Sistemas de Gerenciamento de Conteúdo em Software Livre

Sistemas de Gerenciamento de Conteúdo em Software Livre

Título original: Sistemas de Gerenciamento de Conteúdo Baseado em Software Livre

1. Introdução

A forma tradicional de produzir websites utilizando uma equipe de designers e programadores, deixa autores e editores de conteúdo na dependência do pessoal técnico para publicar seu material no dia-a-dia.

Visando dar maior autonomia às pessoas não técnicas que administram páginas na internet e baixar custos com manutenção, surge uma nova maneira de automatizar todos os processos de criação, personalização, controle de acesso e disponibilização de conteúdos em portais e sites: os Sistemas de Gestão de Conteúdo.

Atualmente, a utilização de software livre tem crescido em larga escala e a idéia de que grandes produtos não podem ser produzidos sob a bandeira do FLOSS (Free/Live Open Source Software) tem sido modificada.

Os CMS aqui abordados possuem licença (GNU/GPL), são eles: Mambo, Joomla e PHP-Nuke.

2. SGC

Inicialmente, os Sistemas Gerenciadores de Conteúdo foram desenvolvidos internamente nas empresas. Em 1995, a CNET resolveu abrir para o mercado o sistema que havia desenvolvido, isso foi realizado por meio de uma outra empresa, a Vignette, e foi assim que surgiu o termo SGC, também conhecido como CMS ( do inglês Content Management System).

A forma tradicional de se criar e administrar páginas da internet possui várias limitações, tais como:

  • a administração do site fica atrelada a um computador específico, onde o software está instalado e configurado;

  • são comuns modificações acidentais nas páginas e em seus códigos, pois o conteúdo, neste caso, está misturado com a lógica de programação, o que pode resultar em links quebrados, problemas de formatação, alterações no design e até mesmo a indisponibilidade do site como um todo;

  • com o tempo, as páginas criadas no seu site ficam “perdidas”. É difícil implementar um mecanismo de pesquisa e organizar as informações em seções e categorias para que possam ser facilmente encontradas. A arquitetura da informação fica comprometida, bem como a experiência e satisfação do usuário final.

Uma das situações mais problemáticas se dá quando da firmação de um contrato com uma empresa de design, possivelmente aquela que criou o site original, que faz a manutenção e outras alterações quando solicitadas. As queixas a esse tipo de serviço são constantes, em relação ao custo, à falta de autonomia e muitas vezes ao tempo de resposta para a publicação de novos conteúdos.

A solução para tais problemas veio com a difusão dos Sistemas Gerenciadores de Conteúdo, que estruturam e facilitam a criação, administração, distribuição e publicação e disponibilidade da informação. Dando a possibilidade de que pequenas empresas construam seus próprios portais ou páginas de internet, divulgando seu negócio que passa a fazer parte de um maior campo de atuação.

Sob a ótica dos negócios existe uma grande quantidade de vantagens que um SGC pode oferecer, dentre elas: estruturação do processo de autoria, no qual toda a sua equipe poderá contribuir, cada qual na sua área de atuação; redução do tempo de criação e atualização das páginas; maior flexibilidade para adicionar ou alterar conteúdos de forma descentralizada e em qualquer lugar, dia ou noite, no escritório ou não; gerenciamento de versão dos conteúdos; e diminuição dos custos de manutenção.

Atualmente, na era do comércio eletrônico, os sites são o coração de muitas operações de uma organização, já que nem mesmo algumas têm um estabelecimento físico, realizando todas as suas negociações no mundo virtual. Como parte de uma estratégia de e-business, um site pode ajudar uma companhia a atingir importantes objetivos, como: proporcionar o marketing cliente a cliente (C2C); conquistar e manter consumidores; conduzir pesquisas de mercado; proporcionar uma melhor comunicação com seus funcionários; oferecer serviços a clientes; comunicar-se com fornecedores; e gerar liderança de vendas, entre outros.

