do sistema, de forma similar ao “apt-get dist-upgrade” do Debian:

# yum update 

Existe ainda o comando “yum upgrade”, que é um pouco mais incisivo, incluindo também pacotes marcados como obsoletos (que não existem mais na versão atual). Ele é útil em casos em que é necessário atualizar uma instalação
antiga do sistema:

# yum upgrade

Diferente do apt, que utiliza um arquivo central para a configuração dos repositórios (o “/etc/apt/sources.list”), a lista de repositórios usados pelo yum é dividida em diversos arquivos, organizados na pasta
/etc/yum.repos.d/“.

Quando você adiciona um novo repositório através de um arquivo .rpm (como no caso do RPM Fusion), o que o pacote faz é justamente adicionar os arquivos correspondentes dentro da pasta. O yum verifica os arquivos dentro da
pasta cada vez que é executado, fazendo com que o novo repositório passe a ser usado automaticamente.

Naturalmente, é possível também adicionar repositórios manualmente, criando os arquivos e copiando o conteúdo de algum tutorial ou howto. Um exemplo é o repositório do Google (que oferece os pacotes do Google Earth, Picasa,
Google Desktop e outros). Para adicioná-lo, você criaria o arquivo “/etc/yum.repos.d/google.repo”, com o seguinte conteúdo:

[google]name=Google - i386
baseurl=http://dl.google.com/linux/rpm/stable/i386
enabled=1
gpgkey=https://dl-ssl.google.com/linux/linux_signing_key.pub

Uma vez ativado o repositório, você pode testá-lo instalando alguns dos pacotes disponíveis nele, como em:

# yum install picasa google-desktop-linux

Assim como o apt-get, o yum utiliza chaves GPG para checar a autenticidade dos pacotes antes de fazer a instalação. Cada pacote é assinado digitalmente pelo desenvolvedor, o que atesta que foi realmente gerado por ele. Mesmo
que alguém tentasse adulterar o pacote (incluindo um rootkit ou um script malicioso, por exemplo), não teria como falsificar também a assinatura, o que levaria o yum a reportar o problema e abortar a instalação.

As chaves de verificação dos repositórios são salvas na pasta “/etc/pki/rpm-gpg/”. Originalmente ela inclui apenas as chaves dos repositórios do Fedora, mas ao instalar os pacotes do RPM Fusion, as chaves também serão
adicionadas na pasta.

Em casos em que você precise importar chaves manualmente (como é o caso do repositório Karan, usado no CentOS), é usado o comando “rpm –import”, como em “rpm –import http://centos.karan.org/RPM-GPG-KEY-karan.org.txt”.

Da mesma forma, para remover um repositório posteriormente, você excluiria o arquivo da pasta, para que o yum deixe de usá-lo. É interessante também limpar o cache do yum, usando os comandos:

# yum clean headers
# yum clean packages

Concluindo, temos a instalação de pacotes locais. Para instalar um pacote baixado manualmente, é usado o comando “rpm -U”, que tem uma função análoga ao “dpkg -i” do Debian. Para usá-lo, você deve acessar a pasta onde foi
baixado o arquivo, ou incluir o caminho completo até ele (lembre-se de que você pode usar a tecla Tab para completar o nome do arquivo), como em:

# rpm -U nxclient-3.1.0-6.i386.rpm

Usado dessa forma, o rpm simplesmente instala o pacote silenciosamente, sem exibir qualquer confirmação. Se quiser ver uma barra de progresso e detalhes da instalação, adicione os parâmetros “vh”, como em:

# rpm -Uvh nxclient-3.1.0-6.i386.rpm

Embora o rpm seja o mais usado para fazer instalações locais, devido à simplicidade, você pode também fazer a instalação usando o próprio yum, através do parâmetro “localinstall”, como em:

# yum localinstall nxclient-3.1.0-6.i386.rpm

O problema é que yum verificará a assinatura do pacote e, a menos que ele tenha vindo de um dos repositórios oficiais, reclamará que ele não está assinado, ou que a assinatura não é reconhecida (abortando a instalação), como
em:

Package nxclient-3.1.0-6.i386.rpm is not signed

Se você confia na fonte do pacote, ou seja, tem certeza de que não se trata de um trojan ou de um pacote que inclui algum script malicioso, você pode desativar temporariamente a verificação das assinaturas pelo yum, de forma
que ele permita a instalação do pacote.

Para isso, edite o arquivo “/etc/yum.conf” e substitua a linha “gpgcheck=1” por:

gpgcheck=0

Depois de instalar o pacote, volte ao arquivo e desfaça a alteração, de forma que o yum volte a verificar as assinaturas, o que garante a autenticidade dos pacotes.

A grande vantagem de usar o yum é que ele é capaz de baixar eventuais dependências do pacote automaticamente (caso os pacotes necessários estejam disponíveis nos repositórios), enquanto o rpm se limita a avisar sobre o
problema e abortar a instalação.

Finalmente, caso precise configurar o yum para utilizar um servidor proxy, edite o arquivo “/etc/yum.conf” e adicione a linha abaixo no final do arquivo, especificando o endereço do proxy e a porta usada por ele, como
em:

proxy=http://192.168.1.1:3128

Caso o proxy exija autenticação, são necessárias duas linhas adicionais, especificando o login e a senha de acesso:

proxy=http://192.168.1.1:3128
proxy_username=usuario
proxy_password=senha

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