Os smartphones começarão a substituir os desktops em 2011?

Os smartphones começarão a substituir os desktops em 2011?

Já a algum tempo se prevê que com o aumento no poder de processamento e o acúmulo de funções, os smartphones logo começarão a substituir os desktops em alguns nichos, assim como os tablets ameaçam os netbooks. Naturalmente, isso não significa que os desktops deixarão de ser usados, mas muita gente chegará a conclusão que é mais fácil plugar o telefone em um dock incluindo uma porta HDMI para o monitor e portas USB para o teclado e mouse do que manter um PC apenas para navegar na web e assistir vídeos.

Muitos dos smartphones atualmente no mercado já incluem saídas HDMI com suporte à clonagem da imagem da área de trabalho e a possibilidade de usar a porta USB em modo host (embora em muitos aparelhos seja necessário fabricar um adaptador), que permitem a conexão de um teclado e mouse USB.

Se alguém ainda duvidava da viabilidade do conceito, esta foto vai abrir os horizontes:

Ela mostra um Motorola ATRIX plugado em um monitor HDMI, teclado e mouse, exibindo a área de trabalho em 1280×720 (ele suporta também 1280×1024 e futuramente 1920×1080) e rodando uma versão ARM do Firefox 3.6, completo com suporte a Flash. Não se trata apenas da exibição da área de trabalho do telefone, mas de uma interface especializada, que é mostrada quando ele é plugado no dock, com uma resolução mais alta e suporte à múltiplas janelas.

Desta vez não se trata de apenas mais um produto conceito, mas sim de um produto real que chegará ao mercado ainda neste primeiro trimestre de 2011. Ele é baseado em uma versão dual-core do nVidia Tegra (1.0 GHz), com 1 GB de RAM e 16 GB de armazenamento, que podem ser complementados por um cartão microSD de mais 32 GB. A resolução da tela é de 960×540 (QHD), mas ele suporta a exibição de resoluções mais altas quando espetado em um monitor externo.

Em termos de capacidade de processamento ele não fica devendo a muitos dos netbooks atualmente no mercado, o que levou a Motorola a oferecer diversos tipos de dock-stations (para uso no carro, como media center, etc.) sendo que dois deles permitem usá-lo como um computador.

A primeira, da foto anterior é a “Desktop Dock”, que conecta o telefone a um monitor externo, teclado e mouse. Além dela está disponível também a “Laptop Dock”, que inclui a tela de LCD, teclado, touchpad e uma bateria auxiliar em um formato que lembra um netbook. Apesar da semelhança, trata-se de um dispositivo burro, onde o processamento é feito inteiramente pelo telefone, espetado em cradle escondido atrás da tela:

Fechado, o dock tem apenas 14 mm de espessura, e pesa menos de 900 gramas, o que o torna bem mais portável que um netbook. A tela é também mais confortável que na maioria dos modelos, com 11.6″ polegadas e o teclado tem teclas de tamanho regular. A experiência de uso segue o padrão de um laptop comum, com o uso do touchpad para controlar o cursor do mouse, em vez de uma tela touchscreen.

O principal problema da laptop dock é que ela não deve custar muito menos que um netbook, o que tornará a escolha uma questão mais de estética e gosto pessoal do que uma questão de custo-benefício. A desktop dock por outro lado é um dispositivo bem mais simples e barato, que funciona mais como um replicador de portas, que se conecta ao telefone através da porta micro-USB e do conector micro-HDMI, disponibilizando o conector HDMI e portas USB na parte traseira. Como de praxe, ele serve também como carregador:

Além do Firefox, o telefone é capaz de rodar outros aplicativos instalados, usando o Quick Office para editar documentos, o player de mídia para assistir vídeos (ele inclui aceleração via hardware para vídeos até 1080p), um editor de imagens para retocar fotos e assim por diante, bem como aplicativos da nuvem como o Google Docs, Gmail, etc. Com exceção de aplicativos especializados, não existe muito que não se possa fazer com ele. Para quem usa predominantemente o navegador e webapps, esta é uma solução bastante satisfatória, bem mais poderosa que o Chrome OS, por exemplo. É possível até mesmo acessar sessões remotas do Windows via RDP ou VNC.

