Notebooks: Comprando telas e peças de reposição no exterior

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Notebooks: Comprando telas e peças de reposição no exterior

Antigamente, ter um notebook era um luxo reservado apenas aos que realmente precisavam de portabilidade e podiam gastar o triplo ou o quádruplo do valor que pagariam por um desktop de configuração equivalente.

Felizmente, este tempo já passou e hoje em dia os notebooks mais populares custam apenas um pouco mais que um desktop equivalente, com monitor de LCD e nobreak. Em alguns casos, promoções e condições de parcelamento podem fazer com que o note chegue a custar mais barato.

Antigamente, notebook era sinônimo de desempenho inferior. Os modelos antigos utilizavam HDs muito lentos, processadores de baixo clock, menos memória e antiquados monitores LCD de matiz passiva, que arruinavam o desempenho e tornavam o equipamento praticamente inutilizável para jogos e multimídia.

Embora os notebooks atuais ainda continuem perdendo em certas áreas, como no caso do desempenho do HD e da placa de vídeo, na maioria dos demais quesitos as coisas já estão equilibradas. Você pode comprar um notebook com 2 GB ou mais de RAM, com um processador dual core, com gravador de DVD, com uma placa 3D razoável ou até mesmo com uma tela de 17″, depende apenas de quanto você está disposto a gastar.

Os notebooks também ficam atrás na questão da atualização, já que (com exceção de modelos específicos) você não tem como instalar mais de um HD ou espetar mais do que dois pentes de memória. Atualizar o processador também é complicado, pois usar um modelo de maior clock (e maior dissipação térmica) exigiria também a substituição do cooler, o que é raramente possível num notebook. Em geral, você fica restrito a adicionar mais memória ou substituir o HD por de maior capacidade. A partir daí a única forma de upgrade acaba sendo usar periféricos externos, ligados às portas USB ou firewire.

Apesar disso, a portabilidade e o “cool factor” dos notebooks acabam superando suas desvantagens e fazendo com que cada vez mais gente acabe optando por um. Segundo o IDC, as vendas de notebooks devem superar as de desktops (em número de unidades) em 2011, uma tendência que deve ser percebida também aqui no Brasil.

Com a crescente redução na diferença de preço, não é difícil de imaginar que no futuro os notebooks se tornem padrão, com os desktops cada vez mais restritos a nichos específicos, como no caso dos gamers mais inveterados e estações de trabalho.

Muitos acham que a popularização dos notebooks vai reduzir o campo de trabalho para os técnicos de manutenção, mas eu vejo justamente o cenário oposto. Notebooks precisam de tanta manutenção quanto os desktops (ou até mais, já que acidentes e quedas são comuns), o que vai na verdade aumentar a oferta de trabalho. A questão fundamental é que serão exigidos profissionais com mais conhecimento técnico, que sejam capazes não apenas de identificar os defeitos e substituir as peças necessárias, mas também de obter as peças de reposição a um preço aceitável.

Se um técnico pode solucionar um problema na tela trocando todo o LCD e um segundo pode corrigir o mesmo problema trocando apenas o FL Inverter, sem dúvida o segundo teria como cobrar um preço muito mais competitivo pelo conserto.

Dentro do notebook, todas as peças são identificadas através de um “Part Number” (código do componente) que quase sempre vem decalcado, ou impresso num adesivo colado sobre o componente:

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Pesquisando pelo part number do componente, ou ou mesmo pelo modelo do note, você encontra diversas lojas que vendem peças de reposição. Alguns exemplos são:

http://www.screentekinc.com
(página em português: http://www.screentekinc.com/telas-lcd.shtml)
http://www.sparepartswarehouse.com/
http://www.impactcomputers.com
http://www.laptoprepairco.com

Um dos exemplos mais comuns é o FL inverter, o “transformador” responsável pela alimentação da tela. Ele é um componente fácil de substituir, que responde por mais de 90% dos defeitos de “tela apagada”:

fig2
Ele é uma peça relativamente barata, que custa de US$ 40 a US$ 120, dependendo do modelo. Aqui no Brasil, os preços variam muito quase sempre custando a partir de R$ 300 e você não tem sequer garantia de que não se trata de um componente usado ou recondicionado. O mesmo se aplica às telas, baterias, placas e outros componentes, difíceis de achar e ao mesmo tempo vendidos quase sempre muito mais caro.

Se você tem um cartão de crédito internacional, a melhor opção é comprar diretamente no exterior, assunto da dica de hoje.

Além das lojas, como os links que citei a pouco, outra opção é pesquisar no Ebay, onde você também encontra componentes usados a preços mais baixos: http://ebay.com. Ao pesquisar no Ebay, faça uma busca por “inverter” a a marca do notebook e procure por algum compatível com o modelo entre os anúncios. Não especifique diretamente o modelo, pois assim você reduz muito o número de resultados. Nem todo mundo especifica diretamente o modelo exato no título.

Na parte superior da lista, clique no link “Shipping to USA” e mude para “Brazil – BRA” no menu. Assim você pode ver diretamente os vendedores que oferecem a opção de envio para o Brasil, sem precisar ficar abrindo cada um dos anúncios. Em muitos casos, o vendedor pode não ter especificado o envio para o Brasil, mas aceitar enviar caso contactado diretamente. Outros especificam diretamente que enviam apenas para os EUA, ou outros locais específicos.

