Windows: Entendendo o NTFS

Windows: Entendendo o NTFS
Com o sistema de arquivos NTFS, um modelo fechado e proprietário da Microsoft, você pode configurar regras de segurança para o computador, baseadas em permissões de usuário. Esse recurso não é novo, está sendo muito difundido com o Windows XP, mas apenas porque o XP tem versão para uso doméstico, substituindo a antiga dupla MS-DOS e Windows 9x/Me. O NTFS vem do Windows NT, lá de antes mesmo do Windows 95!

O Windows NT e seus descendentes, Windows 2000, XP, etc. são baseados no conceito de contas de usuário. Basicamente cada pessoa que usa o computador com certa freqüência, precisa ter uma conta de usuário. Ao entrar no sistema (ao fazer logon, ao “se logar”) a pessoa se identifica, normalmente digitando um nome e uma senha (para provar que realmente possui direitos de usar aquela conta de usuário). Aparece então a área de trabalho dela. Ao sair do sistema (ao “fazer logoff”), seus arquivos são fechados e suas configurações são salvas. Quando outro usuário entrar com outra conta, não verá os ícones nem arquivos da pessoa anterior. Cada um possui a sua área de trabalho e pasta “Meus documentos”, entre outras, além das configurações de cores, fontes, etc. Além da individualização e personalização, existem alguns tipos de contas. Os mais comuns são dois: administrador e usuário limitado. Os administradores podem alterar configurações gerais da máquina, instalar software e hardware, etc.

Os usuários limitados podem usar o computador, mas não podem alterar configurações que afetam outros usuários nem a máquina em geral. Normalmente não podem instalar programas, embora alguns até seja possível, geralmente quem determina isso são os desenvolvedores dos programas. A idéia é usar uma conta de administrador para acessar o computador ao fazer manutenção, instalar programas ou configurar as coisas. E usar a conta de usuário para o uso do dia-a-dia, além de manter as pessoas que usam o mesmo computador com contas de usuário separadas. Esses recursos podem ser utilizados tanto em unidades formatadas com o sistema de arquivos FAT como em NTFS, porém o FAT / FAT32 não limita o acesso às pastas e arquivos. Qualquer um pode apagar o que quiser, ver, copiar, modificar… Inclusive os vírus. Aí entra o NTFS: ele concede ou nega acesso a determinadas pastas ou arquivos baseado na conta de usuário, e nos direitos atribuídos a mesma. Você pode criar um arquivo e impedir que seus filhos o apague, por exemplo. E se um vírus for executado com a conta de usuário do seu filho, o seu arquivo não será afetado.

Com o NTFS, as pastas e arquivos do sistema possuem novas propriedades. Usuários com conta limitada não podem ver arquivos dos outros usuários, muito menos alterá-los ou apagá-los. Não podem nem mesmo instalar programas em pastas do sistema, como a “Arquivos de programas” ou a pasta do Windows. Ao navegar na Internet com uma conta de usuário limitada, se o HD estiver formatado em NTFS, a segurança será enorme. Se um vírus for instalado mesmo que propositalmente, ele não conseguirá fazer muita coisa: não poderá alterar configurações que abrangem o sistema como um todo, nem mesmo as outras contas de usuários. Os maiores danos seriam na conta usada para executar o vírus, e fazer logoff e entrar com outra conta poderia facilmente solucionar o problema.

Em empresas, lan houses, escritórios etc. é uma boa idéia manter o NTFS. Os funcionários ou usuários podem trabalhar, acessar a Internet, salvar arquivos nas suas pastas pessoais ou naquelas autorizadas pelo administrador do computador. Mas não poderão fazer alterações danosas, nem acidentalmente. Mesmo em casa é muito interessante: o pai e a mãe usam uma conta de administrador, e deixam uma conta de usuário restrito para o filho. Para instalar programas, usa-se a conta de administrador (devendo, para isso, fornecer a senha, que obviamente o filho não saberia).

O NTFS tem ainda os recursos de criptografia e compactação de dados, comentados rapidamente no capítulo anterior. Hoje em dia é besteira usar essa compactação, dada a alta capacidade dos discos rígidos. A criptografia pode ser interessante para proteção avançada: nenhum outro usuário do computador conseguirá ler os arquivos criptografados. Nem mesmo se roubar o HD. Porém, em contrapartida, se o usuário perder a senha ou precisar redefini-la sem usar o recurso de “troca de senha”, pode dizer então adeus aos arquivos protegidos.

