Chipsets LGA-775 da Intel: X38, G35, Q35 e o P45

Chipsets LGA-775 da Intel: X38, G35, Q35 e o P45

Continuando o post anterior, onde falei sobre os chipsets LGA-775 até o P35, o uso de dois slots PCIe 16X “reais” tornou-se possível a partir do Intel X38, o modelo de alto desempenho dentro da família, sucessor direto do 975X. Além de dobrar o número de linhas PCI Express, oferecendo um total de 32 linhas de dados, ele foi também o primeiro chipset a oferecer suporte ao PCI Express 2.0, que dobra a velocidade do PCI Express, oferecendo 500 MB/s por linha, em cada direção. Isto significa que um slot x16 passa a oferecer impressionantes 8 GB/s (ou 16 GB/s, se for levado em conta o tráfego em ambas as direções), o que seria equivalente a um hipotético AGP 32x.

Naturalmente, não existiam placas na época capazes de aproveitar toda a banda disponível, mas o aumento trouxe ganhos mensuráveis em relação ao P35 (dois slots PCIe 1.1 com 8 linhas cada) ao utilizar duas placas em modo CrossFire, o que tornou o X38 bastante popular entre as placas de alto desempenho.

O X38 trouxe também suporte oficial a módulos DDR3-1333 (o P35 oferece suporte oficial apenas aos módulos DDR3-1066), mas isso não significa muito, já que os módulos DDR3-1333 (cuja frequência real das células de memória é de apenas 166 MHz) oferecem um desempenho similar ou inferior ao de módulos DDR2-1066 (onde as células a 266 MHz), que apesar da menor taxa de transferência bruta, operam com tempos de latência consideravelmente mais baixos. Como na época do X38 os módulos DDR3 ainda eram muito mais caros, o upgrade realmente não fazia sentido. O uso de memórias DDR3 passou a fazer sentido apenas a partir das quedas de preços que sucederam o lançamento do Core i7.

Durante a fase de desenvolvimento do X38, a Intel demonstrou o uso de placas de referência com placas nVidia em SLI, utilizando drivers modificados (desenvolvidos sem a participação da nVidia) mas as versões finais acabaram vindo com suporte apenas as CrossFire.

Temos em seguida os chipsets G33 e G35, que são as versões de baixo custo dentro da família, sucessores dos chipsets 945G e G965. Eles também incluem suporte a bus de 1333 MT/s e oferecem o controlador de memória DDR2/DDR3, mas assim como o P35 não oferecem suporte ao PCI Express 2.0.

A principal diferença entre eles e o P35 é a presença do chipset de vídeo integrado. O G33 inclui o chipset Intel GMA 3100, que é uma versão levemente atualizada do antigo GMA 3000 (usado Q965), que é compatível apenas com o DirectX 9.0c e oferece um desempenho excruciantemente baixo. O G35 por sua vez inclui o GMA X3500, que é uma versão atualizada do X3100 usado no G965, que é baseado na arquitetura programável, compatível com o DirectX 10 e um pouco menos lento.

O P35, G35 e X38, assim como os antigos G965 e Q965 oferecem suporte a até 8 GB de memória RAM, atendendo a quem pretende rodar um sistema de 64 bits e precisa de um grande volume de memória. Para segmentar melhor a linha, a Intel lançou também o P31 e o G31, versões castradas do P35 e do G33 que mantêm o mesmo conjunto básico de recursos, mas oferecem suporte a apenas 4 GB de memória e utilizam o velho chip ICH7 como ponte sul (que oferece apenas 4 portas SATA e 8 portas USB).

Embora sejam chipsets de baixo custo, eles não são necessariamente ruins, desde que você saiba conviver com as limitações.

Duas outras variações do P35 são os chipsets Q35 e Q33, mais dois chipsets de baixo custo, destinados agora ao mercado empresarial. Ambos oferecem vídeo onboard, equipados com o GMA 3100 (a versão simples, sem o “X”), escolhido devido ao consumo elétrico mais baixo. Assim como o P35 e outros modelos da linha, eles suportam 8 GB de memória e fazem par com o chip ICH9.