Podemos dizer que o SGC atua como um framework, “uma base”, de website pré-programado. Que permite criação, armazenamento e administração de conteúdo web de forma dinâmica. Não se trata de um mero conjunto de páginas HTML estáticas. O Sistema de Gestão de Conteúdo por si só, gera toda a codificação dos arquivos utilizados na criação de uma página de internet.

3. MAMBO

É um dos mais simples e amigáveis sistemas gerenciadores de conteúdo Open Source que estão disponíveis no mercado atualmente.

Com ele podem ser criados vários tipos de sistemas para internet. Desde pequenos fotologs, blogs ou páginas pessoais, até grandes portais de comércio eletrônico como lojas virtuais ou de serviço. Tudo isso de forma simples e sem pagamento de licença pelo sistema.

O mambo server trabalha tanto em plataforma LINUX/UNIX quanto em WINDOWS e utiliza apenas interface web baseada em navegadores de internet para sua instalação e administração.

Foi criado pela empresa Miro International no início de 2000 (versão 1.0) com o objetivo de ser um dos melhores sistemas de gerenciamento de conteúdo e também não deixando nada a desejar para aplicações/proprietárias. Apresenta aplicações baseadas no conjunto LAMP (Linux, Apach, MySQL, PHP). Após sucessivas atualizações conseguiu chegar em 2005 a um nível muito elevado de qualidade, que rendeu o mérito de ser escolhido Best Open Source Solution na Linux World de Boston do mesmo ano e também como Best Overall Industry Solution.

Em 2005, a Miro transferiu o controle do Mambo para o Mambo Foundation. Que foi formada em agosto de 2005, e hoje existe em benefício da comunidade e do próprio projeto. É independente e absolutamente comprometida com os preceitos do movimento de Software Livre. Além de ser distribuído com o código fonte aberto. A Fundação é sem fins lucrativos, aberta, responsável e controlada exclusivamente pelos membros.

Atualmente, este SGC é muito utilizado e tem como consumidores desde usuários domésticos, até grandes empresas, dentre elas, Mitsubish que se aproveita das facilidades da ferramenta.

Mambo Server conta com comunidade ativa em seu projeto de mais vinte mil desenvolvedores, mil projetos abertos e algo em torno de vinte e três mil usuários de seus fóruns de discussão. Atualmente está na versão 4.6.3.

Algumas características do Mambo merecem destaque: editor de conteúdo WYSIWYG ((What You See Is What You Get – O que você vê é o que você tem). Significa a capacidade de um programa de computador de permitir que um documento, enquanto manipulado na tela, tenha a mesma aparência de sua utilização.); banners; notícias; administração de links; arquivos de conteúdo; conteúdo de banco de dados; 20 idiomas; módulos; e componentes.

Mambo não é um típico construtor de portais, está mais orientado à criação de sites pessoais e corporativas, e sua “fortaleza” está em um núcleo muito estável, o que não quer dizer que não se possa utilizar adicionais, e sim que a equipe de desenvolvimento se orienta mais à estabilidade e os add-ons costuma correr por conta de terceiros, que desinteressadamente colaboram com o projeto para melhorar a funcionalidade sobre uma base muito estável.

Uma das grandes vantagens deste SGC é possuir uma versão totalmente em português, que foi criada pela comunidade brasileira. Algumas características são: Front-end e Back-end totalmente em português do Brasil; baseada na versão 4.5.4 com todos os patches de segurança já instalados; temas (templates) “nacionalizados”; e duas versões: lite e completa.

3.1. Desvantagens

A principal desvantagem é a falta de flexibilidade na disposição dos elementos visuais de um site, pois o usuário fica preso na estrutura apresentada pelo template escolhido pelo mesmo.

