Teste de consumo

Para o teste de consumo usei um kill-a-watt, um aparelhinho muito útil sobre o qual já falei em outras matérias do site. Ele é capaz de media com uma boa precisão o consumo dos equipamentos, atualizando a informação em tempo real:

Existem no mercado dispositivos destinados a medir o consumo elétrico dos aparelhos, que podem ser instalados entre o PC e a tomada para medir seu consumo. Eles podem ser encontrados em casas especializadas em materiais elétricos, ou comprados online. Um dos mais baratos é o “kill a watt”, que custa em média 35 dólares mais postagem, se comprado no exterior. Ele mostra a tensão, amperagem, consumo em watts, consumo em VA e também o consumo cumulativo em um determinado período:


600x450-index_html_m2cce7b8b.resizedEle é interessante para medir o consumo global do micro e fazer testes de consumo, analisando a redução ao reduzir o clock do processador, ativar recursos de gerenciamento de energia, verificar a economia real ao trocar a fonte ou outro componente, medir a perda causada pelo uso do nobreak e assim por diante.

Para o teste, usei um Sempron 2800+ (2.0 GHz), com um overclock leve para 2.083 GHz, equipado com uma GeForce FX 5200, dois HDs IDE, um único pente de memória (512 MB), placa de captura de vídeo, placa de som SB Live e uma segunda placa de rede. Como você pode notar, esse PC não é nenhum topo de linha, já que a idéia é verificar o percentual de economia em um PC “normal”, como os usados pela maioria de nós.

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O consumo real deste PC fica em em torno de 70 watts quando ocioso e sobe para cerca de 125 watts em full-load. Entretanto, o consumo real é sempre bem maior, pois inclui o percentual de energia desperdiçada pela fonte.

Para o teste, escolhi três fontes genéricas, que serão comparadas com a VX450W. Obviamente, é esperado que a VX se saia melhor, a idéia é medir a diferença e a partir daí calcular se a economia de consumo é suficiente para compensar o gasto adicional na fonte.

A medição do sistema ocioso é feita após o termino do boot, depois que o consumo do micro se estabilizou no ponto mais baixo e a medição do consumo em full load é feito executando um script que escrevi, que simula carga sobre a placa de vídeo (usando o glxgears), sobre o processador (usando um cálculo de SuperPI) e realizando simultaneamente transferências a partir dos dois HDs. Caso esteja curioso, o conteúdo do script é o seguinte:

#!/bin/sh
glxgears &
xterm -e ‘time echo “scale=20000; 4*a(1)” | bc -l’ &
xterm -e dd if=/dev/hda of=/dev/null &
xterm -e dd if=/dev/hdb of=/dev/null &
read pausa

A primeira é uma fonte da Clone, de “400 watts”. Segundo as especificações, ela é capaz de fornecer 180 watts na saída de 12V (15 amperes) e mais 180 watts nas saídas de 3.3V e 5V somadas. A Clone simplesmente utilizou a velha técnica de somar as capacidades das três saídas e arredondar para cima para transformar uma fonte de 250 watts em uma fonte de 400.

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O consumo com o sistema ocioso oscilou entre 105 e 106 watts e ficou entre 180 e 182 com ele em full-load. Como disse, o consumo real do micro é de cerca de 75 watts quando ocioso e cerca de 125 watts quando em full-load. O resto é energia desperdiçada pela fonte, sobretudo na forma de calor.

Com o sistema ocioso:

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Em full-load:

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A segunda é uma Leadership Gamer de “600 watts”. A qualidade dela é um pouco melhor que a das fontes genéricas, mas ela é também mais cara, o que equilibra as coisas. Na verdade ela é uma fonte genérica, made in China, que utiliza um exaustor de 120 mm e uma pintura metalizada para oferecer uma aparência mais parecida com a das fontes de boa qualidade, muito embora não possa ser enquadrada nessa categoria.

As especificações dizem que a fonte é capaz de fornecer 440 watts (37 amperes) na saída de 12V e mais 290 watts nas saídas de 3.3V e 5V combinados. A promessa de 440 watts na saída de 12V me soa especialmente estranha.

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A fonte da Leadership se saiu um pouco melhor, mantendo o consumo em 95 a 96 watts com o sistema ocioso e entre 166 e 167 watts em full-load, o que acabou deixando-a como um meio-termo.

Sistema ocioso:

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Em full-load:

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Em terceiro temos uma fonte da Wise Case, que veio de brinde em um gabinete da marca. As especificações da fonte são confusas, pois em um campo dizem que a fonte oferece 6 amperes na saída de 12V (o que corresponderia a apenas 72 watts, obviamente incorreto) e em outro campo dizem que a fonte oferece 150 watts na saída de 12V. Isso me leva a crer que o “450” é apenas referência ao modelo e não tem nada a ver com a capacidade real da fonte, que está provavelmente na faixa dos 200 a 250 watts.