O Q33 é mesmo apenas mais um chipset de baixo custo, sem funções especiais, mas o Q35 oferece como diferencial o suporte ao Intel vPro, uma combinação de funções de acesso remoto e segurança, que permite que o PC seja monitorado e administrado remotamente. A grande vantagem dele em relação a outros sistemas de acesso remoto (RDP, VNC, etc.) é que ele é independente do status do sistema operacional, o que permite que ele seja usado para instalar o sistema, criar e restaurar imagens de disco, modificar a configuração do setup, ligar e desligar o PC remotamente e assim por diante, recursos interessantes para uma rede corporativa.

Continuando, temos o P45, mais um chipset mainstream, sem vídeo integrado, que marcou o ápice da plataforma LGA775.

Uma das principais características foi a migração para a técnica de fabricação de 65 nm (o P35 era ainda fabricado usando uma técnica de 90 nm, assim como o X38), o que resultou em um conveniente aumento nas possibilidades de overclock. Como pode imaginar, as fábricas que produziram o P45 são as mesmas que a dois anos antes produziam os Core 2 Duo baseados no Conroe e outros processadores de 65 nm.

Assim como o P35, o P45 inclui suporte tanto a memórias DDR2 quanto memórias DDR3, o que permite que os fabricantes escolham qual padrão utilizar. Embora os módulos DDR3 ofereçam um pequeno ganho de desempenho, a diferença de custo ainda era grande na época de lançamento, de forma que as memórias DDR2 continuaram sendo usadas como padrão em todas as placas de baixo e médio custo.

Um exemplo de placa baseada no P45 é a Gigabyte EP45-UD3L, um modelo Mini ATX sem vídeo onboard, que oferece um único slot PCIe x16, combinado com mais 4 slots x1, dois slots PCI, 6 portas SATA e um total de 12 portas USB. Devido ao uso do chip ICH10 (e não do ICH10R) ela não oferece suporte a RAID, mas assim como em outros casos é possível criar arrays RAID via software, usando as ferramentas disponíveis no Windows e Linux.

Em vez de utilizar heat-pipes ou um regulador de tensão com 8 ou 12 fases, ela utiliza dissipadores de alumínio e um regulador de tensão relativamente modesto, com apenas 4 fases, compensando a economia com o uso de capacitores de estado sólido, bobinas de ferrite nos reguladores de tensão e um PCB com uma camada mais espessa de cobre nas trilhas, o que resulta em uma placa bastante robusta.

Voltando ao P45, o chipset permite o uso de 4 módulos de memória com 4 GB cada (ou dois módulos de 8 GB), o que permite um máximo de 16 GB de memória RAM. Como de praxe, o modo dual-channel é ativado automaticamente ao utilizar os módulos em pares. Assim como o P35 e outros chipsets anteriores, o P45 oferece suporte ao Flex Memory, que permite ativar o dual-channel mesmo ao utilizar dois módulos de capacidade diferente.

Oficialmente, o chipset suporta até 1333 MHz de FSB e até 800 MHz para a memória, mas na prática ele suporta também FSB de 1600 MHz e 1333 MHz para a memória (em overclock), com muitas placas permitindo ir bem mais longe. Isso se deve à política conservadora da Intel, que quase sempre certifica os chipsets com frequências bem inferiores às que eles são efetivamente capazes de suportar, como objetivo de que eles funcionem estavelmente em qualquer situação. É graças a isso que placas voltadas para o mercado entusiasta suportam overclocks tão generosos.

Assim como o X38, o P45 oferece suporte ao padrão PCI Express 2.0. Embora a ponte norte ofereça apenas 16 linhas (assim como no P35), o P45 permite que elas sejam divididas entre dois slots, criando assim dois slots PCIe 2.0 com 8 linhas de dados cada. Essa é uma solução muito mais elegante que a configuração assimétrica (x16/x4) usada nas placas com o P35, que foi logo explorada pelos fabricantes de placas, levando ao lançamento de muitas placas de médio custo com suporte ao CrossFire.