4. JOOMLA

Trata-se da separação da equipe de desenvolvimento do Mambo e a empresa Miro, que detinha os direitos sobre o Mambo. A separação ocorreu porque a empresa transferiu o controle do Sistema para a Mambo Foundation, em que a equipe de desenvolvimento teria apenas uma participação passiva e pouco representativa. Preocupados com a integridade do projeto e com o futuro dos utilizadores, os desenvolvedores não aceitaram, e assim surge o Joomla 1.0, também open source, desenvolvido a partir do código fonte do Mambo 4.5.2.

Das opções de SGC, o que tem mais crescido (figuras 1 e 2) e obtido maior aceitação em todos os setores da sociedade, é o Joomla! Casos de sucesso como o site da Porsche Brasil (http://www.porsche.com.br) e da Hyundai Venezuela (http://www.hyundai-motor.com.ve) dentre outros, são amplamente divulgados em todo o mundo confirmando seu potencial.

Isto se deve à sua enorme quantidade de recursos disponíveis, grande diversidade de extensões extras, componentes, módulos e plugins atualizados constantemente, além da maior comunidade no mundo, que conta com mais de 112000 (cento e doze mil) usuários cadastrados em seu fórum de suporte (http://forum.joomla.org), mais de 1600 (mil e seiscentas) extensões (http://extensions.joomla.org) e mais de 1200 (mil e duzentos) templates disponíveis para uso em diversos sites pela web (dados de 07 de junho de 2007).

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Figura 1: Comparação mundial de termos pesquisados. Fonte: Google Trends

Somente no Brasil, existem hoje mais de 2500 (dois mil e quinhentos) usuários cadastrados (dados de 07 de junho de 2007) nos dois principais sites especializados em Joomla: Joomla Brasil (http://www.joomlabrasil.org) e Joomla Br (http://www.joomla.com.br). Além de muitos usuários não cadastrados que visitam freqüentemente estes sites. O crescimento desta ferramenta no Brasil comparado a outras opções existentes pode ser visualizado na figura 2.

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Figura 2: Comparação nacional de termos pesquisados. Fonte: Google Trends

4.1. Usabilidade do Joomla

O Joomla é usado em todo o mundo para tornar mais poderosas desde páginas simples, pessoais a complexas aplicações web corporativas. Citamos abaixo algumas das maneiras de se utilizá-lo: websites corporativos ou portais; comércio online; websites de pequenas empresas; websites de organizações sem fins lucrativos; aplicações governamentais; intranets e extranets corporativas; websites de escolas e igrejas; homepages pessoais e familiares; portais de comunidades; revistas e jornais; e as possibilidades são ilimitadas.

Este SGC pode ser utilizado para gerenciar facilmente o aspecto de um site, como adicionar conteúdos e imagens, adicionar catálogos de produtos, ou receber reservas online.

4.2. Utilidades para usuários finais

A maioria dos usuários não tem problema para fazer a instalação deste software, o pacote básico do Joomla oferece toda uma facilidade para este fim, além de existir um eficiente suporte disponível para iniciantes.

Com o software instalado é enorme a simplicidade, até para usuários não técnicos, de adicionar ou editar conteúdos, atualizar imagens e gerenciar dados críticos que fazem com que sua empresa funcione. Para tanto, é necessário somente conhecimentos básicos de informática.

É possível criar páginas razoavelmente complexas em poucas horas, ou até minutos. Tudo isso sem conhecimento nenhum de programação. O código gerado pelo Joomla é organizado, facilitando o entendimento por parte daqueles que conhecem de programação e necessitam de alguma modificação específica, por exemplo, para uma estrutura de um template.

4.3. Joomla para desenvolvedores

O Joomla oferece também uma estrutura de aplicação poderosa que permite que desenvolvedores possam extender o poder dele a direções ilimitadas.

Usando a estrutura do núcleo, desenvolvedores podem facilmente construir: sistemas integrados de e-commerce; sistemas de controle inventário; ferramentas de relatórios de dados; diretórios complexos de negócios; e ou qualquer outro tipo de aplicação.