Outros sistemas operacionais têm dificuldades ao trabalhar com volumes NTFS, afinal é um sistema de arquivos fechado e não documentado (tudo bem, ele é fornecido para o usuário final utilizar seus recursos, e não para modificá-lo nem copiá-lo para outras plataformas). Alguns programas para Linux vêm conquistando espaço nessa área, podendo ler e até mesmo gravar arquivos em partições NTFS, embora isso não seja recomendável, pois pode-se corromper (e, consequentemente, perder) arquivos. Estando criptografados, a proteção é extremamente grande. E o processo é invisível para o usuário: o proprietário dos arquivos pode usá-los normalmente enquanto estiver logado. No entanto, ao copiar estes arquivos para CDs ou disquetes, ou enviá-los pela Internet, eles perderão a criptografia, visto que essas mídias não usariam o NTFS. Aí dever-se-ia usar então um programa de criptografia de terceiros, para proteger os dados num CD ou outra mídia qualquer.

No Windows XP, no item “Contas de usuário” do painel de controle, haverá um item para tornar os arquivos particulares. Fazendo isso, as outras contas não poderão acessar as pastas do usuário, que ficam por padrão em C: Documents and settings Nome do Usuário. Estas pastas incluem a área de trabalho e os Meus documentos, entre outras. Infelizmente o Windows XP dificulta a alteração das propriedades das permissões de pastas e arquivos, ele não exibe a guia “Segurança”, nas propriedades dos arquivos. Essa guia é exibida normalmente no Windows 2000. Mas não é complicado, basta desativar o item “Usar compartilhamento simples de arquivo”, nas opções de pasta. Fazendo isso, a guia “Segurança” passa a ser exibida ao acessar as propriedades das unidades, pastas e arquivos, no XP.

Além de permissões de acesso, o NTFS permite atribuir cotas de disco para cada conta de usuário. Por exemplo, você pode definir uma cota de 100 MB para seu filho. Todos os arquivos dele juntos, estejam eles em quaisquer pastas NTFS, não poderão ultrapassar 100 MB. Ele será notificado quando a cota chegar próximo disso, e após, poderá ter o acesso negado em disco. Isso evita que ele fique gravando porcaria no HD, mantendo apenas o essencial. Veja que deve-se aplicar esta dica com responsabilidade. Numa empresa, por exemplo, pode ser terrível se um funcionário não conseguir salvar o relatório da semana porque sua cota está cheia. Sem o técnico ou administrador por perto… Já imaginou o caos que seria, não?! Vale lembrar que os arquivos temporários ficam no perfil do usuário, portanto, contabilizam na cota. Para alterar as configurações da cota de espaço em disco, exiba as propriedades da unidade desejada, clicando nela com o botão direito e escolhendo “Propriedades”, no “Meu computador”. Abra então a guia “Cota”. Consulte a ajuda do Windows para maiores informações.

Para que essa proteção toda seja possível, o NTFS configura o dono da pasta ou arquivo. O “dono” é quem tem o direito de renomear, apagar, editar. O dono ou os administradores podem nomear outros donos para uma pasta ou arquivo. E pode definir, por exemplo, que os usuários limitados podem ver mas não podem modificar alguma pasta ou arquivo. Por exemplo, na sua casa você deixa disponível fotos da família numa pasta especial, e limita o acesso aos usuários apenas para visualização. Dessa forma seus filhos podem ver as fotos e copiá-las, mas não apagá-las.

Os administradores podem ver qualquer arquivo ou pasta, podem se apropriar dos mesmos (apropriar aqui = tornar-se o “dono”), inclusive podem apagá-los. Não há limites de cota para as contas com direitos administrativos, embora o limite possa ser configurado, ele não será aplicado para os administradores. Eles só não conseguirão acessar arquivos de outras contas se os mesmos estiverem criptografados.

O Windows possui também a conta de convidado, ideal para quem não usa o computador com freqüência. Ela deve ser ativada nas contas de usuários, no painel de controle. Ela é uma conta limitada ainda mais restrita, as configurações alteradas pelos “convidados” não são salvas. Em conjunto com o NTFS, a conta de convidado torna o uso do computador mais seguro, especialmente ao navegar na Internet.

Outros sistemas operacionais, como o Linux, também têm configurações semelhantes a estas oferecidas pelo NTFS do Windows, usando sistemas próprios para isso. Como visto, pastas em unidades formatadas em FAT ou FAT32 não são limitadas, e mesmo com uma conta restrita, pode-se apagar qualquer arquivo destas unidades.

