HP 95LX: Um pouco de história

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HP 95LX: Um pouco de história

O HP 95LX é um Handheld lançado em 91, que ainda utiliza o DOS 3.3 e um “incrível” processador 8088 de 5.37 MHz. comparado com os handhelds de hoje ele parece um dinossauro, mas se você já trabalhava com algo relacionado à informática na época em que ele foi lançado, é quase certo que você quis ter um, apesar dos quase 500 dólares que ele custava na época do lançamento.

Estes dias chegou às minhas mãos uma unidade bem conservada, ainda com o manual original, com suas quase 400 páginas. Achei ele bem interessante por isso escrevi escrever este artigo, falando sobre esta página da história da informática.

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O 95LX tem um teclado bastante completo, incluindo um teclado numérico e as teclas de atalho usadas para chamar os programas. O principal aplicativo incluído é o Lotus 123, aquela planilha que levou tanta gente a comprar o seu primeiro PC. Além dela temos um gerenciador de arquivos, um emulador de terminal, usado para transferir arquivos com o PC ou outro 95LX, uma agenda de compromissos e endereços, um editor de textos simples e uma calculadora financeira. Além destes ele pode rodar a maior parte dos programas compatíveis com o DOS 3.3 e mais alguns aplicativos desenvolvidos especialmente para ele. Ainda existem alguns sites de programas, como o http://www.palmtop.net/super.html e o http://www.reto.com/hp95lx/utilities.html.

Como estamos falando do MS-DOS, não é preciso instalar os programas para rodá-los, apenas transferir o arquivo e executa-lo através do gerenciador de arquivos do 95LX. É possível manter vários programas abertos e navegar entre eles utilizando as teclas de atalho, desde que eles caibam nos 1 MB de memória RAM. Alguns programas maiores, como o TigerFOX (um jogo incluído no pacote) pedem que você feche todos os outros programas antes de executá-los ou alegam falta de memória, tudo muito parecido com um PC antigo.

Além da memória RAM, temos mais 512 KB de memória flash para o armazenamento de arquivos e novos programas. Mas, por mais que os programas para MS-DOS sejam pequenos e quase sempre trabalhem com texto puro, os 512 KB não dão mesmo pra muita coisa. Por isso, lembraram de incluir um slot para cartões PCMCIA. Na época em que o 95LX foi lançado, existiam cartões de apenas 1 e 2 MB, por isso não sei se ele suporta os cartões atuais. Usando um cartão PCMCIA é possível transferir os arquivos diretamente para o cartão, usando um notebook, ou então um daqueles leitores USB para desktops, sem ter que depender da lenta transferência via terminal.

A tela tem uma resolução de 240 x 128, suficiente para exibir 40 colunas x 16 linhas de texto. Isto é exatamente 1/4 da resolução padrão do MS-DOS, que é de 80 colunas x 32 linhas de texto. Apesar disso, a tela tem um bom contraste, o que permite ler textos longos confortavelmente.

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Por sinal, ler textos foi o principal uso que dei para o HP. Basta colar o texto num editor de texto qualquer, salvá-lo como texto puro e transferir usando um programa de emulação de terminal, como o hyper terminal do Windows, usando o cabo serial:

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As opções lembram bastante a época das BBS, escolher entre Xmodem ou Kermit, caracteres com 7 ou 8 bits, etc. e a taxa de transferência não é das melhores, fica em torno dos 500 bytes por segundo, mesmo setando as portas seriais para 19.200 bips. Mas, considerando que na maior parte do tempo vamos transmitir só texto mesmo é até aceitável:

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É tudo bem antiquado, mas funciona bem. Como o processador opera a um clock muito baixo e a tela ainda é mono de matiz passiva, sem direito a backlight, o consumo elétrico é muito baixo. Duas pilhas alcalinas são suficientes para de 30 a 40 horas de uso contínuo, uma autonomia semelhante à do meu Psion. Além disso, ele é bastante leve, pouco menos de 300 gramas com as pilhas, o que permite usá-lo como um organizador pessoal, usando o Lotus 123 para controlar as finanças. Com 5.37 MHz, não dá pra dizer que o 95LX é rápido, mas como tudo é em texto a potência ja é suficiente para rodar os programas com desenvoltura. As teclas de atalho também facilitam bastante as coisas, por exemplo, a tecla “menu” abre o menu de funções de todos os programas e as teclas de atalho permitem mudar do Lotus 123 para a agenda de compromissos por exemplo num piscar de olhos. Apesar do DOS não ser multitarefa, nada impede de manter vários programas abertos, respeitando o limite da memória RAM, claro.

Em essência, ter um 95LX significa ter um XT portátil. Dá uma certa nostalgia trabalhar nele. Talvez seja por isso que apesar de tão antigo, ainda tem tanta gente que usa e gosta deste modelo. No final das contas, a quantidade de memória e a potência do processador não são o mais importante num handheld, mas sim sua praticidade. Veja o caso do Palm por exemplo: a plataforma simplesmente parou no tempo, se limitaram a aumentar a quantidade de memória e usar tela colorida nos modelos mais recentes, mas mesmo assim eles continuam vendendo como água 🙂

Depois do 95LX, a HP lançou dois outros modelos atualizados, o 100LX e o 200LX.

O 100LX mantinha o 1 MB de RAM do 95LX, mas já trazia 1 MB de memória de armazenamento e uma tela maior, capaz de exibir 80 colunas por 25 linhas de texto, mais do triplo da resolução do 95LX.

Mais tarde foi lançada uma versão de 2 MB, mas a melhor forma de expandir a memória de armazenamento era mesmo comprar um cartão PCMCIA de 1 ou 2 MB. Na época existia a opção de comprar um cartão de memória SRAM, que mantinha os dados graças a uma bateria, ou comprar um cartão de memória flash, que ainda eram novidade.

O 200LX, lançado em 93 acabou sendo o modelo de mais sucesso, que foi produzido até 1999 e ainda fácil de encontrar no mercado de usados (onde custa atualmente por volta de R$ 300). Não existem muitas diferenças entre a versão de 2 MB do 100LX e o 200LX. Basicamente tivemos a adição de um slot para cartões de memória Compact Flash, que complementou o slot PCMCIA, que passou a ficar disponível para a adição de um modem. Muita gente usa o 200LX para ler e responder e-mais, aliás é possível até mesmo navegar na Web (embora com poucos recursos) usando algum browser para o MS-DOS.

Tendo um cartão extra de memória, já é possível rodar o Windows 3.0 tanto no 100 quanto no 200 LX, embora apenas em modo real, onde apenas alguns programas podem ser executados e sem muitos recursos.

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