Uma avaliação do Gnome 2.22

Uma avaliação do Gnome 2.22

One step forward: a review of GNOME 2.22
Autor original: Ryan Paul
Publicado originalmente no:
http://arstechnica.com/
Tradução: Roberto Bechtlufft

Um novo GNOME

A nova versão do GNOME traz um grande número de melhorias estruturais e novos aplicativos que aumentam o poder e a usabilidade do seu desktop. Lançado após seis meses de desenvolvimento intensivo, o GNOME 2.22 será incluído no Ubuntu 8.04 e no Fedora 9, ambos com lançamento previsto para abril.

O GNOME é um ambiente de trabalho open-source com foco na liberdade, na confiabilidade e na facilidade de uso. Ele é desenvolvido em cooperação por uma comunidade global de contribuidores voluntários e programadores profissionais que buscam criar uma plataforma coesa para a interação com o computador e o desenvolvimento de aplicativos. O GNOME é distribuído sob a GPL (Licença Pública Geral) e também sob a LGPL (a Licença Pública Geral Menor), que garantem ao usuário o direito de alterar, adaptar e redistribuir o software.

Neste artigo vamos examinar algumas das novidades presentes no GNOME 2.22, e lançar uma luz sobre o impacto que essas mudanças e melhorias terão sobre a experiência do usuário. Também vamos falar sobre algumas das novidades estruturais e demonstrar como elas podem ser aproveitadas pelos desenvolvedores de software.

Boa parte de nossos testes foi realizada com o Foresight 2.0, lançado apenas duas semanas antes do lançamento oficial do GNOME 2.22. Nós preferimos usar o Foresight Linux para análises do GNOME porque ele segue bem de perto suas configurações originais, apresentando algo próximo a uma instalação padrão do GNOME. Também experimentamos o GNOME 2.22 nas versões de testes do Fedora 9 e do Ubuntu 8.04.

Nesta análise, vamos dar uma olhada nos novos aplicativos incluídos no GNOME 2.22. Depois vamos destacar algumas das novidades desta nova versão, para então olharmos “debaixo do capô” e analisarmos algumas de suas melhorias estruturais. Vamos concluir falando sobre o que podemos esperar da próxima versão do GNOME.

Novos aplicativos

Diga “Xis” com o Cheese!

Esta é a primeira versão do GNOME a incluir o Cheese, um programa que permite ao usuário capturar fotos e vídeos com sua webcam e aplicar efeitos visuais diversos. O nome Cheese é o equivalente em inglês ao popular “diga xis”, que usamos para que todos saiam com um belo sorriso quando vamos bater uma foto. É um programa relativamente novo e que vem crescendo rápido, e que já conquistou um grupo de empolgados seguidores em sua curta existência.

A interface do Cheese, livremente inspirada no Photo Boot, do Mac OS X, é extremamente intuitiva e fácil de usar. Os botões da barra principal permitem ao usuário alternar entre a captura de foto e de vídeo, além de acionar a lista de efeitos. As fotos capturadas aparecem em uma faixa na parte inferior da interface, mais ou menos como no programa EOG (Eye Of GNOME). Os filtros são cumulativos, e podem ser somados para a obtenção de efeitos múltiplos.

56d010eaCheese com o filtro “Hulk”

“Temos uma ferramenta muito boa, que não faz feio diante da competição, mesmo comparada a programas proprietários como o da Apple,” escreve em seu blog o desenvolvedor Daniel Siegel. “Isso significa que o desenvolvimento do Cheese já está encerrado? Não mesmo… Temos muitas idéias e queremos concretizá-las nos Gnome 2.24.”

301c4888A lista de efeitos do Cheese.

Os planos para o futuro incluem melhorias na interface e uma versão para o Maemo, o que tornará possível rodar o Cheese no Nokia N810. Para maiores informações, dê um passeio pelas novidades no site do projeto e leia a entrevista que o GNOME Journal fez ano passado com Siegel.

Anjuta

O Anjuta é um ambiente integrado de desenvolvimento (ou IDE) voltado principalmente para a programação em C e C++, e que agora faz parte da Suíte de Desenvolvimento GNOME. Ele oferece vários recursos úteis que simplificam o processo de criação de aplicativos baseadas no GNOME e no GTK, incluindo o suporte integrado ao criador de interfaces Glade 3. O sistema de gerenciamento de projetos do Anjuta pode gerar automaticamente uma infra-estrutura para as ferramentas de compilação do projeto GNU (conhecidas como autotools) e de quebra oferecer um compilador integrado.

Muitas características avançadas podem ser adicionadas com o uso de plugins, como o suporte a sistemas de controle de versão, integração com o Valgrind, um navegador de símbolos, um depurador e um visualizador gráfico de heranças de classes. O Anjuta dá ao usuário a chance de escolher entre os componentes de edição Scintilla e GtkSourceView, além de suportar code folding (que permite ocultar/exibir seções de código para facilitar a visualização), destaque de sintaxe para várias linguagens de programação, recurso para autocompletar código, indentação inteligente, caixas de dica (as tooltips) e outras ferramentas avançadas.

