O verdadeiro sentido da lei de Moore

O verdadeiro sentido da lei de Moore

Em 1965, Gordon Moore (co-fundador da Intel) publicou um artigo constatando que a miniaturização vinha permitindo dobrar o número de transístores em circuitos integrados a cada ano (enquanto o custo permanecia constante), uma tendência que deveria se manter por pelo menos mais 10 anos. Em 1975 (precisamente dez anos depois), ele atualizou a previsão, profetizando que o número passaria a dobrar a cada 24 meses, cunhando a célebre lei de Moore.

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Na época ninguém poderia prever que em 2009 estaríamos usando PCs com processadores Core i7 e módulos de memória DDR3 em dual-channel, mas a previsão continua surpreendentemente apurada, acertando quase em cheio a cada nova geração. Basta fazer as contas:

8088 (1979): 29.000 transístores
486 (1989): 1.200.000 transístores
Pentium III Coppermine (1999): 21.000.000 transístores
Core i7 (2009): 731.000.000 transístores

Tamanha precisão pode soar realmente profética, mas a lei de Moore é mais um plano de negócios do que uma profecia. A realidade é que fabricantes de chips como a Intel precisam lançar novos processadores regularmente para alimentar o ciclo dos upgrades e manter assim as vendas em alta.

Cada nova geração precisa ser consideravelmente mais potente que a anterior, o que leva à busca por novos processos de fabricação. Por coincidência, cada nova técnica de litografia permite aproximadamente dobrar o número de transístores no mesmo espaço e, por questões econômicas (ciclo de lançamento dos produtos e outros fatores), os fabricantes conseguem reunir os investimentos necessários para atualizar as fábricas a cada dois anos.

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Em outras palavras, a lei de Moore tem se mantido precisa pois ela é uma fórmula simples, que cria um ciclo previsível de upgrades. Todo mundo gosta de um pouco de previsibilidade (empresas precisam planejar upgrades, fabricantes precisam planejar os próximos lançamentos, e assim por diante) e os ciclos de 24 meses oferecem exatamente isso.

Originalmente, a Lei de Moore não falava nada sobre o desempenho, mas apenas sobre o número de transístores em processadores, módulos de memória e outros circuitos. Entretanto, a sofisticação dos circuitos anda de mãos dadas com o desempenho, já que mais transístores significam mais unidades de processamento, mais cores, mais memória cache e assim por diante. Além disso, novas técnicas de fabricação permitem também aumentar o clock, o que resulta em mais instruções por ciclo e mais ciclos por segundo.

Isso levou funcionários da Intel a cunharem uma versão alternativa, prevendo que o desempenho dos processadores dobraria a cada 18 meses, outra previsão que vem se mantendo mais ou menos apurada, embora o uso de mais núcleos e mais unidades de processamento tenha tornado cada vez mais difícil extrair todo o desempenho dos processadores atuais.

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Naturalmente, os ciclos de 24 meses não continuarão indefinidamente, já que os processos de litografia irão eventualmente esbarrar nas leis da física, algo que deve acontecer entre 2015 e 2020.

Conforme os transístores ficam menores, eles passam a ser formados por menos átomos, o que torna cada vez mais difícil manter a integridade dos sinais, o que faz com que o desafio (e o investimento necessário) em criar a próxima geração seja exponencialmente maior que o da geração interior. Entretanto, não existe motivo para pânico, já que existem outras tecnologias no horizonte, como o uso de nanotubos e a eterna promessa dos computadores quânticos. Soluções criativas tendem a aparecer quando existe muito dinheiro em jogo.

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