Barebones, personalizando seu notebook

Barebones, personalizando seu notebook
Um barebone é um notebook personalizável, onde você compra apenas a carcaça, com a placa-mãe, tela, bateria, teclado e touchpad. Desta forma, você pode personalizar o equipamento, escolhendo o processador, módulos de memória, HD, drive óptico e, em alguns modelos, também a placa de vídeo (neste caso escolhendo entre um pequeno conjunto de modelos mobile).

Dois exemplos de barebones são o Asus Z84JP e o MSI MS-1058. À primeira vista eles parecem notebooks normais, e realmente são. Um barebone nada mais é do que um notebook desenvolvido com o objetivo de permitir uma certa flexibilidade na escolha dos componentes, que é vendido “incompleto”, permitindo que você escolha o que usar. Não é incomum que o fabricante ofereça também opções de notebooks “completos” baseados nos mesmos.

index_html_40cfc4bdAsus Z84JP
index_html_m7601f040MSI MS-1058

O Asus Z84JP é um desktop replacement, grande e equipado com uma tela de 17″, enquanto o MSI MS-1058 é um thin-and-light, compacto e com tela de 12″. Escolhi os dois como exemplo justamente devido às diferenças entre eles.

O Z84JP usa uma placa mãe baseada no chipset i945PM. Ao contrário do i945GM, este chipset não tem vídeo onboard, por isso o notebook inclui um slot mobile PCI Express interno, onde você pode instalar uma placa de vídeo MXM, da série GeForce Go, o que permite montar um notebook com um desempenho 3D respeitável, usando uma GeForce Go 7800 com 512MB, por exemplo.
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O chipset suporta processadores Intel baseados no soquete M, incluindo os Core 2 Duo (Meron), Core Duo (Yonah) e Pentium-M e a placa possui dois slots para módulos SODIMM de memória, de até 2 GB cada, o que permite instalar até 4 GB. O barebone já vem com um drive DVD-RW, leitor de cartões, som, rede e modem onboard, transmissor bluetooth e uma webcam integrada na tela, mas (além do processador, memória e placa de vídeo), faltam o HD e a placa wireless.

Não existem limitações com relação à escolha do HD, você pode escolher qualquer modelo SATA de 2.5″, incluindo os modelos de 7200 RPM. Apesar da placa-mãe ser baseada em um chipset Intel, você pode utilizar uma placa wireless de qualquer fabricante. A única observação é barebone utiliza um slot Express Mini, o que deixa de fora as placas wireless no formato mini-PCI.

index_html_394947acPlaca wireless Express Mini

O MS-1058 é numa plataforma bem diferente. Em primeiro lugar, ele é baseado no chipset ATI Radeon Xpress 1100 (composto pelos RS485M e SB460), que inclui um chipset de vídeo onboard relativamente poderoso (pelo menos se comparado com os chipsets de vídeo integrado da Intel), mas em compensação não suporta o uso de uma placa MXM externa.

Ele suporta processadores AMD soquete S1, incluindo naturalmente todos os modelos do Turion X2 e oferece suporte a módulos SODIMM de até 1 GB, permitindo um máximo de 2 GB de memória instalada.
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Assim como no caso do Asus Z84JP, o MSI MS-1058 inclui um drive DVD-RW, som, rede, modem, leitor de cartões, bluetooth e um slot Express Mini para a conexão da placa wireless, mas ao invés de uma interface SATA, ele ainda utiliza a boa e velha porta IDE para a conexão do HD, o que limita um pouco as escolhas, pois mesmo entre os HDs de 2.5″, os modelos IDE são cada vez mais raros.

Em agosto de 2007, o Z84JP custava US$ 973 e o MS-1058 custava US$ 719. Os preços podem parecer baixos a princípio, mas lembre-se de que estes são os preços nos EUA. Para comprá-los aqui no Brasil você teria que pagar o envio e os impostos de importação, o que dobraria o valor.

Somando os valor do barebone, com o valor individual dos componentes, você logo percebe que o custo excede bastante o da maioria dos notebooks de baixo e médio custo. Este é o primeiro segredo dos barebones: eles não são vantajosos quando você quer montar um notebook de baixo custo, mas sim em casos onde você quer uma configuração mais parruda ou incomum.

O principal motivo desta discrepância é que notebooks de baixo custo tem seu custo amortizado pelo grande volume de produção e são parcialmente subsidiados pelos modelos mais caros da mesma linha. Os barebones são quase sempre produzidos em pequena quantidade e por isso (depois de somados os custos individuais dos componentes) acabam saindo mais caro.

A situação muda um pouco, entretanto, quando você quer comprar um notebook high-end. Como os fabricantes trabalham com margens de lucro muito maiores nos modelos topo de linha (justamente o oposto do que temos nos modelos de baixo custo), comprar os componentes separadamente pode sair mais barato, além de que um barebone lhe oferecerá melhores possibilidades de upgrade.

Por exemplo, imagine o caso de alguém que quer desesperadamente um notebook para games. Todos sabemos que as opções de vídeo integrado atendem apenas jogadores ocasionais, nenhum aficionado ficaria satisfeito jogando o F.E.A.R a 20 fps, usando as configurações mínimas, em uma ATI X200M, por exemplo.

