Pine Trail: O novo Intel Atom

Pine Trail: O novo Intel Atom

Apesar do desempenho não ter nada de espetacular, o Atom se tornou bastante popular nos netbooks, já que é barato e oferece um consumo elétrico bastante baixo. O grande problema é que a maioria dos netbooks atuais são baseados na plataforma Diamondville, que era originalmente destinada aos nettops. Isso permite aos fabricantes cortar custos, mas compromete a autonomia, já que embora o processador seja econômico, a plataforma como um todo (processador e chipset) possui um consumo relativamente alto.

Isso pode mudar com o Pine Trail, a nova versão do Atom, que oferecerá um consumo elétrico mais baixo e também algumas melhorias relacionadas ao desempenho.

As duas grandes mudanças são a integração do controlador de memória e do chipset de vídeo diretamente no processador principal, o que permitiu reduzir o total de chips para apenas dois: o processador propriamente dito (batizado de Pineview) e a ponte sul do chipset (Tiger Point), que inclui os circuitos de I/O (SATA, USB, etc.), além do chipset de som integrado e as linhas PCI Express:

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Como pode ver no slide apresentado pela Intel, a plataforma atual (Diamondville) é composta por três chips, seguindo a arquitetura tradicional de processador, ponte norte e ponte sul do chipset.

A “ponte norte” é o chip 945GSE ou o 945GC (o 945GSE é destinado a netbooks, enquanto o 945GC é destinado a nettops), que inclui o controlador de memória DDR2 e o chipset de vídeo Intel GMA950, enquanto a “ponte sul” é o chip ICH7 ou ICH7M (o ICH7M é a versão de baixo consumo, que faz par com o 945GSE, enquanto o ICH7 é a versão regular, usada em conjunto com o 945GC) que inclui os demais circuitos.

No Pine Trail a Intel conseguiu mover os componentes do 945GSE/945GC para dentro do próprio processador, criando o que pode ser considerado o primeiro processador x86 com um chipset de vídeo integrado. Como o Atom processa instruções em ordem, ele é especialmente dependente do barramento com a memória, de forma que a transição para um controlador integrado tem tudo para resultar em ganhos tangíveis de desempenho, já que permitirá reduzir a latência.

Outra questão importante é a redução do consumo elétrico, já que na plataforma atual o componente que gasta mais energia é justamente o chip 945GC/945GSE (que ainda é fabricado usando a obsoleta técnica de 0.13 micron) e não o processador propriamente dito. Movendo os componentes para dentro do processador, eles passarão a ser fabricados usando a mesma técnica de 0.045 micron (e eventualmente 0.032 micron) que o restante do processador, sem falar de outras melhorias incrementais.

Ainda não foi confirmado se o controlador de memória será DDR2 ou DDR3. Por um lado, faria sentido que a Intel utilizasse um controlador DDR3, já que ela já utiliza controladores DDR3 na plataforma i7, mas por enquanto parece mais provável que seja usado um controlador DDR2 single-channel para manter os custos baixos.

Em resumo, memórias DDR3 oferecem mais banda e transferências mais rápidas e oferecem a vantagem adicional de utilizarem uma tensão mais baixa e consumirem menos energia. O grande problema é que elas ainda custam o dobro do preço.

Como a Intel vê os netbooks como uma plataforma de baixo custo e baixas margens, o uso de memórias DDR2 faz sentido, já que serve para ao mesmo tempo manter os custos baixos e evitar que os netbooks concorram mais seriamente com os notebooks baseados na plataforma Centrino, que são uma fonte de receita muito maior.

Ao contrário do que alguns esperavam, o chipset de vídeo não será uma versão prévia do Larrabee, mas sim uma versão levemente atualizada do surrado GMA950, que terá um aumento de clock (de 133 para 200 MHz) e pequenas otimizações, voltadas basicamente para a redução no consumo elétrico. Apesar do leve aumento no desempenho 3D trazido pelo aumento no clock, o Atom continuará sem aceleração para vídeos HD (nem 720p, nem muito menos 1080p) e com um desempenho 3D bastante fraco para os padrões atuais.

Se comparado ao nVidia Ion, que inclui um chipset GeForce 9400M e um decodificador dedicado, capaz de processar vídeos 1080p via hardware, o Pine View parece bastante desanimador e do ponto de vista do desempenho realmente é. As vantagens da plataforma estão relacionadas à redução no consumo elétrico (que deve permitir, finalmente, que os netbooks rompam a barreira das 6 horas de autonomia) e uma possível queda nos preços.

Assim como no Atom atual, o Tiger Point não inclui chipsets de rede (nem Ethernet, nem wireless) integrados, permitindo que os integradores utilizem componentes de outros fabricantes, com a Atheros, a Broadcom e a Zidas.