O ideal para trabalhar com NTFS é definir isso na instalação, ou na criação das partições. Mas o Windows possui um conversor de unidade, que converte unidades FAT32 para NTFS. O caminho de volta é impossível, a menos que se reformate a partição – perdendo, assim, todos os dados que nela estiverem. Para converter unidades FAT para NTFS, faça isso: conectado como administrador, clique em “Iniciar > Programas > Acessórios > Prompt de comando”. Digite convert C: /fs:ntfs, onde C: seria a unidade a ser convertida. Se alguns arquivos estiverem em uso nesta unidade, o sistema perguntará se você quer agendar a conversão. Confirme, e mande reiniciar o computador. A unidade será convertida na próxima inicialização. Todos os arquivos e configurações serão mantidos, não se preocupe. Eles serão atribuídos aos administradores. Mas não desligue o computador durante a conversão, por favor! Normalmente é um processo rápido, depende é claro do tamanho do HD e da quantidade de arquivos. Cada unidade ou partição deve ser convertida individualmente; você pode manter unidades FAT, FAT32 e NTFS no mesmo HD, sem problemas.

Por questões de segurança, é bom manter a partição do sistema operacional em NTFS, e usar uma conta restrita para acessar a Internet, sempre. Se precisar instalar programas durante uma sessão com conta limitada, clique no ícone do instalador do programa com o botão direito e escolha “Executar como”, selecione uma conta de administrador e forneça a senha. Faça isso apenas com programas confiáveis, pois um programa executado como administrador tem todos os direitos que um administrador teria no computador. Nota: no Windows 2000 o item “Executar como” não aparece diretamente. Para que ele apareça no menu, segure SHIFT ao clicar com o botão direito.

Agora chega de teoria, veja um exemplo de como limitar as propriedades de uma pasta. Se você não desmarcou, desmarque o item “Usar compartilhamento simples de arquivo”, na guia “Modos de exibição” das opções de pasta (menu “Ferramentas > Opções de pasta”, do Windows Explorer). Clique com o botão direito na pasta ou arquivo (podem ser vários, basta selecionar todos), e escolha “Propriedades”. Clique então na guia “Segurança”. Veja:
ntfs1
No quadro superior, selecione o objeto ao qual serão aplicados os direitos ou bloqueios. Selecionar “Administradores” configura para todos os usuários com direitos administrativos, assim como selecionar “Usuários” configura para todos os usuários. Para aplicar para um usuário específico, clique no botão “Adicionar” e localize-o.

Vamos bloquear esta pasta de modo que os usuários restritos possam ver os arquivos, mas não modificá-los nem excluí-los. No quadro superior, selecione o item “Usuários (NOME-DO-COMPUTADORUsuários)”. No quadro inferior, marque o quadrinho “Negar” para o item “Gravar”, dê Aplicar e OK. A aplicação pode demorar um pouco, dependendo da quantidade de arquivos da pasta. Veja:
ntfs2
Outros administradores poderão alterar estas opções, portanto é bom deixar seus filhos com contas limitadas.

Para compactar ou criptografar os arquivos em partições NTFS, clique no botão “Avançadas” na tela das propriedades dos arquivos ou pastas desejados. Você poderá compactar ou criptografar, mas não as duas coisas ao mesmo tempo. A compactação pode ser viável em pastas que contenham arquivos pouco acessados, ou que contenham muitos arquivos de texto ou imagens não comprimidas, como bitmaps. Compactar arquivos que já têm estrutura compactada, como músicas MP3, vídeos, imagens JPG, etc, não trará benefício nenhum. Normalmente não se perceberá redução de desempenho ao trabalhar com os arquivos compactados, a não ser em computadores com processadores mais lentos. Qualquer Pentium II 300 MHz pode se dar bem com os arquivos compactados em NTFS. Mas pense bem, é besteira por exemplo, compactar a pasta do Windows, que contém arquivos que freqüentemente são acessados.

Enfim, o Windows XP possui essas proteções, coisas que muita gente não sabia. Espero que você faça um uso racional e consciente delas!

Marcos Elias Picão é produtor do Explorando e Aprendendo (http://www.explorando.cjb.net), um blog de informática que traz toda semana dicas de Windows, programas, sites, configurações e otimizações, para todos os níveis.
Iniciou sua vida digital em 2001, e aos poucos foi evoluindo, para frente e para trás, avançando nas novidades do mercado e, ao mesmo tempo, voltando ao passado para conhecer as “Janelas” antigas, de vidro a vidro.
Mexe livremente com programação em Delphi, e mantém sites com dicas e tutoriais, além dos seus programas para Windows.

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