4955e734A interface para o Subversion do Anjuta

A idéia da Suíte de Desenvolvimento GNOME foi concebida durante o desenvolvimento do GNOME 2.20, mas na época o Anjuta ainda não era robusto o suficiente para ser incluído. Agora o Anjuta se une ao Devhelp e ao Glade 3, e preenche a importante vaga de IDE da suíte. Ainda que a maioria dos desenvolvedores experientes do GNOME prefira programar em editores como o Vim e o Emacs, o Anjuta é muito importante porque diminui a dificuldade de adaptação para novos contribuidores e automatiza boa parte da complexidade associada à configuração das autotools para o desenvolvimento no GNOME.

m2bd03bcaO IDE Anjuta

Os planos futuros para o Anjuta incluem uma maior integração ao Glade, o suporte a outros sistemas de controle de versão como o git e o darcs, suporte a mais idiomas e integração ao Devhelp para as caixas de dica. Para maiores detalhes sobre a nova versão do Anjuta, confira este post do blog do desenvolvedor Johannes Schmid.

Novas características

Relógio internacional

O relógio do GNOME 2.22 agora exibe um mapa e indica as horas e a previsão do tempo de diversos locais do mundo. As melhorias no relógio foram primeiro implementadas pela Novell, para depois serem aperfeiçoadas pelo Fedora e pelo Ubuntu. Infelizmente esse desenvolvimento se deu no âmbito de cada distro, e isso dificultou a inclusão das novidades no código original do GNOME.

7b6a9073O relógio internacional

Os desafios impostos por essa fragmentação demonstram a necessidade de melhorias na colaboração das várias distribuições com o GNOME, já que interessa muito a elas o sucesso do projeto. O desenvolvedor do GNOME encarregado de reunir todo o código para esta versão, Fredrico Mena Quintero, afirmou em seu blog que o uso de um sistema de controle de versão teria simplificado muito o processo e evitado a necessidade de patches específicos para cada distribuição.

Melhoramentos no Deskbar

O Deskbar, o vitaminado applet lançador de programas do GNOME, recebeu algumas melhorias, muitas delas vindas do projeto Highly Open Participation, do Google. Agora, a janela de buscas se desdobra do painel, como fazia antes da interface ser reescrita na versão anterior. Infelizmente, ainda não é possível integrar a caixa de buscas diretamente ao painel.

68ae4510O Deskbar no painel

A integração do Deskbar ao sistema continua melhorando brilhantemente. Por exemplo, agora o Deskbar detecta automaticamente a mudança do navegador web padrão faz a troca do módulo correspondente para exibir históricos, favoritos e demais características relacionadas ao navegador.

O Deskbar também passa a realizar novas ações, como executar um comando de terminal e exibir em uma janela a saída do comando. Um novo plugin para modelos permite criar novos arquivos com base nos itens que o usuário tem na pasta ~/Modelos. O novo módulo do Tomboy torna possível buscar, criar e apagar notas.

Os planos para a próxima versão incluem melhorias no desempenho, adaptação do módulo do del.icio.us para que ele use a API oficial e não feeds RSS e uma maior integração ao Evolution.

Evolution

O cliente de email do GNOME, o Evolution, passou por melhorias significativas nesta versão e agora oferece amplo suporte à integração com o Google Calendar. Outras novidades incluem um plugin para editores externos, possibilidade de se aplicar tags às mensagens e melhor detecção de spam. Neste post, o desenvolvedor Srinivasa Ragavan destaca que mais de 450 bugs foram corrigidos, incluindo 50 que levavam o programa a travar.

m115a730O suporte ao Google Calendar do Evolution

Tomboy

O aplicativo de anotações está prestes a oferecer uma interface completa para o uso de tags. A nova versão do Tomboy para o GNOME 2.22 agora suporta “notebooks”, que são como categorias de notas. Mas esta novidade é muito menos útil que um sistema completo de tags, porque só é possível associar uma categoria por nota.

2d86d49aO Tomboy e seus “notebooks”

md00b92cA nova interface de busca do Tomboy

O sistema completo de tags já foi plenamente integrado à infra-estrutura do Tomboy (podendo ser acessado sem dificuldades com o D-Bus) mas ainda não foi adicionado à interface porque váriastentativas nesse sentido adicionaram muita complexidade ao sistema. Por enquanto o notebook é uma prova aceitável do esforço da equipe, mas a demanda por tags é grande e os desenvolvedores já avisaram que estão dispostos a rever a questão nos próximos lançamentos. Vale ressaltar que o sistema completo de tags pode ser acessado por desenvolvedores de plugins que queiram trabalhar em uma interface melhor para o sistema. Maiores informações sobre o notebook pode ser encontrados no wiki do GNOME Live.