Presumindo que dinheiro não seja problema, esta seria uma situação onde um barebone poderia prestar bons serviços. Veja o caso do Clevo M590KE, por exemplo. Ele inclui uma tela de 20.1″, suporta o uso de dois HDs SATA de 2.5″ em RAID e suporta o uso de duas placas GeForce Go em SLI, com a possibilidade de usar duas GeForce Go 7950 GTX com 512 MB cada, ou (no caso de um notebook destinado a uso profissional) duas Quadro FX Go 2500M. Com relação ao processador, você pode utilizar um Turion X2 TL-66 (2.3 GHz), combinado com até 2 GB de memória. Ou seja, utilizando este barebone como base, você poderia montar um laptop com uma configuração superior à de muitos desktops.

index_html_m36977ac6Clevo M590KE

Naturalmente, isso tem preço em termos de portabilidade. O M590KE pesa quase 7 kg e a bateria de 12 células dura pouco mais de meia hora rodando games pesados com duas placas em SLI.

O barebone em si custa US$ 2259 (em Agosto de 2007), mas você poderia gastar mais de US$ 4000 no total (preço dos EUA), já que cada GeForce Go 7950 GTX custa US$ 390 e ainda temos o custo do processador, memória, placa wireless e HDs. Naturalmente, um desktop com um desempenho similar sairia brutalmente mais barato, mas o preço ainda é baixo se comparado com o de outros laptops de configuração similar.

O maior problema com relação aos barebones, é a dificuldade em comprar os componentes aqui no Brasil. Uma coisa é comprar um notebook montado dentro de uma determinada configuração ou faixa de preço, outra é conseguir encontrar modelos específicos de barebones, processadores mobile e placas MXM à venda. Você pode perfeitamente comprar tudo online, em lojas do exterior, mas os gastos com o transporte e impostos acabam elevando muito os valores.

Naturalmente, as placas MXM não são exclusividade dos barebones. Elas podem ser encontradas em diversos modelos high-end. Comprar um notebook com uma placa de vídeo dedicada é (salvo as devidas proporções 🙂 como comprar um desktop com uma placa 3D offboard. Se você quer um note para navegar e rodar aplicativos de escritório, uma placa offboard não faz sentido, pois além de encarecer o note, acaba aumentando o consumo e reduzindo a autonomia das baterias. Entretanto, se você pretende jogar ou rodar aplicativos 3D profissionais, então elas são a única escolha.

O MXM (Mobile PCI Express Module) é um formato de placas de vídeo destinadas a notebooks, desenvolvido pela nVidia. Ele permite a criação de placas de vídeo compactas, contendo a GPU e memória dedicada, que são instaladas através de uma versão miniaturizada do slot PCI Express x16. A placa MXM não inclui o conversor DAC nem as saídas de vídeo, que são movidas para a placa-mãe do notebook:

index_html_m288313ebInstalação de uma placa de vídeo MXM

O MXM é é utilizado pelas placas da série GeForce Go, que são atualmente as opções mais poderosas de aceleradoras 3D para notebooks, oferecendo inclusive a opção de usar duas placas em SLI, como no caso do Clevo M590KE:

index_html_m68d508cDuas placas MXM em SLI, com os coolers instalados

O principal atrativo das placas MXM é a possibilidade de atualizar a placa de vídeo, assim como fazemos nos desktops. Entretanto, esta possibilidade acaba não sendo tão explorada quanto poderia ser, pois, além dos problemas relacionados à diferença de consumo elétrico entre diferentes placas, as placas MXM de alto desempenho precisam de coolers elaborados, que por questão de espaço, são personalizados para cada família de notebooks.

Para complicar, existem 4 padrões diferentes de placas MXM, o MXM-I (7.0×6.8cm, 230 pinos), MXM-II (7.3×7.8cm, 230 pinos), MXM-III (8.2x10cm, 230 pinos) e MXM-HE (8.2x10cm 232 pinos), onde as placas são construídas em um dos quatro formatos de acordo com o espaço necessário e a dissipação térmica da GPU, sendo que o formato MXM-I é usado pelas placas mais simples e o MXM-HE pelas mais parrudas.

Notebooks com slots MXM-HE podem acomodar placas dos outros padrões (com exceção de casos de incompatibilidades diversas), mas notebooks menores, equipados com slots MXM-I ficam restritos apenas a placas MXM-I. Como os próprios fabricantes produzem as placas MXM (a nVidia apenas fornece os chipsets) existem ainda casos de placas fora do padrão, que não podem ser utilizadas em outros modelos.

Com isso, você acaba ficando restrito a algumas poucas opções de placas, para as quais o sistema de refrigeração é dimensionado. Você não pode substituir diretamente uma GeForce Go 7300 em um ultraportátil por uma GeForce Go 7950 GTX, por exemplo. Um bom lugar para se informar sobre casos onde o upgrade é possível é o http://mxm-upgrade.com/.

Apesar de ter sido originalmente desenvolvido pela nVidia, o MXM é um padrão aberto, que pode ser usado por outros fabricantes. Entretanto, o MXM ainda está longe de se tornar o padrão, pois temos também o padrão da ATI, o AXIOM (Advanced Express I/O Module).

Embora também seja baseado no barramento PCI Express, o AXIOM utiliza um encaixe bem diferente (e, naturalmente, incompatível com o MXM) onde os contatos ficam na parte inferior da placa:

Embora cada um dos dois fabricantes defenda seu padrão, fabricantes independentes podem muito bem produzir placas MXM com chipsets ATI e de fato isso acontece, embora de forma esparsa. A Dell utiliza um formato proprietário em muitos de seus notebooks, similar ao AXION, mas usado tanto para placas com chipset ATI, quanto nVidia. Em alguns casos, é até mesmo possível trocar uma placa ATI por outra nVidia, ou vice-versa.

index_html_m67e43903Placa MXM com chipset ATI ao lado de uma MXM com chipset nVidia

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