Mini-review do PCLinuxOS

Mini-review do PCLinuxOS

Apesar de ser uma das distribuições mais antigas, com uma história que remete aos tempos do Mandrake Linux, o Mandriva não possui muitas distribuições derivadas, ao contrário do que temos no caso do Debian, do Ubuntu, ou mesmo do Slackware. Existem alguns fatores que explicam isso, um deles seria o simples fato de que os pacotes do Mandriva são mais personalizados e moldados à distribuição, diferente dos pacotes do Debian ou do Slackware, que possuem um mínimo de personalização, facilitando assim o uso em projetos derivados.

De qualquer maneira, a distribuição mais bem sucedida entre as derivadas do Mandriva é o PCLinuxOS. Ele começou em 2003 como uma remasterização do Mandrake 9.2 (a versão corrente na época), desenvolvida pelo Texstar, um antigo colaborador do sistema, que mantinha um repositório com pacotes extras.

Esta primeira versão permaneceu em estágio de desenvolvimento e testes até novembro de 2005, quando foi lançado o PCLinuxOS 0.92, o primeiro release oficial. Ele foi seguido pelo PCLinuxOS 2007 (lançado em maio de 2005) e pelo PCLinuxOS 2009.1, lançado em março de 2009.

O principal objetivo do sistema é ser uma distribuição fácil de usar, oferecendo um live-CD com um ambiente de trabalho personalizado, que pode ser instalado no HD ou remasterizado rapidamente.

Site oficial: http://www.pclinuxos.com
Comunidade no Brasil: http://www.pclinuxos.com.br/
Download: http://distro.ibiblio.org/pub/linux/distributions/texstar/pclinuxos/

Embora tenha sido lançado apenas um pouco antes da versão final do Mandriva 2009.1, o PCLinuxOS 2009.1 é um sistema bem diferente, que é ainda baseado no KDE 3.5.10, uma decisão que resultou em um sistema relativamente leve e bastante estável no geral, mas que por outro lado oferece menos recursos que o Mandriva.

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Pressionando a tecla F2 na tela de boot, você tem o tradicional menu de seleção de linguagem, que inclui o Português do Brasil. Prosseguindo com o boot, ele pergunta o layout do teclado e prossegue para a tela de login, que usa senhas default para o usuário “guest” e para o root (sem o uso do sudo). O uso destas senhas default é uma brecha grave de segurança, mas um assistente executado no primeiro boot após a instalação se oferece para trocá-las.

Apesar da opção de escolha da linguagem, o sistema não possui os componentes de internacionalização, por isso continuará em inglês, independentemente da linguagem indicada na tela de boot. As traduções para as demais linguagens (que fazem parte dos pacotes dos aplicativos) são simplesmente removidas do sistema para economizar espaço.

Entretanto, é possível fazer uma tradução parcial do sistema instalando os pacotes “kde-i18n-pt_BR”, “locales-pt”, “myspell-pt_BR” e “aspell-pt”. Com eles instalados, acesse o “País/Região & Idioma > Localização” dentro do Kcontrol para alterar a linguagem do KDE e, em seguida, edite o arquivo “/etc/environment” (onde vai a definição de linguagem para os demais aplicativos do sistema), deixando-o com o seguinte conteúdo:

LC_ALL=pt_BR
LANGUAGE=pt_BR
LC_MESSAGES=pt_BR
LANG=pt_BR

Você vai notar que mesmo depois das alterações, muitos dos aplicativos continuarão em inglês, (ainda devido à falta dos arquivos de localização). No caso deles, a única solução é reinstalar os pacotes através do Synaptic, para que os componentes removidos sejam restaurados.

O 2009.1 inclui o “setup-language”, um script que automatiza o processo. Ele está disponível através do ícone “Utilitários” no desktop, que inclui também atalhos para alguns outros scripts de configuração complementares. Esse script disponível no desktop é diferente da opção disponível dentro do Centro de Controle, que oferece apenas variações do inglês:

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O script baixa os pacotes básicos de internacionalização e em seguida reinstala vários aplicativos do sistema, restaurando os componentes de internacionalização. É uma solução deselegante, que baixa quase 200 MB de pacotes e demora quase uma hora, mas que no final funciona.

O PCLinuxOS mantém o uso do Mandriva Control Center, mas ele foi renomeado para “PCLinuxOS Control Center” e parte das funções foram removidas, deixando apenas os recursos que os desenvolvedores consideram suportados. Foram feitas também algumas modificações nas legendas das funções, com o objetivo de torná-las mais descritivas, mas elas acabam não sendo muito efetivas para usuários do Brasil, já que são apenas em inglês, sem tradução para outras línguas:

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O instalador é o mesmo do Mandriva One (com pequenas modificações nas artes), excluindo apenas as opções relacionadas ao uso do LVM e RAID via software, que foram removidas devido à falta dos pacotes correspondentes.