Clearlooks

O tema padrão Clearlooks melhorou tanto nas versões anteriores do GNOME que passei a usá-lo com alegria em detrimento de outros temas. Você pode dar uma olhada nele em algumas de minhas análises mais recentes. Nesta versão, o Clearlooks apresenta melhorias que continuam a contribuir para o refinamento visual do GNOME.

O gradiente que destacava a aba em foco na versão anterior foi trocado por uma linha fina que atravessa a borda superior da aba. O engine do Clearlooks também passa a oferecer suporte para temas nos indicadores de foco, o que permite trocar a tradicional linha pontilhada do item em foco por um fundo sombreado. As imagens a seguir mostram as diferenças entre as versões:

4566c3e5Clearlooks no GNOME 2.20

m1a0a163cClearlooks no GNOME 2.22

7b6b7b09Clearlooks no GNOME 2.20

m2b945962Clearlooks no GNOME 2.22

7022c852Clearlooks no GNOME 2.20

6dbaad53Clearlooks no GNOME 2.22

Eu sempre achei o indicador de foco pontilhado um horror, totalmente inconsistente com uma interface moderna, mas preciso da indicação do foco porque costumo usar mais o teclado que o mouse ao trabalhar com aplicativos no desktop (seria bem complicado circular pelas opções na tela sem um indicador de foco). A nova versão do Clearlooks traz uma ótima solução para o problema ao substituir a linha pontilhada pelo sombreamento, que é muito mais consistente com o estilo do Clearlooks. No início fui meio cético à mudança, mas não demorou para que eu percebesse que se trata de uma grande melhoria, especialmente nos botões e nas checkboxes.

Como sempre, uns poucos detratores já demonstraram sua frustração, mas acho que as mudanças no indicador de foco serão muito apreciadas pela grande maioria dos usuários.

Melhorias estruturais

O novo sistema de arquivos virtual do GNOME

O sistema de arquivos virtual (VFS) oferece uma camada de abstração que permite a exposição de vários dispositivos de armazenamento por meio de uma única API, facilitando o acesso transparente a arquivos em rede por meio de diversos protocolos. O velho sistema de arquivos virtual do GNOME foi substituído pelo GVFS, que é mais encorpado, tem melhor desempenho e é mais fácil de ser integrado. Logo de cara, o GVFS oferece suporte a SFTP, FTP, DAV, SMB e ObexFTP no Nautilus e em outros programas. O GVFS pode ser acessado pelo “Conectar ao Servidor” do menu “Locais”, ou digitando-se uma URI compatível na barra de navegação do Nautilus ou nos diálogos de seleção de arquivo dos programas.

O predecessor do GVFS não foi muito usado porque não tinha uma API forte, não era muito confiável e tinha muitas dependências, além de não ter o nível de acesso desejado ao hardware. O GVFS foi criado do zero para resolver todos estes problemas e oferecer uma solução mais transparente e eficiente. Ele é levemente associado ao GIO, uma biblioteca em nível de hardware baseada no GObject que fornece APIs abstratas para operações com arquivos e de entrada e saída. Ele usa um mainloop da glib e dá suporte à manipulação de arquivos, processamento de caminhos/paths, manipulação de metadados, monitoramento de mudanças em arquivos e acesso stream.

Pontos de montagem individuais são gerenciados por daemons independentes. O GVFS usa o protocolo de comunicação entre processos D-Bus para se comunicar com os daemons e gerenciar operações com arquivos por meio de um protocolo binário em separado, usando sockets UNIX. O D-Bus é utilizado para coordenar as transferências e distribuir descritores de arquivos, mas não é usado para operações de entrada e saída por causa do desempenho.

Uma função particularmente útil do GVFS é a integração opcional ao FUSE, que torna possível o uso de pontos de montagem do GVFS a aplicações legadas ou de linha de comando que não suportem as bibliotecas GIO e GVFS. O suporte ao FUSE é completamente opcional, e só está disponível em sistemas operacionais com suporte ao FUSE. Cada ponto de montagem do GVFS pode ser acessado pelo FUSE em um subdiretório de ~/.gvfs/.

De modo geral, a mudança para o GVFS é totalmente transparente ao usuário porque atua sob a superfície e usa os elemntos da interface já existente. Ainda assim, na migração para o GVFS houve algumas melhorias na interface do Nautilus. Agora uma única janela exibe todas as operações de transferência de arquivos, ao invés de termos uma nova janela para cada transferência.

m14bd9530A janela de transferência de arquivos do Nautilus com o novo GVFS

Muitos dos aplicativos e bibliotecas principais do GNOME já foram portados para serem compatíveis com o GVFS, mas não todos. O estado atual da adoção do GVFS pode ser conferido no wiki do GNOME Live. Também existem muitas URIs especiais para as quais ainda não há suporte total no GVFS, incluindo as URIs dos temas e fontes.

