Servidor de arquivos Linux

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Servidor de arquivos Linux

Este artigo aborda a configuração de um servidor de arquivos Linux utilizando o Samba, que permite compartilhar arquivos, impressoras e CD-ROM com máquinas Windows, com recursos semelhantes aos permitidos pelo Windows 2000 e uma segurança muito boa.

Este artigo se destina a apresentar apenas as configurações básicas do Samba. Depois de por seu primeiro servidor no ar você pode continuar pesquisando a documentação disponível para continuar se aprofundando no sistema. Este artigo demanda conhecimentos básicos de redes, se você é novo na área, pode ler antes o meu tutorial Configurar a rede e compartilhar a conexão: https://www.hardware.com.br/tutoriais/configurar-rede-compartilhar-conexao/

“Morimoto, obrigado por ajudar. Escolhi o Pentium II 400, mas para minha surpresa, chegaram aqui , apenas placa mãe , processador e 64 MB nos gabinetes. A ordem é retirar os HDs dos 486 e colocar nestes gabinetes. Não sei como não fiquei surpreso 😉 O problema é que aproveitando os HDs antigos não teremos espaço suficiente para instalar os programas e armazenar os arquivos que precisaríamos. Você teria alguma sugestão para esse segundo problema?”

Oi Ricardo, por acaso o Ministro Cavallo também é gerente de compras da sua empresa? Isso tá pior que os planos econômicos da Argentina 🙂

Mas já que você terá mesmo que se virar com os HDs dos 486s, o jeito seria colocar um servidor de arquivos na rede, que resolveria o problema de armazenamento a um custo muito mais baixo do que comprar mais um HD para cada micro.

A primeira coisa a escolher nesse caso seria a máquina que será destinada a esta tarefa. Um servidor de arquivos não precisa de um processador muito poderoso nem de muita RAM, o importante é que a configuração seja suficiente para rodar o sistema operacional escolhido com um desempenho razoável que o HD tenha um bom desempenho, já que a máquina se limitará a ler os arquivos no HD e transmiti-los através da rede. No seu caso uma das máquinas Pentium II, com um HD de 40 ou 60 GB, dependendo do volume de dados que serão armazenados no servidor já seria mais do que o suficiente.

Você poderia utilizar praticamente qualquer distribuição Linux para esta tarefa, já que quase todas incluem o Samba, mas a minha preferida atualmente é o Mandrake 8.1.

Antes de instalar, verifique se todos os dispositivos usados na máquina estão na lista de compatibilidade da distribuição escolhida. A lista do Linux Mandrake pode ser encontrado em: http://www.linux-mandrake.com/pt/fhard.php3

Quase todas as placas de rede PCI offboard são reconhecidas sem problemas. Como você não precisará de placa de som, modem ou impressora no servidor de arquivos, a maior preocupação fica por conta da placa de vídeo.

Se este for o seu primeiro contato com o Linux eu recomendo dar uma lista nos manuais. Os do Mandrake ainda não foram traduzidos para o Português, mas você pode dar uma lida nos do Conectiva 7, que também servem já que as opções de instalação e aplicativos incluídos em ambas as distros são semelhantes. http://www.conectiva.com.br/doc/livros/

Não se esqueça de marcar durante a instalação a opções “Network Computer Server” e “Configuration” no caso do Mandrake para instalar tanto o Samba quanto o Swat, a ferramenta de configuração que iremos utilizar.

Ainda durante a instalação você precisará configurar o endereço IP do servidor, máscara de sub-rede etc. Para que ele possa se conectar à rede. Depois de instalado, certifique-se que a rede está funcionando usando o comando Ping.

O Samba pode ser configurado através do Swat, um utilitário de configuração via Web, semelhante ao encontrado em alguns roteadores. Para acessa-lo basta abrir o Konqueror ou outro Browser disponível e acessar o endereço http://localhost:901 basta fornecer a senha de root para acessar.

Antes de mais nada você deverá criar logins para todos os usuários que forem acessar o servidor. Você pode fazer isso através do Iniciar > Configuration > Other > UserDrake. Os logins e senhas devem ser os mesmos que os usuários irão utilizar para se logar no Windows. Um detalhe importante é que na configuração de rede das máquinas Windows (Painel de controle > Redes) você deve marcar a opção de login como “Login do Windows” e não como “Cliente para redes Microsoft” que é o default.

Falta agora apenas configurar o Samba para se integrar à rede e compartilhar as pastas desejadas.

Ao abrir o Swat você verá um menu como o do screenshot abaixo, com vários links para a documentação disponível sobre o Samba, que você pode consultar para se aprofundar no sistema. Na parte de cima estão os links para as sessões da configuração, que é o que nos interessa:

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Acesse primeiro a seção Password, onde você deverá cadastrar todos os usuários que terão acesso às pastas compartilhadas através do Samba, os mesmos que anteriormente cadastrou no UserDrake. Não apenas o Samba, mas vários outros programas servidores exigem que os usuários também estejam cadastrados no sistema, uma questão de segurança. Basta escrever o nome e senha do usuário e clicar no botão add new user.

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Em seguida, acesse a seção “Globals”, que engloba todas as configurações de rede e de acesso:

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Nas opções Workgroup e NetBios name você deve colocar o nome do computador e o grupo de trabalho a que ele pertence, como faria numa máquina Windows.

