Uma olhada no OpenSolaris 2008.05

Uma olhada no OpenSolaris 2008.05

A look at OpenSolaris 2008.05
Autor original: John Frey
Publicado originalmente no:
http://distrowatch.com/
Tradução: Roberto Bechtlufft

O OpenSolaris é baseado no Solaris, sistema operacional da Sun Microsystems. O código do Solaris foi lançado sob uma licença open source em junho de 2005, e de lá para cá já deu origem a pelo menos cinco distribuições (ao contrário dos desenvolvedores do BSD, a equipe do OpenSolaris não se importa que chamem esses sistemas operacionais derivados de “distribuições”). Em março de 2007, a Sun Microsystems contratou Ian Murdock, e foi o fundador do Debian GNU/Linux quem lançou o “Projeto Indiana”, uma distribuição voltada para desktops baseada no código fonte do OpenSolaris incluindo um instalador gráfico e gerenciamento de pacotes. Depois o Indiana foi renomeado OpenSolaris, e se tornou a distribuição que a Sun Microsystems gostaria que nós instalássemos e usássemos em nossos desktops.

Eu testei o CD do OpenSolaris 2008.05 em dois computadores. O primeiro tem processador AMD Opteron, 1.5 GB de RAM, placa de vídeo Radeon 8500 e placa-mãe ASUS nForce3. O segundo é um Dell Pentium III com 256 MB de RAM. Instalei várias distribuições nessas máquinas e o hardware é bem suportado no Linux. O CD travou durante o boot no Dell e parei por aí os testes nesse computador. O OpenSolaris precisa de pelo menos 512 MB de RAM, e meu Dell só tem metade disso.

O boot do CD começa pelo menu do GRUB, dando a opção de iniciar o OpenSolaris ou bootar pelo HD. Para concluir o boot, é preciso escolher o layout do teclado e o idioma. Tudo bem simples e bonito, mas sinto falta de mais informações sobre o que está acontecendo durante o boot e/ou de uma barra de progresso. As mensagens de boot pararam em “opensolaris console login:” e por lá ficaram por um longo tempo, até que o GNOME iniciasse. Era óbvio que tinha alguma coisa acontecendo mas não havia feedback, o que me deixou confuso: pensei que era para digitar um nome de usuário e senha para acessar o desktop. O boot não é particularmente rápido ou lento, ficando no que se espera de uma distro Linux atual.

tela

O visual padrão do desktop do OpenSolaris 2008.05

O sistema operacional consiste de um desktop GNOME com quatro ícones: LiveCD, um utilitário para drivers de dispositivo, um guia de introdução e o instalador do OpenSolaris. Fui primeiro no utilitário de drivers de dispositivos para ver o nível de suporte ao meu hardware. Havia quatro dispositivos não suportados, as duas placas de rede (onboard e offboard), a controladora SATA Promise onboard e a controladora SATA de 2 portas Syba que adicionei ao computador faz algum tempo. Isso fez com que eu recorresse ao site do OpenSolaris em busca do suporte a hardware. A lista de hardware suportado é bem organizada e fácil de navegar, mas nenhum dos meus dispositivos estavam listados. O suporte a hardware do OpenSolaris parece estar bem abaixo do que vemos no Linux.

Enquanto procurava por informações encontrei uma ISO bootável com uma ferramenta de verificação de instalação. Eu recomendo rodar essa ferramenta antes de baixar o OpenSolaris para conferir se o seu hardware é suportado. Depois da verificação, fui informado de que havia suporte de terceiros para minhas placas de rede, mas nenhum driver para as controladoras SATA. A controladora IDE funcionou bem mas eu não tenho nenhum disco IDE e isso colocou um ponto final nos meus planos de instalar o OpenSolaris.

Eu não queria mexer com drivers sem ter minha conexão com a Internet, então troquei minha placa D-Link por uma SMC 1211TX, que pareceu funcionar bem. Quando reiniciei o sistema não havia conexão, mas o utilitário de drivers disse que os drivers da placa de rede estavam instalados. O OpenSolaris usa o utilitário de gerenciamento de serviços SMF para iniciar e parar serviços e daemons. Não demorou para que eu começasse a ler as man pages do svcs (serviços) e svcadm (administração de serviços). “Svcadm restart svc:/network/physical:nwam” era o comando que eu precisava para ativar a conexão de rede. Em meus testes, toda hora aparecia um pop-up avisando que a rede tinha caído, e depois que tinha voltado, mas isso pode ser um problema de hardware.

