Escolhendo um plano de dados

Escolhendo um plano de dados

Com a disponibilidade das redes 3G, as operadoras passaram a viver um dilema. Além de permitirem usar o MSN, e-mail e outras formas de comunicação (reduzindo o uso das caras mensagens SMS) as redes 3G podem ser usadas também para realizar chamadas VoIP, o que ameaça reduzir o uso das chamadas de voz.

Não estou me referindo apenas ao uso do Skype através de notebook, mas sim de chamadas usando o próprio smartphone, através do Fring e outros aplicativos. Nos aparelhos da Nokia da série E (e alguns modelos da série N) você pode configurar o cliente SIP integrado para utilizar o Vono, Gizmo ou outro serviço baseado no protocolo SIP, o que adiciona a opção de realizar a chavada via VoIP ou usando a rede de voz na hora de discar, como mostrei na dica de terça:

Com isso, não é de se estranhar que as operadoras relutem em reduzir o valor dos planos de acesso (muito embora já existam opções bastante populares, como no caso do Giro) e de combinar planos de voz com planos de dados com tráfego ilimitado, muito embora isso esteja mudando.

Um bom exemplo são os planos 3G da Claro. Mesmo no plano 3G 120, que custa R$ 98 mensais você tem direito a apenas 20 MB de tráfego de dados, com tarifa de R$ 6 por MB excedente. Usá-lo em um smartphone seria com ter uma Mercedes e só poder rodar 200 metros por mês:

Se você resolvesse tentar usar o smartphone como modem em um destes planos, teria uma surpresa bem desagradável no final do mês, com a cobrança dos megabytes excedentes.

Temos em seguida os “Pacotes de Internet”, que podem ser combinados com os planos de voz. O problema é que mesmo no plano “2000”, de R$ 99 mensais, a quota de tráfego é de apenas 2 GB. Como o valor é cumulativo sobre o valor do plano de voz, a conta acaba saindo cara.

A brecha reside nos planos de dados (os números miúdos no topo), onde você tem tráfego ilimitado por um valor mensal fixo. Você pode assinar o plano de dados comprando apenas o chip e usá-lo em seu smartphone, acessando a web do notebook, fazendo chamadas VoIP e usando todos os recursos de que tem direito.

No caso da Claro, o tráfego de dados é ilimitado em todos os planos e o que muda é a velocidade do acesso. O plano de 500 kbits, que acaba sendo o melhor custo-benefício para quem não pode gastar muito, simplesmente por que a velocidade da rede oscila e raramente é possível obter 1 megabit de velocidade por mais do que alguns segundos antes que a taxa de transferência oscile. No plano de 500 kbits você tem um cap mais baixo, mas na média a velocidade acaba não sendo tão diferente assim.

A grande limitação destes planos é que os chips tem o sinal de voz desativado, de forma que podem ser usados apenas para a transmissão de dados, sem possibilidade de realizar chamadas. Você pode solucionar isso mantendo algum aparelho antigo, simples e leve apenas para voz. Esta não é a solução ideal, mas, afinal, ao usar um modem USB você precisaria carregar dois aparelhos de qualquer forma.

O mesmo se aplica à TIM, que oferece planos de acesso ilimitado, mas também sem voz. Os preços são muito similares aos da Claro (R$ 119 pelo ilimitado de 1 megabit e R$ 89 pelo de 600 kbits). Já houve quem as acusasse de formação de cartel.

A TIM é a mais atrasada com relação à implantação da rede 3G, de forma que em muitas áreas o acesso ainda está limitado ao EDGE. Mesmo que os vendedores prometam acesso 3G na sua cidade, é preciso muita cautela ao assinar.

Em seguida temos a Vivo que, novamente, oferece um plano de 1 megabit com tráfego ilimitado por R$ 119, com algumas opções com tráfego limitado que não interessam muito no nosso caso:

Uma vantagem no caso da Vivo é que é os preços dos planos de dados são os mesmos para os planos de acesso avulso e para os que incluem voz. O problema é que, enquanto escrevo, ele está disponível apenas a partir do plano “Escolha 90”, que custa R$ 68 por mês. Para quem prefere um plano de voz mais barato, ou um plano pré-pago, a única opção é usar dois chips, um para voz e outro para dados.

Antigamente, existia a briga do GSM x CDMA, mas com a migração da Vivo para o UMTS a diferença deixou de existir. As três operadoras passaram a utilizar a mesma tecnologia, de forma que o diferencial passou a ser unicamente a qualidade do serviço.

Para quem está interessado em números, vai aqui um teste rápido do Vivo Zap ilimitado contra o Claro de 500 kbps, em Porto Alegre:

Vivo:

Claro:

Pela taxa de transferência você pode notar que numa das duas ainda implantou a limitação de velocidade, de forma que simplesmente obtenho a velocidade máxima da rede. Na Vivo, onde a taxa seria supostamente limitada a 1 megabit a velocidade oscila na maior parte do tempo entre 135 e 180 KB/s (ou seja, picos de quase 2 megabits) e na Claro oscila entre 85 e 135 kbps, novamente bem mais do que os 500 kbits do plano. Muito provavelmente a diferença se deve ao volume de assinantes conectados no momento em que tirei os screenshots.

O problema no caso da Claro é que o acesso é bastante instável, com paradas de vários segundos e quedas freqüentes. Depois de alguns testes rápidos descobri o motivo. A Claro tem usado um sistema de timeout nas conexões 3G, que faz com que as conexões sejam encerradas depois de alguns segundos de inatividade e restabelecidas automaticamente assim que é necessário transmitir dados. O problema é que em áreas com muitos assinantes o processo pode demorar alguns segundos, ou mesmo travar a conexão, gerando as quedas.

Uma solução simples para isso no Linux é usar o ping para enviar um pacote de dados a cada dois segundos, evitando que a conexão seja encerrada. Basta abrir um terminal e deixar o comando correndo indevidamente enquanto estiver conectado:

$ ping -i 2 google.com

Com isso o acesso normalizou e passou a ficar dentro do esperado.

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