Na sessão security coloque a opção Security como “User“, o que permitirá definir quais usuários terão acesso ao sistema. A opção Encrypt Password também é importantíssima e deve ser configurada de acordo com a versão do Windows que rodar nas máquinas clientes. O Windows 95 original não suporta encriptação de senhas, por isso só poderá se conectar ao servidor caso a opção seja configurada com o valor “No“. Porém, o Windows 95 OSR/2, Windows 98/SE/ME, Windows NT, Windows 2000 e Windows XP utilizam senhas encriptadas, por isso ao utilizar máquinas com qualquer um destes sistemas, que é o mais provável, a opção deve ser configurada como “Yes“.

A opção Hosts Allow deve incluir os endereços IP todos os computadores que terão permissão para acessar o servidor. Se quiser que todos os PCs da rede tenham acesso, basta escrever apenas a primeira parte do endereço IP, como em 192.168.0., onde todos os endereços dentro do escopo serão permitidos.

A opção Hosts Deny por sua vez permite especificar máquinas dentro do escopo configurados na opção Hosts Allow que não terão permissão para acessar o servidor, as exceções à regra. Por exemplo, se você configurou a opção acima como 192.168.0., mas deseja bloquear o acesso do PC 192.168.0.7, basta incluí-lo aqui. Se quiser incluir várias máquinas basta separar os endereços por espaços.

Na sessão Browse Options, a opção OS Level permite especificar qual chance o servidor Linux terá de ser o master browser do domínio. No nosso caso é desejável que ele seja o master browser pois ele está concentrando todos os recursos acessados pelas estações. Sendo assim configure esta opção com um valor alto, 100 por exemplo, para que ele sempre ganhe as eleições. O default dessa opção é 20, que faz com que ele perca para qualquer máquina Windows NT, Windows 2000 ou Windows XP. Para completar, deixe a opção Local Master como “Yes” e as opções Preferred Master e Domain Master como “Auto”.

Abaixo, deixe a opção Wins Support ativada (Yes). A opção Wins Server deve ser deixada em branco, a menos que exista na rede algum servidor Wins. Como no seu caso o único servidor é a máquina Linux, você pode configurar as máquinas Windows para utilizá-la como servidor Wins, para isto basta colocar o seu endereço IP no campo “Servidor Wins” na configuração de rede das estações.

Terminando, pressione o botão Commit Changes no topo da tela para que as alterações entrem em vigor.

Finalmente, você deve configurar as pastas a serem compartilhadas com as estações, através da seção Shares:

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Cada usuário que cadastrou no sistema já possui um diretório home criado. Estas pastas ficam dentro do diretório /home e podem ser usadas para guardar arquivos pessoais. Além dos diretórios home você pode compartilhar mais pastas de uso geral.

Para criar um compartilhamento basta escrever seu nome no campo no topo da tela e clicar no botão Create Share:

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Depois de criado um compartilhamento, escolha-o na lista e clique no botão Choose Share para configura-la. Você verá uma lista de opções como a abaixo:

gdh6
O campo Path é o mais importante, pois diz justamente qual pasta será compartilhada. O nome do compartilhamento diz apenas com que novo ele aparecerá no ambiente de redes. No caso do compartilhamento do screenshot a pasta compartilhada é /arquivos/programas.

A opção Read Only determina se a pasta ficará disponível apenas para leitura (opção Yes) ou se os usuários poderão também gravar arquivos (opção No). Você também pode determinar quais máquinas terão acesso ao compartilhamento através das opções Hosts Allow e Hosts Deny. As configurações feitas aqui subscrevem as feitas na seção global. Se por exemplo a máquina 192.168.0.5 possui permissão para acessar o sistema, mas foi incluída na campo Hosts Deny do compartilhamento programas, ela poderá acessar outros compartilhamentos do sistema, mas não o compartilhamento programas.

A opção Browseable permite configurar se o compartilhamento aparecerá entre os outros compartilhamentos do servidor no ambiente de redes, ou se será um compartilhamento oculto, que poderá ser acessado apenas por quem souber que ele existe. Isso tem uma função semelhante a colocar um “$” numa pasta compartilhada no Windows 98. Ela fica compartilhada, mas não aparece no ambiente de redes.

Finalmente, a opção Available especifica se o compartilhamento está ativado ou não. Você desativar temporariamente um compartilhamento configurando esta opção como “No“. Fazendo isso ele continuará no sistema e você poderá torna-lo disponível quando quiser, alterando a opção para “Yes“.

Um detalhe importante é que os usuários só terão permissão para acessar pastas que o login permite acessar. Por exemplo, no Linux o único usuário que pode acessar a pasta /root é o próprio root, ou outro autorizado por ele. Mesmo que você compartilhe a pasta root através do Samba, os demais usuários não poderão acessá-la.

Para editar as permissões de uma pasta, basta abrir o gerenciador de arquivos e nas propriedades da pasta acessar a guia Permissions. As permissões podem ser dadas apenas ao usuário, para todos os usuários pertencentes ao grupo do usuário dono da pasta, ou para todos os usuário. A opção Apply changes to all subdirectories e their contents deve ficar marcada para que as permissões sejam aplicadas também às subpastas:

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Terminadas as configurações, o servidor já irá aparecer no ambiente de redes, como se fosse um servidor Windows. Os compartilhamentos podem ser acessados de acordo com as permissões que tiverem sido configuradas e podem ser mapeados como unidades de rede entre outros recursos.

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Você pode compartilhar inclusive o CD-ROM do servidor se desejar, basta para isso compartilhar a pasta /mnt/cdrom, mas isso não é muito prático, pois além de trocar o CD-ROM, é necessário montar e desmontar a unidade apartir do servidor.

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