Conferi as configurações de rede com o ifconfig. Minha placa de rede foi chamada de rtls0. Provavelmente porque o chip da placa é da RealTek. Deve haver um nome genérico como eth0 para todas as conexões ethernet, mas eu não encontrei. Outros comandos como cat, nmap e vi estão disponíveis, mas coisas como lspci, sed e cfdisk não estão. O utilitário fdisk está disponível mas é preciso aprender as designações do Solaris porque partições como /dev/hdx não existem. A árvore de diretórios não traz grandes surpresas, exceto (para mim) pela pasta “platform”. Meu conhecimento de Linux foi útil, mas não pude confiar nele. Ficou claro que vou ter muito o que aprender se quiser administrar o OpenSolaris. Isso é parte do seu apelo.

O site do OpenSolaris é bem feito e fácil de navegar. Vasculhando as informações você vai acabar parando no site de documentação da Sun. Ou seja, há muito o que ler e tive alguma dificuldade em encontrar respostas para minhas perguntas, seja sobre a administração do sistema operacional ou sobre o sistema de arquivos e o software.

Para uso geral no desktop, o OpenSolaris geralmente oferece um aplicativo para cada tarefa. Há apenas um editor de documentos, mas é claro que o OpenOffice.org pode ser instalado. O Java vem instalado por padrão, sem surpresas, e há um plugin do Flash para o Solaris no site da Adobe que eu instalei, mas não funcionou. Não pude testar a reprodução de vídeos, mas presumo que o suporte a formatos seja limitado. Até onde eu sei, não há Skype ou qualquer outro aplicativo de VoIP no OpenSolaris. Fora isso, estão disponíveis os programas habituais para navegação, email, edição de fotos e afins. Não espere encontrar muitas alternativas nos repositórios. Até existem alguns softwares extras, mas não são muitos os navegadores web e programas de instant messenger disponíveis.

Pela minha experiência, eu não recomendaria o OpenSolaris para computadores mais antigos, mas deve ser interessante testá-lo num servidor PII ou PIII com os 512 MB de RAM necessários ou mais. Além disso, o suporte a hardware é muito limitado. Para que o OpenSolaris se torne uma figura de destaque no desktop, ele vai precisar melhorar bastante seu suporte a hardware. Desconfio que isso não seja problema para a Sun, visto que ela tem mais interesse em oferecer soluções end-to-end que já incluem o hardware. A seleção de programas é adequada para uso geral do desktop, ao menos depois de instalarmos o OpenOffice.org. O desktop mostrou completa estabilidade e nada travou durante meus testes. A única instabilidade que tive com o sistema foi a rede, e há grandes chances do problema ser do meu hardware. O sistema age bem na maneira de notificar o usuário do problema.

Só uma observação sobre a licença. Boa parte do Solaris é distribuído sob a licença CDDL, a Common Development and Distribution License. De acordo com a Free Software Foundation, ela é uma licença de software livre, ainda que incompatível com a GPL 2, além de ser uma licença open source de acordo com a Open Source Initiative. Há rumores de que o OpenSolaris será lançado sob a GPL 3, mas vamos esperar para ver.

Somando tudo, estabilidade, velocidade, boa documentação e um bom site. Péssimo suporte a hardware (as controladoras Promise on-board estão em todo lugar). Seleção de software e compatibilidade com o GNU/Linux adequados. De modo geral, este é um lançamento para desenvolvedores, mas trata-se de um sistema operacional funcional e estável a ser trabalhado.

Nota do editor (Ladislav Bodnar): Embora o OpenSolaris seja um projeto muito interessante, ele ainda é mais voltado a desenvolvedores, mesmo com o lançamento da primeira versão estável. Por quê? Primeiro, a exigência de 512 MB de RAM (e isso é tido como “não testado” pelo site do projeto) parece muito alta. Bootei o CD do OpenSolaris em minha velha máquina de testes com 384 MB de RAM, e foi completamente impossível usar o sistema (o aplicativo de captura de imagem do GNOME levou 20 minutos (!) para abrir). O interessante é que as duas versões de desenvolvimento que o projeto lançou antes desta versão estável rodaram bem no mesmo PC. É desnecessário dizer que todas as distribuições Linux e sistemas operacionais BSD (inclusive seus live CDs) rodaram satisfatoriamente nele. Segundo, o OpenSolaris 2008.05 não tem instalador em modo texto, algo que toda distribuição Linux séria já oferece há anos. Sim, o OpenSolaris 2008.05 pode ser voltado para o desktop, mas com as vastas combinações de hardware possíveis hoje, é um absurdo presumir que um instalador gráfico vá funcionar em todas as situações.

Créditos a John Freyhttp://distrowatch.com/
Tradução por Roberto Bechtlufft <robertobech at gmail.com>

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