Uma solução para os problemas do Android

Esse robô verde não sabe a fria em que se meteu.

O Android é uma plataforma bem sucedida? Se analisarmos comercialmente, sim: o Android é a plataforma lider no maior mercado do mundo (EUA), há previsões é que daqui a 5 anos a plataforma abocanhe quase 50% do mercado e é graças a ela que a HTC passou de uma pequena empresa de smartphones para um monstro com valor de mercado maior que a finlandesa Nokia.

Mas diferente do que acontece em PCs, onde o monopólio do Windows e dos processadores x86 fazem com que mesmo um lançamento problemático (o Windows Vista, por exemplo) não cause grandes prejuízos (uma migração em massa dos usuários, por exemplo), nos smartphones o mercado é diferente. Se uma plataforma não satisfaz o usuário, ele acaba migrando para outra. Veja o Symbian, já dominou mais da metade do mercado e hoje, apesar de continuar em primeiro, vê seu market share cair cada vez mais rápido.

E o Android tem problemas, isso é fato. E esses problemas podem acabar com a plataforma tão rápido quanto foi seu crescimento ano passado. Mas quais são esses problemas e quais são as possíveis soluções ?

A maioria dos usuários do sistema pregam que o problema do Android está na fragmentação : o fato de que muitos aparelhos rodam versões antigas do sistema e os fabricantes desses aparelhos não terem interesse em lançar atualizações. Apesar de já estar na versão 2.3 a muito tempo ( e 3.0 nos Tablets ), a maioria absoluta dos aparelhos roda a versão 2.2 ( e inclusive muitos aparelhos novos saem com essa versão ) e alguns ainda rodam as infames versões 1. x.

Android e o problema da fragmentação : a maioria absoluta dos aparelhos rodam versões desatualizadas do sistema.

Mas a fragmentação conta apenas parte da história. Os fabricantes gostam de ter liberdade para personalizar seus aparelhos, afinal é preciso criar um diferencial, uma marca, ou o mercado estagna. A fragmentação acaba sendo apenas uma consequência dessa personalização, já que a cada atualização do sistema é necessário portar os aplicativos do sistema para essa nova versão, fazer testes e otimizações que acabam consumindo recursos que poderiam ser usados para o desenvolvimento de novos aparelhos. Ou seja, se o Android fosse uma plataforma “unificada” provavelmente não existiriam tantos fabricantes apoiando ela.

Olhando o lado do usuário, a fragmentação pode parecer ruim a primeira vista. Mas se um aparelho satisfaz o usuário, tanto faz se ele usa a versão 1.6, 2.1, 2.2, 2.3, alpha, beta, gama, etc. Ele estando feliz provavelmente irá comprar outro aparelho da mesma marca e usando a mesma plataforma, mesmo que o fabricante tenha resolvido não atualizar o aparelho que ele comprou. Atualização só importa para os heavy-users, que gostam de aproveitar o máximo do aparelho, mas eles são uma pequena fatia do mercado.

O grande problema da plataforma é, assim como descreve esse artigo do Engadget, é a contaminação da marca Android por aparelhos ruins : aqueles aparelhos lançados as pressas, com software mal otimizado e hardware ruim. Na mão do usuário um aparelho desses deixa uma má impressão da plataforma, o que pode levar alguém a nunca mais comprar um aparelho com a marca Android.

O problema da contaminação: um aparelho ruim pode afetar a plataforma inteira

Esse não é um problema que acontece hoje, já que o índice de aceitação da plataforma atualmente é alto. Mas a popularidade do Android pode levar ao seu fim, já que quanto mais popular mais fabricantes estarão interessados a lançar aparelhos nessa plataforma e aumentam as chances de aparecerem aparelhos ruins carregando a marca.

Nível de satisfação de usuários de celulares por sistema operacional. Android e iOS no topo.

Talvez esteja na hora do Google ficar um pouco mais no pé dos fabricantes. Algumas interfaces personalizadas são muito interessantes e agregam funções inexistente no Android “puro”, mas outras parecem que nasceram apenas com o intuito de limitar o sistema. O Google poderia exigir uma certificação de “interface Android”: uma interface que não limite a experiência do usuário a plataforma. Se o fabricante não conseguir a certificação o aparelho em questão fica sem o Market. E sem o Market o aparelho provavelmente está fadado ao esquecimento, e os fabricantes sabem disso.

Claro, essa é apenas uma sugestão, mas realmente o Google tem que fazer alguma coisa. Pode ser que por enquanto o problema de contaminação não atrapalhe muito a plataforma, mas com cada vez mais lançamentos mais evidente ficarão seus problemas e existirão cada vez mais usuários insatisfeitos. E no fim é o usuário que decide o futuro da plataforma.

Por Thiago Okada <thiago.mast3r [at]gmail.com>