Se você tiver a curiosidade de checar a configuração da rede usando o “ipconfig” no Windows, dentro da máquina virtual verá que a máquina virtual recebe sempre um endereço IP dentro da faixa “10.0.2.x” e usa o endereço “10.0.2.2” como gateway padrão, configuração que é obtida automaticamente, via DHCP (mesmo que você não tenha um servidor DHCP na rede).
Isso acontece por que o VirtualBox cria uma interface de rede virtual entre o sistema convidado e o host, que é usada para permitir a comunicação entre os dois sistemas e também para compartilhar a conexão via NAT, permitindo que o sistema dentro na máquina virtual navegue e acesse outras máquinas da rede local.
Na hora de trocar arquivos entre os dois sistemas, você pode utilizar o recurso de compartilhamento de pastas, disponível através do “Dispositivos > Pastas Compartilhadas”. Ele permite que você compartilhe pastas entre o sistema hospedeiro e o guest, especificando as permissões de acesso para cada uma:
As pastas compartilhadas aparecem no ambiente de redes, no “Toda a Rede > VirtualBox Shared Folders” e podem ser mapeadas, da mesma forma que um outro compartilhamento de redes qualquer. Como você pode imaginar, o VirtualBox cria na verdade um compartilhamento de rede oculto, que fica acessível apenas para o sistema dentro da máquina virtual.
Se você preferir fazer o caminho inverso, ou seja, fazer com que o Windows dentro da máquina virtual compartilhe as pastas, basta usar o compartilhamento de arquivos do Windows, criando os compartilhamentos desejados e em seguida acessando-os através do Nautilus, Konqueror ou Dolphin, no Linux.
Uma observação é que no Windows XP SP2 o firewall fica ativo por padrão, bloqueando os compartilhamentos. Para liberar o acesso, é preciso criar uma exceção para o compartilhamento de arquivos e impressoras na configuração do firewall do Windows.
Como viu, o sistema de compartilhamento de conexão do VirtualBox é bastante simples e funciona sem que você precise fazer nenhuma configuração adicional. A grande limitação é que você não conseguirá acessar a máquina virtual a partir de outros micros da rede.
Se a idéia é usar a máquina virtual para rodar um servidor, existe a possibilidade de configurar a rede virtual em modo bridge, onde a máquina virtual passa a ser ligada diretamente à rede principal, como se fosse um PC real ligado no hub. Esse recurso ainda não é bem suportado, por isso a configuração oferece um nível moderado de dificuldade, exigindo que você crie um bridge ligando a interface virtual à placa de rede e configure o VirtualBox para utilizá-lo.
O primeiro passo é instalar o pacote “bridge-utils” usando o gerenciador de pacotes, como em:
$ urpmi bridge-utils
ou:
$ sudo apt-get install bridge-utils
Em seguida, criamos o script que inicializará o bridge. No exemplo, estou criando o arquivo “/etc/init.d/bridge”, mas você pode criar outro arquivo se preferir. O conteúdo do script é o seguinte:
#!/bin/sh # Carrega o módulo e ajusta as permissões: modprobe tun chmod 666 /dev/net/tun # Cria a interface br0, usada pelo bridge: brctl addbr br0 # Adiciona a interface de rede no bridge: ifconfig eth0 0.0.0.0 promisc brctl addif br0 eth0 # Reconfigura a rede: ifconfig br0 192.168.1.41 netmask 255.255.255.0 route add default gw 192.168.1.1 dev br0 # Adiciona a interface virtual ao bridge, especificando o usuário: VBoxAddIF vbox1 gdh br0
Os parâmetros em negrito são os que você precisa alterar, de acordo com a sua configuração. O “eth0” na quinta linha indica a interface de rede que está sendo usada; o “192.168.1.41” na sétima indica o endereço IP, seguido pela máscara de sub-rede; o “192.168.1.1” na oitava linha indica o IP do gateway da rede, enquanto o “gdh” na décima indica o usuário de sistema que você usa para executar o VirtualBox.
Depois de criar e personalizar o script, marque a permissão de execução e execute-o como root:
# chmod +x /etc/init.d/bridge # /etc/init.d/bridge
Você precisará executar o script a cada boot, antes de poder usar o VirtualBox. Se não quiser ficar executando-o manualmente, você pode adicionar o comando ao arquivo “/etc/rc.local”, de forma que ele seja executado automaticamente durante o boot.
Continuando, acesse a opção “Rede” na configuração da máquina virtual e altere a opção “Ligado a” de “NAT” para “Interface do Hospedeiro” e, na opção “Nome da Placa de Rede (I)”, informe o nome da interface especificada no último comando do script (vbox1 no exemplo):
Depois de inicializar a máquina virtual, configure o sistema guest para acessar a rede usando um endereço dentro da rede local, como se fosse outro PC e você perceberá que os outros micros da rede passarão a enxergá-lo diretamente. Como comentei, essa configuração permite até mesmo que a máquina virtual seja configurada como servidor, disponibilizando arquivos e outros recursos para as máquina da rede.
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