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No teste de consumo, a fonte da Wise se saiu um pouco melhor que a da Clone com o sistema ocioso, mantendo o consumo total entre 103 e 104 watts (contra os 105/106 da Clone), mas ela acabou se revelando menos eficiente com o sistema em full-load, ficando entre 186 e 188 watts. No final ela acaba sendo a mais ineficiente das três.

Sistema ocioso:

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Em full-load:

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A Corsair VX450W oferece 33 amperes na saída de 12V (396 watts) e 130 watts nas saídas de 3.3V e 5V combinadas. O limite de 130 watts nas saídas de 3.3V e 5V pode parecer uma limitação. mas estes valores são adequados para um PC atual, pois todos os componentes “gastadores”, incluindo o processador, as placas 3D e os HDs puxam energia da saída de 12V, deixando as saídas de 3.3V e 5V com pouca carga. Os “450 watts” são baseados na idéia de que o PC poderia consumir 396 watts na saída de 12V e mais 54 watts nas demais saídas, o que é uma proporção próxima do que temos na prática.

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Com o sistema ocioso ela manteve o consumo entre 83 e 84 watts, que acaba representando uma economia de quase 20% em relação aos 103/104 watts da fonte da wise.

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Em full load o consumo total ficou entre 147 e 148 watts, o que dá uma economia de 21% em relação à wise:

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Tomando como base o consumo do sistema em full-load, teríamos um total de 1.638 kilowatts por ano usando a fonte da Wise e 1.292 kilowatts usando a Corsair, uma diferença de 346 kilowatts por ano.

O custo da eletricidade varia de acordo com o estado, de acordo com a carga tributária, mas tomando por base os R$ 0.41 por watt da minha última conta de luz, teríamos uma economia anual de R$ 142 ao usar a fonte da Corsair, o que cobriria a diferença de custo da fonte em dois anos.

Se tomarmos como base o consumo do PC quando ocioso, os consumo anual da wise cai para 906 kilowatts e o da Corsair cai para 731 kilowatts. Nesse caso, a economia seria de apenas 175 kilowatts anuais e a fonte demoraria quase 4 anos para se pagar. Não deixaria de ser um bom negócio, considerando que a durabilidade da fonte da Corsair é muito maior (só de tempo de garantia temos 5 anos), o que permitiria que a fonte continuasse sendo utilizada mesmo depois de alguns upgrades.

Como pode ver, a redução no consumo (em valores absolutos) é maior no caso de PCs mais parrudos, que consomem mais energia e, principalmente, no caso de PCs que ficam continuamente ligados. Quanto maior é o consumo do seu PC, sobretudo ao usar uma placa 3D topo de linha, maior é a vantagem financeira de usar uma fonte de maior eficiência.

Usar uma fonte de melhor qualidade é sempre recomendável do ponto de vista da saúde do equipamento, principalmente se considerarmos a péssima qualidade da rede elétrica na maioria das cidades brasileiras. Uma fonte de boa qualidade oferece uma proteção muito maior do que um estabilizador de 50 reais (cuja utilidade real é discutível). Como viu, existe também uma diferença de eficiência que deve ser levada em conta, já que pode resultar em uma economia considerável na conta de luz.

No caso de PCs que ficam continuamente ligados, usar uma conte que trabalha com 80% ou mais de eficiência, como no caso deste modelo da Corsair, acaba saindo mais barato a longo prazo do que usar uma fonte genérica. No futuro o custo da eletricidade tende a subir, fazendo com que a diferença passe a ser cada vez maior.

As principais dicas na hora de comprar é que se limite aos fabricantes de boa reputação, como a Corsair, Antec, Cooler Master, Enermax, Huntkey, OCZ, SevenTeam, Silverstone, Thermaltake e Zalman, deixando de lado fabricantes como a Clone, Wise Case, Vcom, Halion e Leadership, que são especializados em fontes baratas e de baixa qualidade. A checar as especificações, procure pela eficiência mínima (com 100% de carga), que nunca deve ser inferior a 70% (o ideal é que seja de 80% ou mais) e veja se existe alguma especificação de eficiência ideal, que é atingida quando a fonte trabalha com menos carga. Neste exemplo (de uma fonte de baixo custo da Huntkey) a especificação fala em 85% de eficiência, mas a seguir fala em 70% de eficiência mínima em full-load, o que indica que a eficiência em situações reais de uso fica entre os dois extremos, de acordo com o percentual de carga:

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Se não conseguir encontrar as especificações da fonte, ou se elas não falarem nada a respeito da eficiência, não compre, pois provavelmente se trata de uma fonte de baixa qualidade. Outra coisa que é importante enfatizar é que não existem boas fontes (e nem mesmo fontes medianas) abaixo da faixa dos 100 reais. A maioria das boas fontes custa a partir de 200 ou 250 reais, com alguns modelos medianos custando a partir de 150. Fontes baratas (as famosas fontes de 50 reais) e as fontes que vem de brinde junto com os gabinetes são sempre modelos de baixa qualidade (e baixa eficiência), que além de representarem um risco para o equipamento, acabam custando mais caro a longo prazo, devido ao maior consumo elétrico.

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