4.4. Desvantagens

Assim como o Mambo, a principal desvantagem do Joomla é a falta de flexibilidade na disposição dos elementos visuais de um site, pois o usuário fica preso na estrutura apresentada pelo template escolhido pelo mesmo.

5. PHP-Nuke

É um sistema para publicação automatizada de notícias para web, semelhante ao que ocorre com os demais CMS. Este aplicativo é um projeto dissidente dos Sistemas de Portais de Notícias Thatware.

Há duas maneiras de liberação deste software: a primeira é a versão estável e gratuita, que atualmente encontra-se na v8.0, a outra refere-se a qual usuário contribui para o desenvolvimento do software e paga US$ 10 para fazer o download.

O PHP-Nuke assim como os outros SGC já citados, fornece uma infinidade de recursos e possibilidades para a criação e manutenção de páginas de internet. Algumas das quais citadas abaixo: ambientes de intranet; sistemas de comércio eletrônico (e-commerce); portais de cidades (oficiais ou não); e portais de ensino à distância (e-learning).

Além das funcionalidades básicas, que normalmente são fornecidas por todos os outros Sistemas Gerenciadores de Conteúdo, o PHP-Nuke oferece:

  • sistema de estatísticas: um sistema que mostra os pageviews por ano, mês, dia do mês, dia da semana e até o horário em que o portal foi mais visitado. O sistema ainda mostra dados em relação ao sistema operacional e navegador dos visitantes;

  • sistema de mensagens privadas: um sistema que permite que sejam trocados “e-mails” internos entre os usuários. É bastante interessante para manter seus usuários logados no site e facilitar a comunicação entre eles;

  • recomende-nos: um módulo que permite que seus usuários recomendem seu portal para pessoas que eles conheçam.

Existia um período em que o PHP-Nuke foi taxado como software inseguro e cheio de bugs. A possibilidade de invasores inserirem comandos SQL nas instruções usadas no script, era o principal problema de segurança deste SGC, também haviam sido descobertas formas de quebrar a senha do administrador em pouquíssimo tempo, no entanto, hoje existem métodos de solucionar estes e outros problemas.

5.1. Desvantagens

Uma das principais desvantagens em se utilizar o PHP-Nuke é a pequena quantidade de templates disponíveis comparado ao Joomla, fazendo com que os sites criados a partir deste Sistema tenham aparências similares.

6. Conclusão

Os Sistemas de Gerenciamento de Conteúdo é uma realidade no mercado, como alternativa não só para a criação, mas, também para manutenção de sites ou portais, simples ou complexos, que acabam por libertar organizações e profissionais liberais do domínio das empresas de design, que antes, por deterem o monopólio da informação, cobravam preços que extrapolavam a realidade de alguns pequenos negócios.

A partir da criação de SGC baseado em Software Livre, as pessoas sem nenhum conhecimento de programação ou design passam a gerenciar diretamente suas páginas sem a necessidade de pessoal especializado.

As opções Open Source são tão completos quanto às soluções proprietárias. Dentre os mais completos e eficientes está o Joomla que tem conseguido superar os demais SGC e se consolidar como o melhor e mais completo Sistema Gestor de Conteúdo, não deixando nada a desejar em relação aos demais proprietários.

7. Referências

[1] http://www.paradigma.com.br/

[2] http://pt.wikipedia.org/wiki/

[3] http://gmobserver02.inf.ufsm.br

[4] http://david.macac.us/materias/32_39.pdf

[5] http://www.michelazzo.com.br/book/export/html/330

[6] http://www.criarweb.com/artigos/66.php

[7] http://www.joomlaminas.org/joomla/monografia

Autores

Lemos, R. L. C <rlafitte.fa7 at gmail.com>
De Oliveira, F. I. <ivan_ufc at yahoo.com.br>
Neto, J. P. S. <cbjnp at fa7.edu.br>
Gomes, J. T. <jacksonfa7 at gmail.com>

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