Dica: Preservando computadores sem uso

Dica: Preservando computadores sem uso

Antigamente, qualquer PC com dois ou três anos de uso podia ser considerado obsoleto, sem ter meios rodar um sistema operacional ou aplicativos atualizados e em muitos casos sem nem mesmo possibilidade de receber um upgrade. Alguém que comprasse um 5×86 “P75” de 133 MHz e 16 MB de RAM em 1997 (ápice da plataforma 486, capaz de rodar o Windows 95 e aplicativos básicos) ficaria com seu PC obsoleto logo no ano seguinte, com o Windows 98.

Hoje em dia entretanto, a evolução dos PCs se tornou muito mais lenta e previsível e mesmo PCs low-end ou antigos são ainda capazes de prestar bons serviços. Mesmo um PC de 4 ou 5 anos atrás, como um Phenom ou um Core 2 Duo vai ser perfeitamente capaz de rodar o Ubuntu 11.04 ou o Windows 7 com aplicativos e jogos atuais se atualizado com uma GPU dedicada e 3 GB de RAM. Como a ênfase dos desenvolvedores de jogos têm se focado em jogos relativamente leves, que podem ser usados em PCs com APUs baseadas no Llano ou no Sandy Bridge, é bem provável que essa configuração ainda continue sendo capaz de rodar os títulos dos próximos 2 ou 3 anos, senão mais.

Com os PCs “aguentando” mais tempo, eles passam cada vez mais a serem vistos como bens duráveis do que como algo descartável, que seria trocado daqui a no máximo dois anos como antigamente. Um notebook bem construído, ou um PC com uma placa-mãe de boa qualidade podem tranquilamente acabarem sendo usados por 4 ou 6 anos, possivelmente assumindo alguma tarefa secundária depois disso.

Um bom exemplo é um Asus M5 que comprei em 2005, baseado em um Pentium M de 1.6 GHz, com 1 GB de RAM e um HD de 80 GB. Com exceção da bateria (que já está viciada, quase não segurando mais carga) ele continua oferecendo uma configuração mais do que suficiente para tarefas leves, com um desempenho bem superior ao da maioria dos netbooks do mercado, porém com um teclado mais confortável e uma tela de 12″. Em outras palavras, embora já esteja prestes a completar seu sexto aniversário, é um notebook que ainda poderá ser usado por mais dois ou três anos:

Tendo esse tipo de longevidade em mente, podem haver situações onde você pode desejar preservar um notebook ou PC sem uso para o futuro, quando você for eventualmente precisar dele. Vamos então aos cuidados básicos para evitar a deterioração dos componentes.

O primeiro cuidado é com o HD. Sob um certo ponto de vista, os HDs são similares a certos componentes nos carros, que se degradam quando ficam sem uso por muito tempo. Os rolamentos podem se deteriorar e emperrar e as cabeças de leitura podem grudar nos discos magnéticos, fazendo com que o HD apresente defeito quando for ligado novamente. Embora este tipo de defeito seja bem mais raro nos discos atuais, é interessante ligá-los pelo menos uma vez por ano para evitar esse tipo de problema. Deixar que funcionem por alguns minutos, concluindo um ou dois boots já é o suficiente.

A preocupação seguinte são as baterias. No caso dos notebooks, o ideal é deixar a bateria com cerca de 40% de carga, percentual em que as baterias Li-ion se degradam mais lentamente, em vez de deixá-las completamente carregadas ou descarregadas. Outra questão importante para as baterias é que elas sejam guardadas em um local fresco e seco, já que elas também se degradam com a umidade e calor. Embale-as em tupperware ou em um caso zip (de preferência junto com um saquinho de sílica gel) e guarde-as no fundo de uma gaveta ou outro local fresco e elas continuarão segurando carga quando for usá-las novamente, mesmo que depois de dois ou três anos.

No caso dos PCs, é recomendável desconectar a bateria do CMOS, já que do contrário a placa-mãe continuará consumindo a carga. Em geral, essas baterias duram 6 anos ou mais se desconectadas, mas podem perder a carga em três anos ou menos caso mantidas na placa-mãe.

Se você mora em uma cidade muito húmida, ou sobretudo se vive em uma zona litorânea (maresia) é importante acomodar o equipamento em um saco hermético, se possível com alguns saquinhos de gel de sílica. Eles não são muito bons para comer, mas fazem um bom trabalho em absorver a umidade:

No caso de notebooks, você pode usar um saco zip grande. No caso dos PCs, pode embrulhar todo o gabinete em plástico, vedando todas as aberturas com fita. Monitores LCD são menos susceptíveis às intempéries, já que são predominantemente constituídos de plástico e vidro, mas não custa também acomodá-los com cuidado para evitar a possibilidade de quedas e acidentes.

Concluindo, temos a questão dos dados. Embora sejam rápidos e ofereçam uma enorme capacidade, os HDs magnéticos não são uma boa opção para armazenar dados por longos períodos, já que além da possibilidade de emperrarem caso fiquem muitos anos sem uso, os próprios discos magnéticos conservam os dados apenas por alguns anos. O mesmo pode ser dito de serviços de armazenamento online, já que não existe nenhuma garantia que o Dropbox ou qualquer outra empresa continuará na ativa daqui a cinco ou dez anos. Para armazenamento de longo prazo, o melhor são mídias ópticas de boa qualidade (os DVDs são bem mais robustos que os CDs, já que neles a camada de gravação fica no centro do disco, protegida entre as duas camadas de policarbonato) e as boas e velhas fitas de backup, que continuam sendo muito usadas em empresas. No caso delas, as regras de conservação são basicamente as mesmas que para as baterias, longe do calor, luz e umidade.

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