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Comprar peças no exterior usando o cartão de crédito é relativamente simples. Também é interessante ter uma conta no PayPal, o sistema de pagamento usado no Ebay, que é aceito por um grande número de lojas. Ele permite que você faça o pagamento sem precisar fornecer o número do cartão e possui alguns sistemas de proteção contra fraudes.

Com relação ao envio, você pode optar pelo envio via correios (USPS), Fedex ou outro sistema de envio expresso, como o UPS (note que UPS é diferente de USPS).

Ao chegar, o pacote passa pela receita, que vai decidir se os impostos se aplicam de acordo com o valor e o tipo de componente. Por estranho que possa parecer, os impostos são calculados com base no valor total da compra, incluindo os produtos e o frete.

Além dos 60% de impostos, você paga também uma taxa de ICMS (a alíquota varia de acordo com o estado, em São Paulo, por exemplo é de 21%) e mais uma “taxa aduaneira” de pouco mais de 20 reais.

As opções de envio expresso internacional da UPS e Fedex são muito caras, você acaba pagando 40 dólares ou mais mesmo para itens pequenos. Como além do custo do envio você vai pagar também impostos sobre ele, você acaba pagando, na prática, quase o dobro deste valor.

A melhor opção de envio para itens pequenos é o “USPS First Class Mail International”, uma modalidade de envio prioritário oferecido pelos correios dos EUA. Nesta modalidade, um pacote vindo dos EUA demora de 7 a 10 dias corridos para chegar. Outra opção é o “USPS Priority Mail International”, que é um pouco mais rápido, chegando muitas vezes em 5 dias. Pacotes vindos de outros países costumam demorar em média duas semanas.

Normalmente os vendedores cobram uma taxa única de “Shipping and Handling” (envio e manuseio) que inclui o custo do envio e qualquer outra taxa que ele queira cobrar. É por isso que alguns podem cobrar 6 dólares e outros 20 pela mesma modalidade de envio. No mercado Americano isso é considerado normal.

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Existe a velha questão da isenção de compras de 50 dólares. Esta regra se aplica apenas para envios de pessoa física para pessoa física, para fins pessoais. Se algum amigo dos EUA lhe mandar um mouse de presente, colocando dentro uma carta lhe dando os parabéns e o valor do mouse, somado com o custo do envio não ultrapassar os 50 dólares, muito provavelmente o pacote será enquadrado na regra e você não pagará impostos. Mas, compras em geral não se enquadram nela.

A exceção fica por conta dos livros, que são isentos na maior parte dos países do mundo. Compras onde o envio é feito de forma eletrônica, como no caso de um software ou um e-book, também são isentas.

No caso dos serviços de entrega expressa (UPS, Fedex, etc.) é comum que a empresa pague as taxas de importação diretamente, para acelerar a liberação do pacote na alfândega e o entregador lhe apresente o comprovante e lhe cobre o valor ao entregar. Em alguns casos o pagamento é feito através de um boleto entregue junto com o pacote.

Uma observação é que optando pelo envio via UPS (lembre-se, UPS é diferente de “USPS”, que é o envio via correios) ou Fedex você paga impostos praticamente sempre, mesmo no caso de presentes, pois o valor do envio sozinho já dá quase os 50 dólares permitidos. Você pode chegar então a casos onde paga US$ 45 de envio, mais R$ 105 de impostos por um ítem de US$ 5.

No caso dos pacotes enviados pelo correio, você recebe uma correspondência da receita avisando da chegada e do endereço da agência dos correios onde o pacote está disponível. Você paga os impostos na própria agência, ao retirar o pacote. A principal vantagem é que o envio neste caso é muito mais barato, então você acaba pagando impostos praticamente apenas sobre o valor da mercadoria propriamente dita.

Pacotes que são considerados isentos, são entregues diretamente, como qualquer outra correspondência. Em muitos casos você verá uma fita escrito “aberto pela aduana do Brasil”, indicando justamente que o pacote foi aberto e o conteúdo conferido.

O valor da mercadoria é informado na “Custons Declaration”, uma etiqueta padrão colada na parte externa do envelope. No caso de compras feitas em lojas, vale o valor da nota fiscal. Em casos onde o valor declarado é mais baixo que o real (o velho truque de declarar um valor menor para pagar menos imposto, ou para que o pacote se enquadre na regra dos 50 dólares), os impostos podem ser calculados usando uma tabela interna.

Lojas e empresas de informática pagam os mesmos impostos ao trazer produtos do exterior. Geralmente economizam no frete, por comprar vários itens de cada vez, mas é só. Como qualquer empresa saudável precisa vender produtos com lucro, os preços acabam sendo quase sempre mais altos do que você pagaria ao comprar diretamente, incluindo todos os impostos. É muito comum que um FL inverter de US$ 50 seja vendido por R$ 300 ou uma bateria de US$ 60 seja vendida por R$ 400, por exemplo.

Comprar no exterior geralmente não é vantajoso ao comprar produtos comuns, como um processador ou um pente de memória, por exemplo, ou no caso de itens pesados, como gabinetes e monitores, onde o custo do envio é muito alto.

Mas, no caso de itens raros, como peças de reposição para notebooks, baterias, cabos e adaptadores incomuns, etc. é muito mais prático e barato pesquisar diretamente e comprar no exterior. Eu recomendo fortemente que você pelo menos faça um teste comprando algum item barato ou um livro.

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