PolicyKit

O PolicyKit é outro importante avanço estrutural do GNOME 2.22. O PolicyKit é um framework capaz de garantir privilégios superiores a programas e ferramentas de maneira mais segura e flexível que as soluções atuais. Com o PolicyKit, os desenvolvedores podem isolar ações privilegiadas e torná-las acessíveis a programas por meio do D-Bus. Esse método oferece um gerenciamento minucioso das operações acessíveis aos usuários, e reduz a exposição do sistema a riscos de segurança decorrentes do escalonamento de privilégios.

53976045Um diálogo de autenticação do PolicyKit

O PolicyKit opera de maneira transparente e só se apresentará ao usuário comum quando precisar da senha para garantir o acesso em operações delicadas. Quando estiver em pleno funcionamento nas distros mais importantes, o PolicyKit acabará por substituir hacks como o gksudo.

m6d6d9e06O sistema de autorizações do PolicyKit

O que vem por aí

Várias propostas importantes para o GNOME 2.22 não ficaram prontas a tempo e terão que esperar o GNOME 2.24. Um bom exemplo é o Empathy, um cliente de mensagens instantâneas baseado no projeto Telepathy. Embora o Empathy tenha funcionalidades atraentes, ele ainda precisa amadurecer um pouco. Os problemas estão sendo resolvidos para que ele seja adotado daqui a seis meses, no GNOME 2.24. O Empathy 0.22.0 foi lançado para aqueles que já queiram começar os testes. No blog de Xavier Claessens você encontra planos mais detalhados sobre o desenvolvimento do Empathy.

Outra grande melhoria na área de comunicações do GNOME 2.24 pode vir com o Ekiga 3, a nova geração do programa de VOIP do GNOME. A versão 3, que ainda está em desenvolvimento, traz uma interface mais moderna, melhor suporte a vídeo e um sistema de presença. Para ver algumas fotos bem legais do Ekiga 3, dê uma olha neste post do blog de Damien Sandras.

Há também alguns importantes projetos a longo prazo que devem trazer novas e significantes capacidades ao desktop GNOME. O projeto GNOME Online Desktop (GOD), por exemplo, traz inovações na integração do desktop com serviços web. O GNOME também deverá colher muitos frutos dos planos de reforma geral do GTK, que já começam a tomar corpo (em breve teremos notícias sobre o assunto por aqui).

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Conclusão

Em sua versão 2.22, o GNOME continua a oferecer grande performance, funcionalidade e facilidade de uso, que contribuem significativamente para a viabilidade do Linux no desktop. No entanto, apesar de todos os avanços, ainda temos problemas em certas áreas nas quais o GNOME perde feio para seus competidores abertos e proprietários. O diálogo de seleção de arquivos do GNOME, por exemplo, ainda não oferece operações básicas de gerenciamento, como a capacidade de renomear e apagar arquivos, além da falta de suporte à exibição de arquivos como thumbnails.

O GNOME está disponível em 46 idiomas e pode ser baixado na página de torrents do GNOME. Os usuários ansiosos em ver o GNOME 2.22 em ação podem experimentar as versões de testes das maiores distribuições Linux. Para maiores informações, consulte o roadmap do GNOME 2.24.

O GNOME 2.22 será incluído nas próximas versões de várias distribuições, incluindo o Ubuntu 8.04 e o Fedora 9, ambas com lançamento previsto para abril. Como de costume, esta versão traz melhorias sólidas e incrementais que proporcionam uma melhor experiência ao usuário, além de algumas boas novidades.

O bom
  • O sistema GVFS melhora o desempenho do SFTP e demais protocolos no Nautilus e em outros aplicativos do GNOME.

  • O PolicyKit traz mais segurança e detalhamento na aferição de privilégios.

  • O IDE Anjuta facilita a vida de novos desenvolvedores interessados em participar e contribuir com o GNOME.

  • O Evolution traz o suporte ao Google Calendar para o desktop.

  • O Clearlooks continua evoluindo e tornando o GNOME mais bonito.

  • O Cheese, o relógio internacional e outras pequenas novidades dão um retoque no ambiente e preenchem lacunas importantes.

O ruim
  • A interface do sistema de tags do Tomboy ainda não foi plenamente desenvolvida e o sistema de categorias é um pouco limitado.

  • O GVFS ainda não foi implementado por completo e isso gera algumas pequenas regressões, como a falta de suporte ao fonts:///.

O péssimo
  • O diálogo de seleção de arquivos continua uma porcaria.

Créditos a Ryan Paulhttp://arstechnica.com/
Tradução por Roberto Bechtlufft <robertobech at gmail.com>

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