Novos termos de privacidade do WhatsApp e o “tapa na cara” no usuário em relação à privacidade

Novos termos de privacidade do WhatsApp e o “tapa na cara” no usuário em relação à privacidade

Em 2014, o centro de pesquisa Pew Internet & American Life Project por meio do relatório intitulado The Future of Privacy” ( o futuro da privacidade) entrevistou diversas pessoas com o intuito de saber se elas acreditavam que o governo e companhias iriam criar criar artifícios para que os direitos a privacidade do usuário em um período de 10 anos fosse preservado O resultado, como já era de se esperar ficou favorável para os que não acreditam nais tais medidas, mais precisamente 55%, enquanto 45% acreditam que essas tais medidas realmente surgirão.

Bob Briscoe, executivo da Brtitish Telecom disse na época que pouca coisa em relação a privacidade mudaria em um período de 10 anos, já que para o uso de muitos serviços é necessário o partilhamento de dados.

Essa questão do partilhamento de dados fica bem mais fácil de explica quando falamos de serviços relacionados a internet. Durante alguns anos o Google reinou com uma folga absoluta no mercado de publicidade na web, com o Adworks, atualmente há um grande concorrente, o Facebook, com sua base de usuários que cresce sem parar, permitindo que desde um pequeno lojista a grandes empresas possam atingir o público-alvo com uma campanha segmentada, isto é, ajustando corretamente quem deve ver tal anúncio. Se no passado simples ações como uma panfletagem era eficiente, mas com um poder de acerto bem variável,  anunciar no Facebook é possível ser bem mais assertivo, gastando o mesmo que a impressão de 1000 panfletos por exemplo. 

Mas claro que para poder recomendar tal campanha ou apenas impulsionar um post, é necessário conhecer quem realmente quer ver tal resultado, e é aí que mora uma das barreiras da privacidade. O Facebook inclusive já foi acusado de xeretar o chat privado dos usuários para que a recomendação das campanhas de seus parceiros possam ser mais precisas.

Agora imagine se o Facebook fosse dono de outros gigantes da comunicação virtual, como o WhatsApp ou o Instagram? E foi justamente isso que aconteceu. Primeiro em 2012, quando foi anunciado a compra do Instagram por US$ 1 bilhão, e em 2014 com a aquisição do WhatsApp por US$ 21,8 bilhões. Ambos os serviços adquiridos no timing certo para os planos do Facebook.

Claro que Mark Zuckerberg e sua trupe não deixaria de melhorar ainda mais a recomendação dos anúncios do Facebook, e agora com o WhatsApp totalmente estabelecido e como um dos principais apps da história em termos de popularidade (sua base de usuários já ultrapassa a marca de 1,1 bilhão), unir forças seria o caminho derradeiro, e assim aconteceu!

No dia 25 de agosto o WhatsApp atualizou os seus termos de privacidade, criando uma verdadeira aliança entre o app de mensagens instantâneas e o Facebook, com o compartilhamento do número na rede social, permitindo que recomendações de amizade sejam sugeridas na base de contatos da conta do aplicativo. O intuito na verdade é que em um futuro próximo o marketing de proximidade, permitindo que empresas interessadas utilizem o WhatsApp para mandar mensagens específicas para o usuário, como por exemplo quando estiver no raio de ação de uma lanchonete.

Não precisa ser um gênio para saber que essa decisão acarretaria em uma grande repercussão. A Europa inclusive disse que investigará de perto essas mudanças, para ver se realmente é como a companhia diz ser. Ainda mais que WhatsApp tem um retrospecto ruim em relação a sua colaboração com governos mundo a fora, já que os avanços na criptografia do aplicativo dificultam as tais colaborações, acarretando em entraves, como os bloqueios que já rolaram no Brasil.

Além da mudança dos termos, o aplicativo ganhou uma opção dento da categoria conta que permite desmarcar a caixa do compartilhamento de dados, que em teoria diz que o app não compartilhará as tais informações com o Facebook, em detrimento dessa melhor experiência com os anúncios.

Até aí tudo bem, uma opção que inibe a ação (por mais que muitos usuários não irão se atentar a isso) pelo menos há um meio para que possa ser vetado. Infelizmente não é tão funcional como deveria ser.

Mesmo realizando o tal procedimento, a página de perguntas frequentes do WhatsApp, deixa bem claro que mesmo desmarcando a tal opção que inibe o compartilhamento que aprimora os resultados de anúncio e indicações de amizade baseadas nos contatos, a “ família de empresas do Facebook irá receber e utilizar estes dados para outros propósitos, tais como aprimorar a infraestrutura e sistemas de entrega, entender como nossos serviços e os serviços deles são utilizados, aprimorar sistemas de segurança, o combate ao spam, abusos e atividades de violação.

Embora essa coleta de dados seja necessária no que tange o aprimoramento dos próprios serviços, nunca e repito nunca, fica claro de que forma e que dados são realmente repassados, ou então se eles irão cair na mão de terceiros, isto é, empresas parceiras

Ao mesmo tempo que é preciso criar uma cultura de consciência no usuário por parte do seu comportamento online em relação a segurança, para que problemas sejam evitados, é preciso também esquecer a ideia que o Google, o Facebook, o WhatsApp, o Youtube, Instagram, e outros milhões de serviços sejam gratuitos, você paga bem caro com suas informações, querendo ou não, esse é o pedágio, a lei máxima do que gira ao grátis online. É cada vez mais necessário cativar e ter uma relação com o cliente, e claro que conhecendo seus gostos e costumes tudo fica mais fácil.

E com uma base de usuários gigantesca como o Google e Facebook detém fica bem difícil errar em relação ao que é lançado, já que o comportamento das pessoas que estão nos serviços que fazem parte dessas corporações é meticulosamente estudado.

Uma vez Steve Jobs disse que as pessoas não sabem o que querem até mostramos a ela. Daqui pra frente ficará cada vez mais fácil mostrar algo e já conquistar as pessoas, já que o mapeamento do comportamento está sendo desenhado.

A e só pra não esquecer, me incluo nos 55% que concordam que mudanças em relação a privacidade será aplicada nos próximos 10 anos, posso até me esticar um pouco, nem em 100 anos!

Sobre o Autor

Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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