O gerenciador de pacotes primário é o Synaptic (que também é usado no Ubuntu e em diversas outras distribuições) e o sistema inclui o apt-rpm (uma versão adaptada do apt-get, que trabalha com pacotes rpm), o que permite que você utilize o “apt-get install” para instalar pacotes pelo terminal, como faria se estivesse usando o Ubuntu ou outra distribuição derivada do Debian. O grande problema é que com um gerenciador de pacotes diferente e com repositórios diferentes, as mudanças em relação ao Mandriva acabam sendo grandes.

Além da versão principal, que é baseada no KDE, estão disponíveis também algumas versões modificadas, que incluem o TinyMe (uma mini-distribuição baseada no LXDE, desenvolvida para rodar com um bom desempenho em máquinas antigas) e o PCLinuxOS Gnome Edition (que, como o nome sugere, é baseada no Gnome, priorizando o uso de aplicativos GTK2).

O principal destaque é a inclusão de uma interface para o Mklivecd, um script (originalmente desenvolvido pela equipe do Debian) que permite criar um live-CD a partir de uma instalação do sistema no HD. Ele permite criar personalizações do sistema de forma bastante simples (você precisa apenas instalar o sistema, fazer as alterações desejadas e em seguida executar o script para gerar uma nova imagem), o que levou ao aparecimento de um grande número de pequenas distribuições baseadas nele:

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Embora tenha seus pontos positivos e sem dúvidas mereça um teste, o PCLinuxOS não é recomendável como distribuição de trabalho, pois os releases são muito espaçados e o sistema não é atualizado de maneira pontual, carecendo principalmente de atualizações de segurança.

A versão original do PCLinuxOS (criada a partir dos pacotes do antigo Mandrake 9.2) foi atualizada de forma independente até 2007, quando decidiram começar de novo, reconstruindo a distribuição com base nos pacotes do Mandriva 2007, o que deu origem ao PCLinuxOS 2007. O sistema voltou então a ser atualizado de maneira independente a partir daí, dando origem ao PCLinuxOS 2009.1, que é a versão atual.

Em vez de simplesmente acompanharem os releases do Mandriva, obtendo os pacotes e as atualizações de segurança a partir dos repositórios principais e adicionando alguns pacotes extras e personalizações, os desenvolvedores optaram por criar um fork do sistema, duplicando todo o trabalho de atualização e tornando os dois sistemas incompatíveis.

Isso faz com que o sistema acabe também apresentando muitos bugs, resultado da cominação de uma pequena equipe tentando dar conta de tudo e uma comunidade composta predominantemente de usuários leigos, que acabam não tendo como testar adequadamente o sistema e indicar os problemas de forma precisa.

Embora ele herde o mcc (renomeado para “pcc”, acompanhando a mudança nas legendas) e a maioria das ferramentas do Mandriva, não é feito muito esforço no sentido de manter a consistência do sistema, o que faz com que muito do que você aprende ao usar o PCLinuxOS não seja aplicável ao Mandriva ou a outras distribuições. Essa mesma abordagem se estende à documentação do sistema, onde em vez de tentar aproveitar a documentação do Mandriva, os desenvolvedores optaram por tentar duplicar tudo, criando um pequeno conjunto de tutoriais disponíveis no http://docs.pclinuxos.com/.

O PCLinuxOS está longe de ser uma distribuição ruim, muito pelo contrário. A grande questão é que ele não apresenta muitos diferenciais em relação ao próprio Mandriva, acabando por na verdade oferecer menos opções e versões antigas de muitas das ferramentas. Ele teria melhores chances de fazer a diferença caso adotasse uma abordagem mais simples, se limitando a personalizar o release corrente do Mandriva, aparando as arestas e adicionando facilitadores, em vez de tentar recriar todo o trabalho de desenvolvimento do sistema.

O principal argumento a favor do PCLinuxOS 2009.1 seria o fato de ele ser baseado no KDE 3.5.10, diferente do Mandriva 2009.1, que utiliza do KDE 4.2. Isso fez com que ele ganhasse alguns usuários que por um motivo ou outro não gostaram da transição para a nova versão. Ele é também preferido por alguns por oferecer um conjunto mais completo de codecs pré-instalados e outros facilitadores. Entretanto, muitas das facilidades também estão disponíveis no Mandriva One, que também é um live-CD voltado para a facilidade de uso.

Em resumo, o PCLinuxOS tem o mérito de oferecer uma alternativa ao Mandriva. Por utilizar um kernel diferente e incluir algumas modificações nos scripts de boot, ele é capaz de funcionar em algumas máquinas onde o Mandriva One não roda adequadamente (e vice-versa), o que permite que ele seja usado como uma segunda opção em caso de problemas. O sistema peca por não oferecer um suporte a internacionalização, mas, por outro lado, o script de remasterização torna o processo de criar uma versão personalizada com os pacotes de tradução pré-instalados relativamente simples.

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