Empresas ditam comportamento em redes sociais.

Quando se popularizaram na metade da década passada, as redes sociais trouxeram um mundo novo aos usuários da internet. Logo, vislumbrou-se que, através dessas ferramentas, seria possível não apenas manter contato com familiares, colegas, amigos e parentes como também conhecer pessoas novas e ficar por dentro dos assuntos de seu interesse. Sem dúvida, as redes sociais revolucionaram o mundo contemporâneo – basta ver que elas tiveram um papel de destaque nas revoluções recentemente ocorridas no Oriente Médio – mas, se por um lado elas nos trouxeram inúmeras possibilidades, por outro acrescentaram mais um longo degrau na tão sonhada estabilidade financeira e empregatícia. Não se trata de um apocalíptico e sombrio futuro Orwelliano, mas da mais pura realidade: empresas e agências de seleção estão verificando, sim, os perfis dos candidatos nas redes sociais na hora de se candidatar a uma entrevista de emprego.

O assunto não é novidade e já rendeu polêmicas nos Estados Unidos, quando empresas começaram a pedir o login e a senha do Facebook dos candidatos às vagas de emprego (link: http://www.gizmodo.com.br/empresas-pedem-login-e-senha-do-facebook-a-candidatos-para-vaga-de-emprego/ ). Embora a prática seja eticamente discutível, o fato é que essa tendência já chegou ao Brasil e, embora muitas pessoas sejam contratadas por meio dessas ferramentas, muitas também perdem boas chances por causa delas.

Embora o governo e a mídia comemorem que somos a sexta maior economia do mundo, é fato que conseguir um bom emprego em nosso país é um desafio praticamente impossível. Mais ainda, apesar de o discurso de aceitar e respeitar as diferenças esteja em voga atualmente, é fato conhecido que ateus, homossexuais, portadores de deficiências, pessoas com muitas tatuagens e homens com brincos e cabelos compridos já estejam, por padrão, praticamente fora do famigerado mercado de trabalho. Se, anteriormente, as empresas faziam uma entrevista de emprego e, caso selecionado, um estágio probatório para confirmar se as informações fornecidas no currículo são autênticas, hoje essa tarefa cabe às redes sociais.

Acabou o “oba-oba”: suas fotos, posts, comunidades, comentários e outras interações nesses sites denunciam sua verdadeira personalidade e, por isso, quem quer entrar em alguma empresa precisa tomar alguns cuidados nesses ambientes virtuais.

O maior cuidado é com as fotos postadas. É claro que fotos com amigos e família contam positivamente, mas os exageros e flagras podem definir se seu currículo vai ou não para o lixo. Fotos “sensuais”, sem camisa, de biquíni ou na piscina podem fazer com que você seja descartado.

Muitas pessoas gostam de festas e, nesses eventos, costumam haver exageros. Fotos suas segurando ou próximo a mesas com várias garrafas ou copos de bebidas alcoólicas podem deixar a impressão de que você é irresponsável e, por isso, não deve ser contratado.

Mas as fotos estão longe de ser o único obstáculo. As comunidades de que você participa ou as pessoas que você segue podem ser uma arma a seu favor ou contra você. Por exemplo: se você está procurando uma vaga como técnico em Informática, seguir perfis ou estar em comunidades relacionadas ao assunto, como de empresas de processadores, de sites especializados ou de desenvolvedoras de software mostrará que você realmente tem interesse e se interessa pelo assunto e, portanto, poderá ser um ótimo profissional. Agora, comunidades e perfis “besteira” como “eu odeio acordar cedo”, “eu adoro final de semana” e similares devem ser evitados, pois eles denunciam que você não está, realmente, comprometido com o trabalho.

Atenção especial deve ser prestada pelos jovens, principalmente aqueles que estão saindo do Ensino Médio ou de algum curso técnico pois sabemos que, atualmente, várias escolas são tomadas pelos famosos bondes ou gangues e que muitos adolescentes entram nesses grupos para conquistarem a atenção e o respeito de seu grupo social. Participar de uma comunidade dessas, porém, é um atestado de reprovação, pois empresa alguma contrata marginal. Simples assim.

Outro ponto crítico direcionado ao pessoal mais novo diz respeito ao Português. Claro que ninguém está livre de cometer pequenos e perdoáveis erros de digitação, de ortografia ou de concordância, mas o fato é que cada vez mais vemos, em fóruns e em comunidades, verdadeiras barbaridades linguísticas, como escrever “faço” com dois esses ou dizer “estalar” no sentido de instalar. As empresas não contratam analfabetos, entenda isso.

Discussões com ideias diferentes são saudáveis, mas você deve evitar ao máximo participar dos chamados “flame wars”. Discussões do tipo “Windows ou Linux”, “Android ou iOS”, “Intel ou AMD”, “Deus existe” e outras do gênero, em geral, costumam ter centenas, senão milhares, de posts que raramente chegam a uma conclusão séria sobre o assunto, além de receberem opiniões acaloradas. Participar de uma discussão dessas nada mais mostrará que você é inflexível e incapaz de aceitar opiniões que divergem da sua, ou seja, seu currículo estará cada vez mais próximo da lixeira.

Quem já está contratado deve redobrar os cuidados, principalmente no tocante à divulgação de informações do ambiente de trabalho. O clima de informalidade oferecido pelas redes pode nos induzir a comentar que estamos trabalhando em algum projeto que ainda não foi lançado – e que, por causa disso, pode ser visado pela concorrência. Suas atualizações também são importantes: alguém que atualiza frequentemente seu perfil em redes sociais pode passar a impressão que faz isso durante o expediente.

Mas, muitas vezes. O candidato é dispensado antes mesmo de que seu currículo seja lido – e isso ocorre muito na área de TI. Seu endereço de e-mail é o primeiro obstáculo na hora de conseguir um emprego.

Como se não bastassem os e-mails com nomes “toscos”, há uma forte “discriminação” com usuários de alguns serviços, notadamente o Hotmail. A principal razão é que, se o usuário não tiver conta de e-mail alguma e usar um computador com Windows, esse será, naturalmente, o serviço oferecido a ele pelo sistema. Ter um e-mail do Hotmail indica que a pessoa não tem muita intimidade com o computador e isso é crucial para a maioria dos empregos de hoje, que exigem a utilização de nosso equipamento favorito.

Com isso, é necessário manter uma certa postura nas redes sociais e nos fóruns que você participa, afinal, seu perfil é seu cartão de visitas e muita gente pode estar olhando para ele agora.


Por: André Ferreira Machado
Graduando em Licenciatura em Matemática pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e colaborador do Hardware.com.br

(L.E.)

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