Placas PCI Express 1.0 podem ser usadas diretamente em slots PCIe 2.0 e mesmo placas PCIe 2.0 funcionam diretamente em placas com slots PCIe 1.0, embora com uma possível redução de desempenho devido ao barramento mais lento. A princípio, o ganho de desempenho é apenas incremental, já que as placas de vídeo atuais são bem atendidas pelos slots 16x e a maioria dos demais periféricos trabalha com folga em um simples slot 1x. Entretanto, a introdução do PCIe 2.0 pavimenta o caminho para periféricos futuros.

Uma observação é que o uso do PCI Express 2.0 aumentou o consumo elétrico do chipset, fazendo com que ele consuma mais energia que o antigo P35 ao utilizar uma placa 3D dedicada, mesmo levando em conta a redução trazida pela nova técnica de fabricação. Ao usar bus de 1333 MT/s, a diferença fica em torno de 12 watts.

Acompanhando a atualização no chipset, o P45 trouxe também uma versão levemente atualizada da ponte sul, o chip ICH10. Ele manteve as mesmas funções básicas do ICH9, com 6 portas SATA, 6 linhas de dados PCIe 1.1 e 12 portas USB, incluindo apenas atualizações menores:

Assim como os demais chipsets da linha P (performance), o P45 não possui um chipset de vídeo integrado, presumindo que você vá utilizar uma placa dedicada. O vídeo integrado é encontrado apenas nos chipsets da família G (graphics) e Q (corporate), que são destinados a placas de baixo e médio custo, onde o vídeo integrado é um componente fundamental.

Junto com o P45, a Intel lançou o X48. Apesar do nome sugerir um sucessor melhorado, o X48 foi apenas uma nova revisão do X38, com suporte oficial ao bus de 1600 MT/s usado pelo Core 2 Extreme QX9770. Este acabou sendo um golpe de marketing da Intel para vender um novo chipset (e por um preço ainda mais alto) já que as placas com o X38 são também capazes de operar de forma perfeitamente estável com bus de 1600 MT/s e com exceção da chancela oficial, os dois chipsets são idênticos.

O lançamento do P45 trouxe também atualizações dos chipsets G33, G35, Q33, Q35, dando origem ao G43, G45, Q43 e Q45, que passaram a ser produzidos usando a técnica de 65 nm e ganharam suporte ao PCI Express 2.0, seguindo as melhorias incluídas no P45.

Todos eles incluem suporte a até 16 GB de RAM, suporte ao bus de 1333 MT/s, vídeo integrado e suporte a memórias DDR2 e DDR3, mas eles possuem pequenas variações nos recursos incluídos.

O G43 é baseado no chipset de vídeo GMA X4500, uma versão aperfeiçoada do GMA X3500 usado no G35, que mantém a arquitetura programável e o suporte ao DirectX 10, mas oferece um desempenho 3D cerca de 50% superior. O G45 por sua vez é baseado no X4500 HD, que oferece também suporte a Blu-ray. Tanto o Q43 quanto o Q45 são baseados no X4500 (sem suporte a Blu-ray). A diferença entre eles é que o Q45 inclui suporte ao vPro, oferecendo as funções de gerenciamento remoto.

Completando o time, a Intel lançou também duas versões castradas de baixo custo. O P43 é uma versão do P45 sem suporte à divisão das linhas PCI Express em dois slots e sem suporte ao Intel VT, enquanto o G41 é uma versão do G43 com suporte a apenas 8 GB de RAM (em vez de 16). Assim como no caso do P31 e G31, ambos usam o chip ICH7 como ponte sul, que oferece menos portas SATA e USB.

A principal desvantagem das placas baseadas no G41 não está necessariamente no chipset, mas sim no fato de elas oferecerem menos slots de expansão, menos slots de memória e em geral utilizarem componentes de qualidade mais baixa, como uma forma de os fabricantes cortarem custos.

Um exemplo de placa baseada no G31 é a ECS G41T-M. Ela é assumidamente uma placa Micro ATX de baixo custo, que oferece apenas dois slots de memória (com suporte a módulos de até 4 GB), 4 portas SATA, 8 portas USB e uma saída VGA analógica (sem DVI). Para cortar custos, a ECS optou por utilizar um chipset de rede 10/100 (Atheros AR8112) em vez de uma interface gigabit. e apenas três saídas de áudio no painel traseiro, eliminando o suporte a conjuntos de caixas 5.1 e 7.1:

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