O principal motivo é que os chipsets de rede da Intel são consideravelmente mais caros, e a Intel não parece muito disposta a entrar em uma guerra de preços, já que ganha muitos dinheiro vendendo as placas nos preços atuais para os fabricantes de notebooks, através da plataforma Centrino. A Intel chegou a cogitar o lançamento do “Atom Centrino”, que seria composto pela combinação da dupla Silverthorne e Poulsbo com um chipset de rede Intel E1000 e um Intel PRO/Wireless 3945, mas a idéia acabou sendo abandonada.

O lançamento do Pine View está previsto para outubro/novembro, de forma que os primeiros netbooks baseados nele devem ser lançados (no exterior) antes do natal. Quanto tempo eles vão demorar para chegar no Brasil é outra história, mas não deve demorar muito já que ninguém vai querer perder a época de vendas do final do ano.

Concluindo, se você está com dificuldades para entender toda essa variação de termos e nomes relacionadas ao Atom, aqui vai um pequeno glossário:

Silverthorne: É a versão original do Atom, destinada a MIDs e netbooks de baixo consumo. Ele é combinado com o chipset Poulsbo, que integra o controlador de memória, chipset de vídeo e outros componentes em um único chip. A dupla oferece um consumo elétrico mais baixo, mas o preço fez com que eles fossem usados em apenas em alguns MIDs e em um punhado de modelos de netbooks.

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Diamondville: É a versão “value” do Atom, destinada a nettops. Embora o processador também seja fabricado usando uma técnica de 0.045 micron, ele utiliza uma tensão mais alta e um sistema menos sofisticado de gerenciamento de energia, o que resulta em um consumo de energia mais elevado.

Para cortar custos, o processador é combinado com um chipset regular (945GSE/ICH7M ou 945GC/ICH7) em vez de uma solução de baixo consumo como o Poulsbo, o que acaba por multiplicar o consumo, eliminando grande parte do apelo da plataforma. É justamente essa combinação que é encontrada em quase todos os netbooks da safra atual.

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Para ter uma idéia, embora o Atom N270 tenha um TDP de apenas 2.5W (bem mais do que o Silverthorne, que tem um TDP de apenas 0.6 watts, mas ainda um valor relativamente baixo) o 945GSE possui um consumo de 6 watts, com mais 3.3 watts para o ICH7M, o que eleva o total da plataforma para 11.8 watts.

É justamente devido a isso que a primeira safra de netbooks baseados no Atom não oferece uma melhora muito grande na autonomia em relação aos modelos baseados no Celeron M, já que embora a diferença no consumo do processador seja grande (de 5 watts para 2.5), o consumo total não mudou muito, já que a maior parte da energia é consumida pelo chipset.

No caso dos nettops, a situação é ainda mais complicada, já que um Atom N230 (TDP de 4 watts) combinado com o 945GC e o ICH7 consome nada menos do que 22.2 watts no total.

Netbook: O formato de mini-notebook inaugurado pelo Asus Eee. Os primeiros modelos foram baseados no Celeron M, mas a grande maioria migrou rapidamente para o Atom, quase sempre utilizando o Diamondville combinado com o 945GSE/ICH7M (com uma pequena participação do VIA C7). São justamente eles o principal alvo do Pine Trail.

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Nettop: Formato de desktop compacto e de baixo consumo que utiliza um Atom ou outro processador de baixo consumo em vez de um processador tradicional:

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MID: Formato mais compacto que um Netbook, com uma tela touchscreen e um teclado compacto, feito para ser segurado com as duas mãos, como um tablet. Os MIDs ainda são incomuns (os poucos modelos existentes são consideravelmente mais caros que os netbooks), mas a Intel vem investindo no formato e pode ser que eles eventualmente caiam de preço e se popularizem:

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Menlow: É o nome-código da plataforma para MIDs, resultado da combinação do Silverthorne e do Poulsbo. Em 2008 a Intel renomeou a plataforma para “Atom Centrino”, mas poucos meses depois mudou de idéia, fazendo com que ela voltasse a ser chamada apenas de “Atom”.

Pine Trail: O sucessor do Diamondville, que reduz o problema do consumo elétrico do chipset, movendo o controlador de memória e o chipset de vídeo para dentro do processador.

Moorestown: Se os planos não mudarem, será o sucessor do Silverthorne, também incorporando o controlador de memória e o chipset de vídeo. A diferença entre o Pine Trail e o Moorestown é que o Moorestown será a versão de baixo consumo, destinado a MIDs, enquanto o Pine Trail continua sendo a opção de baixo custo para uso em netbooks e nettops.

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