O preço das dock-stations ainda não foi revelado, mas o conceito não deixa de ser interessante, permitindo usar o telefone como o “motor” para interfaces externas, liberando o poder de processamento do pequeno. Aqui temos uma apresentação do Laptop Dock feita durante a CES:

Não é preciso muita imaginação para perceber que este conceito será rapidamente copiado por outros fabricantes, já que o próprio telefone já inclui o poder de processamento e as interfaces (HDMI, USB) necessárias, faltando apenas um dock ou adaptador simples para que ele possa ser diretamente conectado em monitores, TVs, teclados e mouses externos e usado como PC. Não vai demorar para que surjam também docks para transformar smartphones em tablets e assim por diante, expandindo as opções.

Olhando do ponto de vista de quem já comprou o telefone, estas docks podem ser bem interessantes, pois elas custarão mais barato do que um PC, netbook ou tablet e serão mais leves e práticas do que ter dois dispositivos separados. Além da questão da ergonomia e resolução da tela, as docks também podem contribuir em relação ao desempenho, já que a presença de uma fonte ou bateria externa elimina uma das principais limitações dos smartphones em relação ao desempenho, que é a duração da bateria. Mesmo um “vovô” como o Motorola Milestone, que é ainda baseado em um SoC de 65 nm pode operar a 1.2 GHz em overclock, e muitos dos aparelhos atuais são capazes de superar a marca dos 1.5 GHz. Um Tegra dual-core operando a esta frequência supera por uma boa margem o desempenho de um Atom single-core (e em algumas funções até mesmo de um dual-core, como na decodificação de vídeos 1080p), fazendo com que a combinação possa ser interessante até mesmo do ponto de vista do desempenho.

Com a disponibilidade de cada vez mais aplicativos para a plataforma ARM, como o Firefox, diferentes distribuições e softwares Linux e em breve até mesmo o Windows 8 e o MS Office (como recentemente confirmado pela Microsoft), a barreira entre as plataformas está se tornando cada vez menor, fazendo com que o que realmente interesse seja o desempenho e a flexibilidade. Os desktops e notebooks continuarão a ser os mais poderosos, mas os smartphones se tornarão “bons o bastante” para cada vez mais tarefas, assim como no caso dos netbooks. Ainda chegará o dia em que você poderá instalar o Android, Ubuntu e Windows 8 em trial-boot no seu telefone, usando um ou outro sistema de acordo com a situação.

Do ponto de vista prático e econômico, esta é uma excelente notícia, já que os smartphones são dispositivos caros, que frequentemente custam mais do que um desktop completo ou mesmo que um notebook e continuam a gerar gastos mensais com os planos de voz e dados. A possibilidade de usar o telefone também como um PC sem dúvidas é um fator que ajudará a justificar este custo.

Em todo o mundo, já são vendidos mais de 1.2 bilhões (sim, bilhões!) de celulares e smartphones anualmente, sendo que os smartphones respondem a cada ano por um percentual maior deste bolo. Só nos Estados Unidos, foram vendidos mais de 70 milhões de smartphones em 2010, e as vendas devem explodir agora em 2011 devido à diversificação dos aparelhos com o Android e a entrada de mais modelos de baixo custo.

Se as vendas continuarem crescendo na mesma proporção, quase 1 bilhão de smartphones serão vendidos em 2012, superando as vendas combinadas de PCs, notebooks e netbooks por uma boa margem. Se uma percentagem considerável destes usuários passarem a usar o telefone como computador pessoal (lembre-se, a maior parte dos usuários usa o PC para Internet e consumo de mídia…) teremos uma grande dor de cabeça para os fabricantes de PCs.

Mais uma vez, os PCs sobreviverão (afinal, eles continuam intocáveis em relação a aplicativos de uso profissional e jogos), mas eles passarão a ficar cada vez mais espremidos pelos smartphones, tablets e outros dispositivos, que cada vez mais invadem sua área de atuação. Para nós usuários isso é bom, já que concorrência é sempre bem-vinda, mas este é um sério motivo de preocupação para a Intel e a Microsoft, já que ambas continuam fortemente amarradas ao PC.

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